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Melhor jogador do Brasil em campo, o capitão Thiago Silva foi para o ataque e, no fim, quase marcou o gol da vitória | Albari Rosa
Melhor jogador do Brasil em campo, o capitão Thiago Silva foi para o ataque e, no fim, quase marcou o gol da vitória| Foto: Albari Rosa

Personagem

Reserva incomoda Hulk e Scolari insinua ‘insegurança’

Hulk não estava bem. Pelo menos ao enfrentar uma bateria de repórteres ontem, após o empate do Brasil com o México, o jogador mostrava desconforto. Não muscular, fato que o tirou do duelo; com toda a situação que o colocou na reserva. "Estou bem, fiz exame e até dava para jogar hoje [ontem]. Foi opção do treinador, temos de aceitar", repetiu, se irritando com as perguntas. "Pela milésima vez, estou bem. Quero jogar sempre, mas tenho de respeitar a decisão do treinador", exasperou-se.

De acordo com o médico da seleção, José Luiz Runco, Hulk estava apto a jogar mesmo sem participar dos últimos treinos por causa de dores na coxa esquerda. Ramires foi titular. "É uma questão técnica que a gente não se envolve", falou.

Nada paciente, Scolari tentou encerrar o caso sem delongas. "Ele tinha condições de jogar, mas eu optei pelo Ramires. O Hulk não jogou porque jogador quando sente dor fica impressionado. Os exames não apontaram nada sério e ele tem chance de voltar contra Camarões", resumiu.

O Brasil desenhou um mundo perfeito para ontem, em Fortaleza. Aliança com a torcida renovada por uma nova versão do hino, vitória e classificação antecipada para as oitavas de final. Faltou combinar com os mexicanos. E o time de Luiz Felipe Scolari acabou saindo do Castelão constrangido por um empate por 0 a 0, após ver a minoria adversária engolir o "muito orgulho e muito amor" brasileiro na arquibancada. A vaga, agora, depende da última rodada, um possível confronto direto contra Camarões, em Brasília.

O roteiro imaginado pela seleção começou a ruir antes mesmo de a bola rolar. O apelo de David Luiz e Thiago Silva para que a torcida cantasse o Hino Nacional abraçada, como os jogadores, foi apenas parcialmente atendido. O público parecia mais interessado em registrar com os celulares o momento do que em interagir com o time. Um comportamento turístico que ficou mais evidente quando a bola começou a rolar e os quase 10 mil mexicanos cantavam como se fossem 100 mil.

"Tinha bastante mexicano e isso deu motivação para eles, mas nossa torcida também apoiou", disse Oscar, sem muita convicção da última frase.

Sem a voltagem extra das arquibancadas, o Brasil novamente não conseguiu impor a pressão inicial que aniquilou oponentes na Copa das Confederações. O México tratou de fazer sua parte. Manteve a seleção longe da sua área com duas linhas de marcação bem próximas e, quando necessário, alguns pontapés nas canelas de Neymar ou quem tentasse furar o bloqueio.

Sem a torcida e sem a pressão inicial, o Brasil também teve um Neymar pouco inspirado. Centralizado durante o primeiro tempo todo, foi cercado facilmente pelos mexicanos. Teve duas ótimas chances de gol, mas parou em Ochoa, o melhor do jogo. Faltou-lhe parceria, como sempre parecia faltar algo à seleção.

Ramires deu mais consistência ao meio­campo, mas faltava a potência de Hulk no ataque. Bernard entrou e passou a se mexer mais com Neymar, quando Oscar não tinha mais fôlego para trocar de posição com os companheiros. Fred mal pegou na bola, contudo seu suplente foi Jô, apesar de Willian ser o reserva com mais condições de mudar um jogo. Mas Felipão só o coloca em campo a sete minutos do fim.

"Estou feliz com o que vi, até porque temos mania de achar que os outros não jogam nada. O México não teve as mesmas oportunidades, mas a mesma posse de bola, quase os mesmos chutes. Não ficou lá atrás, sabe jogar", analisou Felipão sobre o primeiro 0 a 0 da seleção sob seu comando em 24 jogos oficiais.

Ontem, o Brasil finalizou 14 vezes, contra 13 dos mexicanos. Na posse de bola, vantagem do time nacional: 53% x 47%.

Agora, a seleção espera pelo resultado de Camarões x Croácia, hoje, para saber o tamanho da sua missão contra os africanos. O melhor cenário é vitória croata, para que a seleção pegue um adversário eliminado segunda-feira, em Brasília, e o México tenha um mata-mata antecipado contra os europeus.

"Vamos ver a forma que a gente vai enfrentar Ca­­ma­­rões. Se perde, não pode se classificar. Não sei é melhor pegar com ou sem responsabilidade. A escola africana é sempre muito surpreendente", disse David Luiz, certo de que mundos perfeitos não existem em uma Copa.

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