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Manifestantes brincam com Felipão e a seleção | Hugo Harada, enviado especial/ Gazeta do Povo
Manifestantes brincam com Felipão e a seleção| Foto: Hugo Harada, enviado especial/ Gazeta do Povo
  • Professores pedem melhores salários
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A Copa do Mundo de 2014 teve, ontem, seu primeiro dia de palanque eleitoral. Pro­­testos de professores engrossados por partidos políticos marcaram o início e o fim da viagem da seleção brasileira do Rio de Janeiro a Teresópolis. Ronaldo, membro do Comitê Organizador Local (COL), anunciou apoio ao tucano Aécio Neves na eleição presidencial, após se dizer envergonhado com as obras de mobilidade conduzidas pelo governo federal.

Cerca de 300 educadores das redes estadual e municipal do Rio foram para a frente do hotel em que a seleção se reuniu, no Rio de Janeiro. Em meio a gritos de "Não vai ter Copa", o grupo, em greve desde 12 de maio, fez críticas ao governador fluminense, Sérgio Cabral (PMDB). Primeiro, por uma intervenção da Polícia Militar que barrou vans que levariam os manifestantes de Madureira, subúrbio carioca, até o hotel. Depois, pela política salarial aplicada aos profissionais de educação.

Observada pela polícia, a mobilização atrasou em meia hora a saída do ônibus, prevista para as 10 horas. A delegação deixou o hotel sob vaias e vários professores aproveitaram para colar na lataria do veículo adesivos com a frase "Greve da educação já".

Após uma hora e meia de viagem até Teresópolis, os jogadores foram recebidos por um grupo bem menos numeroso, a cerca de 500 metros da Granja Comary. Eram aproximadamente 50 manifestantes, alguns com bandeiras de partidos políticos: PCdoB, PSTU e PSol.

"Foi coisa orquestrada por partido político. Chegaram dois ônibus, todo mundo desceu e fez a manifestação. Não foi algo espontâneo", desqualificou o diretor de comunicação da CBF, Rodrigo Paiva. "Cada um interpreta da maneira que lhe interessar. Teve um contratempo lá no início da viagem, com 200 pessoas no máximo, e só", reforçou o coordenador técnico Carlos Alberto Parreira. "Não respinga nada na seleção. Os jogadores não estão nem aí para isso. Vão ali para jogar bola", disse Luiz Felipe Scolari, em entrevista à Rede Globo.

O discurso também foi afinado ao valorizar o apoio recebido no trajeto. O carinho dos torcedores nas calçadas e beira de estrada mexeu com os jogadores. Tudo foi registrado em vídeo e reforçará a munição motivacional de Felipão. "A seleção é um patrimônio cultural e histórico do povo. Ninguém está contra", disse Parreira.

Blindar a seleção de influência política é uma das principais preocupações da comissão técnica. Contribuiu para Felipão decidir voltar a Teresópolis entre um jogo e outro. No anúncio dos convocados o treinador já havia pedido bom senso aos políticos durante a Copa. Apelo reforçado ontem por Parreira, que lembrou o clima de já-ganhou e o assédio político às vésperas da final de 50, em que o Brasil perdeu em ca­­sa para o Uruguai.

Pedidos que parecem não ter comovido Ronaldo. Membro do Comitê Organiza­­dor Local, ele havia dito no sábado que estava envergonhado com o legado da Copa. Crítica respondida pela presidente Dilma Rousseff, que disse não haver motivo para o país se envergonhar ou sofrer de complexo de vira-lata. Ontem, entrevista publicada pelo jornal Valor trouxe uma declaração de apoio de Ronaldo a Aécio Neves, candidato do PSDB à Presidência.

"Sou amigo do Aécio. Ele foi o único cara que eu apoiei publicamente. Sempre tivemos uma forte amizade e agora vou apoiá-lo. É meu amigo, confio nele e acho que é uma ótima opção para mudar o país", afirmou o ex-jogador, consolidando a conexão entre a Copa e o 5 de outubro.

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