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Segurança

Argelinos deram trabalho à polícia em jogo na Baixada

O jogo entre Argélia e Rússia, o último disputado em Curitiba na Copa, foi tenso dentro e fora de campo. Policiais argelinos que acompanharam a partida com a torcida africana tiveram de conter vários tumultos. A maioria entre torcedores do próprio país. "Foi um dos jogos que mais tiveram princípio de confusão", disse o chefe do escritório da Interpol no Brasil, Luiz Eduardo Navajas. Segundo ele, os policiais evitaram as brigas na conversa e com a ajuda dos stewards, os seguranças da Fifa.

A situação foi parecida com a do primeiro jogo na capital paranaense, entre Irã e Nigéria, quando agentes iranianos intervieram para evitar que bate-bocas esquentassem demais. O confronto também teve ingredientes políticos, com torcedores que levaram camisetas e bandeiras com protestos contra o regime dos aiatolás. Antes do Mundial, dirigentes do Irã chegaram a exigir a proibição de bandeiras utilizadas por governos anteriores à Revolução Islâmica de 1979.

Na Copa do Mundo brasileira, quem tem se destacado pela venda ilegal de ingressos são os estrangeiros. Além do esquema liderado por um argelino que envolvia bilhetes cedidos pela Fifa a seleções, desmontado na terça-feira pela Polícia Civil do Rio de Janeiro, o chefe do escritório da Interpol no Brasil, Luiz Eduardo Navajas, fez um balanço parcial de pelo menos 35 cambistas de outros países presos ao longo dos primeiros 20 dias de torneio. Mais outros oito foram detidos por venda de entradas falsas.

Estão nesse grupo argentinos, chilenos, colombianos, italianos, mexicanos, além de um norte-americano e um português. "Esse é um número que temos consolidado no momento, mas que com certeza é maior", diz Navajas. Todos os suspeitos tiveram as identidades checadas pelo Centro de Cooperação Policial Internacional. A estrutura de segurança montada na sede do Departamento de Polícia Federal, em Brasília, conta com 280 agentes dos 32 países que participam do torneio.

Navajas explica que há basicamente dois tipos de cambistas estrangeiros em ação, entre os que acabaram presos. O primeiro atua com poucos ingressos, de seis a dez, e desembarcou no Brasil primeiro com o intuito de assistir à competição e depois tentar um lucro eventual. "Mas a maioria deles veio aqui para ganhar dinheiro com o negócio", informou.

O Estatuto do Torcedor define como crime "vender ingresso de evento esportivo por preço superior ao estampado no bilhete". De acordo com Navajas, os estrangeiros detidos em flagrante pela prática não têm permanecido atrás das grades. Também não são alvo de deportações, como no caso dos chilenos que invadiram o centro de imprensa no Maracanã.

Nenhum caso que passou pelo Centro, contudo, foi tão complexo quanto o investigado pela operação Jules Rimet, conduzida pela Polícia Civil do Rio de Janeiro. A estimativa é de que o esquema que acabou com a prisão de 11 suspeitos movimentava cerca de R$ 1 milhão por partida do Mundial. Há indícios da participação de integrantes da Fifa, da CBF e das federações de futebol da Argentina e da Espanha.

De acordo com a investigação, o cabeça da quadrilha é o argelino Mohamadou Lamine Fofana, 57 anos. Os ingressos vendidos fazem parte da cota cedida pela Fifa para as seleções participantes. Dez dos bilhetes apreendidos eram da comissão técnica do Brasil, o que reforça a tese de que Fofana tinha contato com representantes da seleção. As entradas eram vendidas por R$ 3 mil cada uma.

Ontem, a Fifa reafirmou que não teria como comentar o resultado da operação. O caso, no entanto, provocou uma reunião de emergência com a empresa responsável pela venda dos ingressos do Mundial, a Match. A porta-voz da federação, Delia Fischer, declarou que a entidade está "muito feliz" com o trabalho da polícia brasileira sobre a venda ilegal de bilhetes.

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