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Estádio: Se em 1950 ampliar em 10 mil lugares as arquibancadas da Vila Capanema bastaram para receber dois jogos do Mundial (as acomodações de madeira pagas pelo governo estadual foram mais que suficientes), para o “padrão-Fifa” de 2014 as reformas de ampliação da Arena chegaram a R$ 330 milhões, com desapropriações de casas dos arredores do estádio e exigências minuciosas, como cadeiras com especificações de largura, altura e comprimento | Acervo Cid Destefani
Estádio: Se em 1950 ampliar em 10 mil lugares as arquibancadas da Vila Capanema bastaram para receber dois jogos do Mundial (as acomodações de madeira pagas pelo governo estadual foram mais que suficientes), para o “padrão-Fifa” de 2014 as reformas de ampliação da Arena chegaram a R$ 330 milhões, com desapropriações de casas dos arredores do estádio e exigências minuciosas, como cadeiras com especificações de largura, altura e comprimento| Foto: Acervo Cid Destefani
  • Primeiro jogo: O destaque da partida dado pela Gazeta do Povo em 25 de junho de 1950 era pelo ineditismo de o estado receber uma partida de Copa do Mundo. Em uma época em que a edição de domingo do jornal tinha 16 páginas, o confronto entre Estados Unidos x Espanha ocupou uma página inteira, com informações sobre segurança, alerta sobre a não venda de meio-ingresso, fotos dos destaques das duas seleções
  • Entorno: O entorno do Durival Britto e Silva foi a região mais contemplada. Em 1950, a área marcava praticamente um dos limites da cidade, com sua vila ferroviária. Já para a Copa 2014, Curitiba recebeu R$ 418,5 milhões para obras, entre elas, a reforma da rodoferroviária, a construção do viaduto estaiado, a pavimentação de calçadas e ruas nas rotas dos aeroportos até a região central
  • Público: Em 1950, os valores das entradas foram definidos na semana da partida e vendidos até o início do jogo, com pagamento em dinheiro vivo na bilheteria, custando entre Cr$ 20 (R$ 24,05) e Cr$ 120 (R$ 144,30). Em tempos de internet, o torcedor do século 21 teve de comprar os ingressos para o Mundial com antecedência e concorre com o mundo todo pela entrada. Pagou entre R$ 60 e R$ 350 e recebeu o ticket numerado e personalizado com seu nome

"O sensacional choque entre EUA e Espanha polariza as atenções do público desportivo de todo o sul do Brasil – um acontecimento inédito e vulgar, que deve se constituir na mais brilhante página da história de nosso esporte".

Assim anunciava a Gazeta do Povo de 25 de junho de 1950, o dia do primeiro jogo de Copa do Mundo realizado em Curitiba.

Hoje, 64 anos depois, a partida entre Irã e Nigéria, pelo Grupo F da Copa-2014, está longe de ser considerado "o mais sensacional" dos jogos a se realizar nos gramados sulistas, apesar de envolver números muito mais impressionantes do que aquela partida que terminou em 1 a 0 para a Fúria (atual La Roja).

A começar pelos preparativos. A escolha de Curitiba como uma das seis sedes de jogos do Mundial de 1950 aconteceu porque a cidade tinha o segundo maior estádio privado do país à época. A Vila Capanema, inaugurada três anos antes e propriedade do Clube Atlético Ferroviário, ficava atrás somente de São Januário, do Vasco.

Ainda assim, para receber jogos da Copa, seria preciso ampliar sua capacidade e, para isso, foram construídas arquibancadas de madeira, onde hoje está a Curva Norte.

Se em 2014, a Arena correu o risco de ficar de fora dos 12 estádios que vão receber jogos da Copa pelo atraso nas obras de reforma, há 64 anos, considerava-se que "vão bem adiantados os trabalhos de ampliação das gerais do colosso da Vila Capanema", como narrou este jornal faltando apenas cinco dias da primeira partida.

Os custos foram pagos pelo governo estadual, então sob o comando de Moisés Lupion, que investiu 1,2 milhão de cruzeiros (R$ 1,4 milhão, na atualização feita pelo site da Fundação de Economia e Estatística) em obras de infraestrutura para a Copa.

Foram feitos alguns ajustes em vias da cidade e arredores do estádio. "A cidade não recebeu nenhum tipo de obra, como aconteceu agora. Curitiba não era ligada por asfalto a nenhuma capital e se chegava aqui principalmente de trem ou pelo aeroporto Afonso Pena [inaugurado quatro anos antes]", destaca o ex-presidente do Paraná e autor do livro Quando o Futebol An­dava de Trem, sobre a história do Ferro­viário, Ernani Buchmann.

O grande objetivo municipal era superar a maior renda já arrecadada em uma partida de futebol no estado, de 317 mil cruzeiros. Chegou-se a 398.198 mil no duelo entre americanos e espanhóis.

O porém é que o governo estadual teria dado à Confederação Brasileira de Desporto (CBD) a garantia de arrecadar 1 milhão de cruzeiros (o equivalente a R$ 1,6 milhão). Nos dois jogos (o segundo foi o empate por 2 a 2 entre Paraguai e Suécia, em 29 de junho de 1950), somaram-se 672.180 cruzeiros para um público total de 17.414 pessoas. A gestão de Lupion desembolsou a diferença: 327.820 cruzeiros, que corresponde hoje a R$ 381 mil.

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