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 | Wagner Carmo / VIPCOMM
| Foto: Wagner Carmo / VIPCOMM

Um clássico épico, digno das grandezas de São Paulo e Santos. Teve de tudo. Sete gols, bola na trave, grandes defesas de Rogério Ceni e Rafael, expulsão. Os 23.791 torcedores que enfrentaram o frio e foram ao Morumbi não esquecerão os 90 minutos tão cedo. Certamente, o empate seria o mais justo por tudo que os dois times fizeram. Mas o Tricolor, guerreiro e com um homem a menos, conseguiu aos 48min do segundo tempo o gol da vitória por 4 a 3, o gol do desafogo, para acabar com o incômodo jejum de vitórias sobre o rival em 2010 e, mais do que isso, para mostrar que, sob comando de Paulo César Carpegiani, está mais vivo do que nunca na briga por uma vaga na Taça Libertadores da América de 2011.

Com o triunfo, o terceiro seguido, o Tricolor foi ao nono lugar, com 44 pontos, seis a menos que o Corinthians, que hoje é o último time do G-3. Já o Peixe, que tem 48, permanece na quarta colocação. As duas equipes voltarão a campo no próximo final de semana. No domingo, o Peixe receberá a visita do lanterna Grêmio Prudente. Já o Tricolor irá até Fortaleza para encarar o Ceará.

Primeiro tempo alucinante com cinco gols

O primeiro tempo no Morumbi lembrou o futebol dos anos 60, onde os times preocupavam-se apenas em atacar. No São Paulo, Carpegiani entrou com os quatro homens ofensivos (Lucas, Fernandinho, Dagoberto e Ricardo Oliveira). Os três primeiros foram posicionados em linha, um aberto pela direita, outro pelo meio e o terceiro pela esquerda. O quarto ficava sozinho um pouco mais à frente. Do lado santista, Marcelo Martelotte não deixou por menos e escalou três atacantes: Alan Patrick, Neymar e Zé Eduardo. E, logo que Sandro Meira Ricci apitou o início, começou o espetáculo.

Com três minutos, o Peixe abriu o marcador. Neymar, em bela jogada pela esquerda, lançou Zé Eduardo pela esquerda. O atacante invadiu a área e bateu cruzado. Rogério Ceni falhou e rebateu para o meio, nos pés de Alan Patrick, que só empurrou para as redes. A resposta tricolor foi imediata. Três minutos depois, após cobrança de escanteio pela esquerda, a bola sobrou na direita para Miranda, que fintou Danilo e cruzou para Ricardo Oliveira que, de cabeça, ajeitou para Dagoberto empatar.

O jogo era alucinante. O São Paulo, quando tinha a bola, movimentava suas quatro peças e levava a defesa do Peixe ao desespero. Só que, defensivamente, os homens de frente não voltavam para compor a marcação como Carpegiani pedia. Com isso, havia um buraco entre os dois volantes (Rodrigo Souto e Carlinhos Paraíba) e o ataque. Nesse espaço, o meio-campo santista chegava fácil até a entrada da área tricolor.

Os presentes no estádio mal tinham tempo para respirar, tamanho a volúpia das equipes. Aos 13, Zé Eduardo cabeceou no ângulo esquerdo de Rogério Ceni, que voou e mandou para escanteio. No ataque seguinte, o São Paulo desempatou. Fernandinho foi lançado por Richarlyson pela esquerda, avançou, tocou para Ricardo Oliveira, recebeu na frente, foi ao fundo e devolveu para o camisa 99 que, de pé esquerdo, cruzou na medida para Dagoberto balançar novamente as redes: 2 x 1. O Peixe ainda se recuperava do segundo golpe quando levou o terceiro. Aos 19, Dagoberto foi lançado pela esquerda, cortou a marcação, invadiu a área e Pará, na tentativa de desarmar o camisa 25, chutou para as próprias redes. Delírio no Morumbi e 3 a 1 no marcador.

Santos reage e encurrala Tricolor

Mas o Santos estava longe de estar batido. Logo na saída de bola, Pará recuperou-se do gol contra, foi ao ataque, driblou Alex Silva como quis e cruzou na medida para Zé Eduardo só empurrar para as redes: 3 a 2.

O tempo passava e a velocidade não diminuía. O Santos, mais equilibrado em campo, cresceu e foi com tudo em busca do empate. O desequilíbrio no meio-campo são-paulino permanecia e os homens de frente do Peixe tinham o apoio constante de Arouca e Danilo. Aos 31, Durval cobrou falta da entrada da área e Rogério Ceni fez um milagre para evitar o gol. O São Paulo perdeu a velocidade que tinha no contra-ataque.

O gol do Peixe parecia iminente, já que Neymar infernizava a vida de Jean pela direita e Rodrigo Souto e Carlinhos Paraíba lutavam com três ou quatro adversários que chegavam pelo meio. Alex Silva e Miranda, em alguns lances, ficaram no mano a mano, mas conseguiram evitar o pior. Aos 45, o empate santista só não aconteceu porque Rogério Ceni, em mais uma grande defesa, evitou gol de Durval, após cruzamento da direita.

Carpegiani muda esquema e Tricolor fica com homem a menos

Percebendo que seu time tinha sérios problemas na marcação, Paulo César Carpegiani mexeu no intervalo. Sacou Lucas e colocou Renato Silva, que entrou para ficar fixo na lateral-direita apenas para marcar Neymar. Jean passou a jogar como volante para ajudar Carlinhos Paraíba e Rodrigo Souto. Mesmo sem o ritmo alucinante da primeira etapa, os dois times seguiram buscando o ataque. Mas a alteração feita pelo técnico do Tricolor deixou o time mais equilibrado em campo.

Mas Richarlyson, aos 13, estragou tudo o que o treinador havia planejado ao acertar Zé Eduardo na lateral e ser expulso corretamente. Imediatamente, Marcelo Martelotte sacou o volante Roberto Brum e colocou o meia Felipe Anderson para dar mais força ofensiva ao seu time. E o Peixe rapidamente encurralou o São Paulo em seu campo. Fernandinho foi recuado para a lateral-esquerda. Para dar mais força no apoio santista por esse setor, Maranhão entrou na vaga de Pará. Carpegiani respondeu com a entrada do lateral-esquerdo Diogo na vaga de Fernandinho.

Com um homem a mais, o Peixe chegou ao empate aos 26, em pênalti discutível de Alex Silva em cima de Neymar. Na cobrança, o atacante colocou no ângulo esquerdo de Rogério Ceni. O São Paulo respondeu logo depois, em lance de Ricardo Oliveira, que tocou para Dagoberto, que deixou a bola passar para Jean. Sozinho na área e, cara a cara com Rafael, o camisa 2 chutou por cima do gol, perdendo um gol inacreditável.

Como o São Paulo precisava da vitória, Carpegiani tentou sua última cartada com a entrada de Marlos no lugar de Dagoberto. E o time teve uma nova chance para matar a partida. Aos 37, Diogo avançou pela esquerda e cruzou para Ricardo Oliveira, que rolou para Jean, que sozinho diante de Rafael novamente, bateu no canto esquerdo goleiro santista, que desviiou com a mão direita e viu a bola bater na sua trave esquerda antes da zaga do Peixe afastar.

A emoção seguiu até o fim. O Peixe teve uma chance de ouro com Maranhão, que recebeu na área e bateu no ângulo de Rogério Ceni, que voou e mandou para escanteio. No último lance da partida, Marlos desceu pela direita e cruzou na medida para Ricardo Oliveira, que testou firme, no canto esquerdo de Rafael, que espalmou. Na sobra, Jean desta vez não bobeou e empurrou para as redes para garantir a incrível vitória do São Paulo.

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