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Melbourne (Folhapress) – Daiane dos Santos só perderia para si mesma na final do solo do Mundial de ginástica artística. E, na madrugada de ontem, perdeu.

Em cena que lembrou a da decisão na Olimpíada de Atenas, quando também era favorita, Daiane errou logo na primeira passada do "Brasileirinho", durante a execução do duplo twist carpado, que leva seu nome ("Dos Santos"), e caiu sentada no tablado do Ginásio Rod Laver.

"Não sei explicar. Errei. Não precisei de injeção e não teve dor no joelho, na perna nem nada", afirmou Daiane, que tirou 8,837, sua pior nota desde 2003.

"Ela perdeu para ela mesma. Não tinha ninguém à altura dela. Era só acertar a série. Mas errou. E a Daiane nunca comete erro pequeno", disse Eliane Martins, supervisora de seleções da Confederação Brasileira de Ginástica (CBG).

Terceira atleta a se apresentar, Daiane perdeu a invencibilidade de um ano, terminou na sétima colocação e viu a americana Alicia Sacramone tirar um 9,612 para ficar com o ouro e formar o pódio com a compatriota Anastasia Liukin (9,425) e a holandesa Suzanne Harmes (9,212). "Eu nunca errei esse movimento neste ano, nem nos treinos. Mas, na hora em que fiz a passada, senti que eu subi demais (ela chega a atingir 2,80 m no salto) e faltou velocidade para me equilibrar na aterrissagem", constatou Daiane.

Segundo ela, a derrota vai doer, assim como a da Olimpíada. "Todo dia que eu chegar para treinar, vou me lembrar disso, com certeza", disse a atleta, que usou a série no título de 2003 e alegou que, após o erro, não adiantaria tentar arriscar com o duplo twist esticado. "O Oleg (Ostapenko, treinador da seleção) ainda perguntou se errei porque tentei cravar a passada. Eu falei que não."

Com o resultado, considerado vital para impulsionar o planejamento de dois anos da CBG, o Brasil ficou em sétimo lugar, um posto acima do que registrara no Mundial de Anaheim, em 2003. E o pior: passou em branco no feminino após um ano recheado de medalhas em etapas da Copa. "Agora é treinar. E treinar muito. Vou trocar tudo, a música (sai "Brasileirinho’’, entra "País Tropical’’), a série, só vai ficar mesmo o duplo twist carpado, que eu errei hoje (ontem)", disse Daiane.

Além de sua queda e a das francesas Emilie Le Pennec e Isabelle Severino, a final do solo viu o público vaiar a nota da russa Elena Zamolodchikova, que, apesar de acertar as passadas, tirou 9,162.

Foi a terceira derrota de Daiane em torneios internacionais desde que foi alçada ao estrelato no Mundial 03 – as outras duas foram na Olimpíada e em uma etapa da Copa na Alemanha.

"Faturamos uma medalha que ninguém esperava (a de Diego no solo) e perdemos outra que era dada como certa", resumiu a técnica Georgette Vidor, tentando explicar a derrota que nenhum dos dirigentes da CBG conseguia entender e muito menos aceitar.

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