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Bueno: pedido de explicações | Hugo Harada/ Gazeta do Povo
Bueno: pedido de explicações| Foto: Hugo Harada/ Gazeta do Povo

Pressão sobre cidades-sede

PPS quer que dirigentes da Fifa se expliquem

O PPS informou ontem que o presidente nacional do partido, deputado Roberto Freire (SP), e o líder da bancada na Câmara, Rubens Bueno (PR), apresentaram requerimento convidando os dirigentes de marketing da Fifa, Jay Neuhaus e Thierry Weil, e o consultor do Comitê Organizador Local (COL) da Copa, Carlos de la Corte, a prestar esclarecimentos na Comissão de Turismo e Desporto da Câmara. Os deputados do PPS querem que eles esclareçam a informação do jornal Folha de S.Paulo de que os três estariam pressionando as cidades-sede a "cooperar" nas licitações dos estádios e a contratar patrocinadoras da entidade.

O jornal ouviu representantes dos governos estaduais e conseguiu cópias de documentos, e-mails e apresentações de PowerPoint que comprovariam a atuação do departamento de marketing da Fifa e do COL em favor de três empresas: a ADM, que confecciona brindes; a Yingli, de fornecimento de energia; e a Liberty Seguradora.

Ao mesmo tempo em que o Congresso discute a flexibilização das regras de licitação para a Copa e a Olimpíada, os gastos com os estádios do Mundial aumentam e surgem in­­dícios de superfaturamento. Um relatório técnico do Tribunal de Contas de Minas Gerais apontou irregularidades, inclusive sobrepreço de R$ 982,3 mil, nas obras de reforma do Mineirão, em Belo Horizonte. Fo­­­ram avaliados R$ 29,3 milhões de despesas já executadas no estádio.

Já o governo do Rio de Janeiro comunicou anteontem que conseguiu reduzir em 2,6% o valor das obras de reforma do Maracanã para a Copa de 2014. Agora, o estádo custará R$ 931,8 milhões, contra os R$ 956,7 milhões previstos anteriormente. Apesar disso, inicialmente, previa-se que a obra custaria R$ 600 milhões.

Fifa comemora

Duas semanas depois de o presidente da Fifa, Joseph Blatter, de­­fender maior transparência no futebol como prioridade de seu novo mandato à frente da entidade, a aprovação do texto básico do Regime Diferenciado de Con­tratações (RDC) na Câmara dos Deputados, na última quarta-fei­ra, foi festejada por cartolas da federação, em Zurique, na Suíça, onde fica a sede da Fifa.

A entidade máxima do futebol vinha pressionando o governo brasileiro e a CBF por maior rapidez nas obras da Copa de 2014. Dirigentes da Fifa admitiram à reportagem que a exigência era por uma fórmula que acelerasse a construção de estádios e infraestrutura. O texto básico a­­pro­­­vado em Brasília era exatamente o que o órgão pretendia.

Porém, diante da notícia que praticamente não existirá controle sobre os gastos, a Fifa evitou críticas. Num comunicado, a Fifa evitou criticar o RDC e suas implicações. "Entenda que a Fifa não está em posição para comentar a decisão tomada pelas autoridades brasileiras. A Fifa respeita a soberania de cada país", diz um trecho do comunidade.

A federação recorreu à mesma justificativa dada frequentemente pelo COI ao ser indagada sobre até onde não influiria na soberania das sedes de seus eventos – uma das exigências da Fifa para a Copa do Mundo ser realizada no Brasil é a isenção de uma série de tributos, apro­­­vada por uma comissão da Câmara na última quarta-feira, junto com o RDC.

"As exigências com relação às garantias financeiras foram feitas ainda durante a etapa de candidatura, e aceitas pelo país candidato [Brasil] na ocasião", disse a Fifa. "Quando o processo de can­­­didatura começou, a Fifa pe­­diu garantias governamentais que são similares aos demais eventos esportivos no mundo. Essas garantias são documentos legais que governam e ratificam as garantias logísticas, operacional e de infraestrutura dado por um governo de um país que sedia o evento. Eles são procedimentos padrões e essenciais na organização de qualquer competição do tamanho da Copa", finalizou.

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