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O goleiro Cillessen, que nunca pegou um pênalti na carreira, se lamenta no gramado enquanto os argentinos comemoram | Dylan Martinez/ Reuters
O goleiro Cillessen, que nunca pegou um pênalti na carreira, se lamenta no gramado enquanto os argentinos comemoram| Foto: Dylan Martinez/ Reuters

Argentinos e brasileiros travam duelo na arquibancada

Brasil e Argentina não se encontrarão nesta Copa. Mas um dos grandes duelos do Mun­­dial seguiu ontem entre as torcidas. Equilibrado, como a partida do time de Messi contra a Holanda de Robben. Tão competitiva que nenhum dos craques brilhou e ficou para o goleiro Romero deci­dir tudo nas cobranças de pênaltis: argentinos fazendo festa no Itaquerão, dentro e fora de campo, enquanto brasileiros deixavam o estádio incrédulos.

Na arquibancada, o confronto envolvia cânticos tradicionais das duas torcidas: "Mil gols, mil gols, mil gols... Só Pelé, só Pelé...", coro que exalta o Rei do Futebol e cutuca o problema de Maradona com drogas, contra "Brasil, decime qué se siente..." (Brasil, me diz o que sente...), sobre a vitória argentina na Copa de 1990. Desta vez, porém, a lembrança dos mil gols não vinha de torcedores vestindo amarelo. Apenas alguns mantiveram a camisa brasileira. A maioria preferiu se camuflar ou adotar o laranja holandês.

Reflexo de só os argentinos ainda contarem com a própria seleção para torcer. E ainda terão, até domingo, na decisão do Maracanã. Mesmo local onde a peregrinação começou, antes de passar por Belo Horizonte, da impressionante invasão a Porto Alegre, da primeira vez em São Paulo e do jogo anterior, em Brasília.

"Agradeço muito a todos os torcedores que nos seguiram pelo Brasil. Sorte que não tivemos de ir mais para o Norte, por causa do calor e da distância. Lá teríamos menos apoio", reconheceu o técnico Alejandro Sabella, sobre os benefícios na tabela. No momento em que ele concedia a entrevista, dezenas de hinchas ainda faziam a festa em um pedaço da arquibancada do Itaquerão e mais milhares nos arredores.

O treinador lembrou também dos milhões que ficaram no país. "Não estou na Argentina, mas imagino a alegria do povo", ressaltou. "Não pensamos em parabenizar os adversários [como fizeram os alemães] porque faz tanto tempo que a Argentina não chega à final que os jogadores queriam comemorar. Fomos todos simplesmente desafogar essa alegria", declarou Romero, herói da noite.

O acerto de contas está marcado. Será neste domingo, às 16 horas, no Maracanã, quando a bola rolar para Alemanha e Argentina na final da Copa do Mundo. O duelo, que vale a "negra" do encontro e vai coroar um novo tri ou mais um tetracampeão, só será possível porque os hermanos passaram ontem pela forte Holanda na semifinal.

INFOGRÁFICO: Veja como foi o duelo

Após um movimentado 0 a 0 no tempo normal e na prorrogação, o time liderado por Lionel Messi bateu os europeus nos pênaltis por 4 a 2 – brilhou a estrela do goleiro Romero, contestado durante todo o período de preparação para o Mundial, que defendeu as cobranças de Vlaar e Sneijder.

Os argentinos venceram a primeira disputa, em 1986, no México, e levantaram sua segunda taça pelas mãos de Maradona. Os alemães do capitão Matthäus devolveram a derrota quatro anos depois, na Itália. Invictos nesta Copa, as seleções terão seu terceiro encontro no Rio de Janeiro.

Messi ou Lahm. Só um deles entrará para a história como o capitão que ergueu a Taça Fifa na segunda Copa no Brasil. "Vamos fazer o nosso melhor", garantiu o técnico Alejandro Sabella. "[Ontem] não nos entregamos em momento algum. A Argentina merecia essa vitória", emendou, sem tirar a seriedade da expressão mesmo após uma tensa disputa de pênaltis que calhou com o aniversário de 198 anos da independência argentina.

Se os germânicos demoraram 12 anos para voltar aos holofotes, a espera portenha foi dobrada. Foram 24 anos de agonia sem nem sequer chegar à semifinal. Barreira quebrada justamente no Brasil. Ontem, a vitória nos pênaltis garantida pelo goleiro Romero deixou a Albiceleste a um passo de fazer a festa do quintal dos maiores rivais.

Apesar do massacre sobre os anfitriões, a Alemanha deve contar com o apoio dos brasileiros no Maracanã. O ótimo futebol demonstrado até agora, porém, não assusta a Argentina. Somente inspi­ra. "Temos admiração pela Alemanha. É um país que demonstrou durante toda sua história um grande poderio físico, tático e mental. É um país de primeiro mundo, que sabe o que é trabalho e organização. Vai ser um duelo absolutamente difícil", comentou Sabella, que só dirigiu um clube na carreira, o Estudiantes de La Plata.

O volante Mascherano, forjado pelo River Plate e com passagem pelo Corinthians, demonstra o mesmo respeito pelos tricampeões, que levam vantagem de 3 a 1 em confrontos oficiais – também houve três empates. E, a poucos dias da final, pede concentração absoluta para os compa­nheiros. O auge está logo ali, assim como o fundo do poço, prega.

"No domingo teremos a partida mais importante de nossas carreiras. Agora temos de desfrutar do momento, tivemos um longo caminho para chegar até aqui, com muitas dificuldades. Estamos felizes, mas temos responsabilidade. A Argentina segue confiando em nós. Oxalá vamos levar esse título para casa", falou.

"É uma seleção muito dura. Neste momento quero saborear a vitória e a partir de amanhã [hoje] vamos nos concentrar e pensar na final. Temos de aproveitar porque há muito não chegávamos", completou o atacante Lavezzi.

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