Passeio alemão

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Da tribuna de honra da Fonte Nova, a chanceler Angela Merkel bateu palminhas quatro vezes na tarde de ontem. Ao lado do governador da Bahia Jaques Wagner (PT), a líder alemã viu a seleção de seu país golear Portugal por 4 a 0, pela abertura do Grupo G, em Salvador. O atacante Thomas Müller, do Bayern de Munique, fez três gols e se tornou o artilheiro do Mundial. Hummels completou o emblemático marcador, facilitado pela infantil expulsão do zagueiro luso-brasileiro Pepe, ainda no primeiro tempo.

"Eu tive enorme felicidade nesta partida, pois nunca se sabe o que pode acontecer. Não imaginava que conseguiria marcar três gols contra Portugal", afirmou o artilheiro da tarde, consciente de que será muito difícil repetir a dose na segunda partida da Alemanha no torneio, contra Gana, sábado, em Fortaleza. "Eu não acho que vou marcar três gols em todos os jogos. Mas com toda certeza eu vou tentar."

O excelente nível técnico apresentado não será motivo para que os alemães entrem no clima de "já ganhou". Sem negar que a equipe está no grupo das principais candidatas ao título, os jogadores evitam um discurso muito eufórico e lembram que a grande vitória de ontem foi apenas o primeiro jogo na competição.

"Não pensamos tão longe, teríamos seis jogos para chegar lá [na final] e estamos concentrados para a próxima partida contra Gana. Primeiro, precisamos superar esses obstáculos e passar da fase de grupos para, aí sim, pensarmos em outras coisas", afirmou o atacante Schürrle.

A maior estrela da partida esteve apagada. O atacante português Cristiano Ronaldo, eleito melhor do mundo pela Fifa na última temporada, pouco fez na partida: chutou quase sempre sem perigo, cobrou duas faltas de forma risível e não lembrou nem de longe o craque das arrancadas fulminantes do Real Madrid. No segundo tempo, passou a ser vaiado quando tocava na bola.

Aos 40 minutos da etapa final, quando a Alemanha já definira o placar, protagonizou um lance constrangedor: numa falta da intermediária, os adversários colocaram um único homem na barreira. Mas o "menino d’ouro" português chutou justamente em cima do rival solitário. Nos acréscimos, o atacante teve seu único lampejo, cobrando, aí sim, uma falta com estilo, mas o goleiro alemão Neuer defendeu. Até por isso, desviou a imprensa após o apito final, acompanhado por Pepe, o antagonista do duelo.

Foi a maior derrota de Portugal em Copas do Mundo, o que transformou a saída dos jogadores de Portugal, após o jogo na Fonte Nova, em um verdadeiro velório. Quem falou foi Fábio Coentrão, que saiu com uma lesão muscular na coxa direita e corre o risco de ser cortado da Copa. Os médicos portugueses não quiseram falar sobre o assunto e disseram que irão esperar o resultado dos exames para avaliar se o lateral do Real Madrid terá ou não condições de seguir na competição.

"Vamos fazer o exame para saber o que foi, pode ser que não seja nada grave, mas, para mim, parece que foi grave. Foi um dos piores dias da minha vida, estou muito triste. Eu me machuquei, o Hugo [Almeida] também, o Pepe foi expulso. Nada deu certo", lamentou.