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Dono de bar, Christopher não vê a hora de o Mundial acabar: estabelecimento vai lucrar mesmo é nos jogos do Atlético | Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
Dono de bar, Christopher não vê a hora de o Mundial acabar: estabelecimento vai lucrar mesmo é nos jogos do Atlético| Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo

Marketing

As grandes marcas e multinacionais aproveitam o Mundial para aumentar suas ações de marketing. Elas usam símbolos e locais de grandes concentração para estampar seus logotipos. Os aeroportos, portas de entrada dos estrangeiros no Brasil, são alvos frequentes das empresas. Em Brasília, a Caixa, patrocinadora de maior parte dos grandes clubes do país, redecorou o saguão de entrada do Aeroporto Juscelino Kubitchek com uma pintura do artista urbano Kobra. No Afonso Pena, em São José dos Pinhais, o Boticário investiu em uma nova cara para o corredor de chegada dos viajantes, abusando do verde e amarelo.

Comércio

No entorno da Arena, Copa é ruim para uns, mas bom para outros

Os 32 dias de competição – sendo 11 deles em Curitiba – podem não ser tão bons quanto os comerciantes dos arredores da Arena da Baixada imaginavam. A restrição de circulação na região do jogo e a expectativa de um público diferente do frequentador assíduo do estádio devem esfriar os negócios do entorno.

Christopher Velloso, proprietário do Bar do Alemão, que fica na frente do estádio, do outro lado da Rua Brasílio Itiberê, aguarda com mais ansiedade o retorno do Atlético ao seu campo do que as partidas da Copa. "Nos dias dos quatro jogos, o movimento provavelmente não será dos melhores. Os torcedores poderão consumir bebida alcoólica durante o jogo e a circulação estará restrita", afirma.

"Já com o Atlético, os negócios devem melhorar. A capacidade da Arena aumentou e o torcedor atleticano já está acostumado a vir aqui e visitar o bar", explica Velloso. Nos dias de jogos do clube, o bar costumava faturar 50% a mais do que em dias normais.

Banca de doces

Para Daniel Barbosa Silva, dono de uma banca de revistas da Praça Afonso Botelho, será difícil que as semanas de Copa sejam melhores do que as da fase de obras do estádio. Com um batalhão de operários trabalhando a todo gás, a banca se tornou a fornecedora extra-oficial de lanches, biscoitos e refrigerantes para os trabalhadores. As prateleiras que estavam recheadas de revistas e jornais deram lugar a alimentos e doces. "Minha vida mudou da água para o vinho. Não dá nem para comparar o aumento do movimento", afirma Silva. Depois do torneio, ele pretende inaugurar uma banca mais espaçosa.

Apesar de o impacto macroeconômico da Copa do Mundo no Brasil ter sido superestimado pelo governo, empresários locais encontraram no evento oportunidades para expansão e diversificação dos negócios. Além de lucros maiores no curto prazo, eles comemoram o famoso legado do Mundial nos seus empreendimentos, com capacitação de funcionários e abertura de novos mercados. Operadores turísticos, bares e artesãos estão entre alguns dos vencedores da competição, mesmo antes de ela começar.

INFOGRÁFICO: Veja dados sobre as reservas em hotéis para a Copa

Um dos empreendedores foi o engenheiro Oswaldo Soares. Fornecedor de peças de concreto, como blocos para meio-fio, ele viu nas obras de mobilidade urbana da Copa uma chance de incrementar sua renda. "Desde 2012, fechei quatro contratos que triplicaram o faturamento da minha empresa. Hoje tenho 50% mais funcionários e um mix de produtos muito maior", comemora.

A conquista de operações vantajosas também parte da visão de empreendedores que aproveitaram o evento para atrair clientes incomuns. O diretor comercial da operadora de turismo BWT, Adonai Arruda Filho, afirma que apostou nos clientes mais improváveis para expandir a atuação da empresa. "Consegui vários clientes na Colômbia e na Bolívia, país que sequer se classificou para a Copa do Mundo. Além de incrementar as vendas durante o torneio, abri mercado para o futuro", conta.

Arruda lembra que fechou os negócios ao visitar os países em eventos para promover a competição no Brasil e que a sua empresa era a única operadora turística no local – por outro lado, em uma feira na Alemanha, mais de 60 operadores brasileiros disputavam os clientes locais. "Os sulamericanos são apaixonados por futebol, mas nem todos os empresários apostaram nestes mercados", completa o executivo da BWT.

Pés no chão

Os empreendedores que estão em boas condições de lucrar com a Copa são aqueles que, em sua maioria, foram mais realistas na hora de estimar os retornos que a competição poderia render. "Há três ou quatro anos, a expectativa era diferente", afirma o coordenador do Programa Sebrae 2014 no Paraná, Aldo Carvalho. "Com as manifestações e atrasos nas obras, os empresários tiveram uma melhor dimensão para a Copa do Mundo e passaram a se planejar com mais cautela. Esta também sempre foi uma preocupação ao incentivar os empreendedores", explica.

Em 2011, o Sebrae iniciou um programa para micro e pequenas empresas que quisessem aproveitar os 500 potenciais de negócios nas áreas da construção civil, tecnologia da informação, comércio, vestuário, agronegócio e turismo para o evento. Cerca de 1,2 mil empresas participaram do projeto. "Tivemos uma boa adesão e resultados excelentes. A produção de souvenires com a identidade de Curitiba foi acelerada por causa desse projeto, por exemplo. Além disso, os empresários capacitaram seus funcionários e melhoraram os serviços prestados", afirma Carvalho.

Hotéis têm reservas para 56% dos leitos

Faltando 20 dias para o início da Copa do Mundo em Curitiba, os hotéis da cidade ainda registram uma ocupação abaixo da média histórica. Enquanto os estabelecimentos contam com uma lotação acima dos 60% ao longo do ano, as redes locais estão com apenas 56% dos quartos reservados para o período dos jogos. Os dados são do Fórum dos Operadores Hoteleiros do Brasil.

Referência no turismo de negócios, a capital paranaense vê um cenário ainda mais frustrante quando comparado aos meses em que o setor geralmente fica aquecido na cidade. Em outubro do ano passado, por exemplo, a ocupação ultrapassou os 80% por causa de diversos eventos que foram realizados na região.

Os números modestos são justificáveis: a cidade vai ser a sede que menos receberá turistas. De acordo com o Ministério do Turismo, Curitiba será o destino de 26 mil estrangeiros e 137 mil brasileiros. Cuiabá, a penúltima colocada no ranking, vai receber 8 mil visitantes a mais.

Passagens

As companhias aéreas também estão com um índice de reservas mais baixo do que a expectativa para os dias de jogos. Em função disso, elas promovem uma série de promoções. O trecho entre Curitiba e Brasília, por exemplo, pode ser encontrado por R$ 110. Em outros períodos, a passagem não sai por menos de R$ 400.

O preço dos bilhetes vai no sentido contrário do que se esperava que seria a "inflação da Copa". Alguns setores, inclusive, seguram o aumento dos preços para o período que sucede o evento. O mais emblemático deles é a manutenção dos preços da cerveja e televisores. As grandes empresas do setor de bebidas conseguiram convencer o governo a reajustar o imposto sobre a cerveja somente depois da competição. Já as fabricantes de tevês preveem um aumento de 20% nas vendas – o que permite que os preços dos aparelhos até caia no período.

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