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São Félix do Araguaia, MT – A mudança de roteiro do Nordeste para o Centro-Oeste e Norte do país acrescentou um perigo ao Rally dos Sertões de 2005. O risco de acidentes graves, comum e perfeitamente assumido por quem disputa a prova, é potencializado pela localização e o cotidiano de algumas regiões por onde a competição vai passar.

No domingo, os competidores tiveram de ultrapassar uma boiada, tocada com toda a calma por um boiadeiro, no caminho entre Goiânia e Aruanã, em Goiás. Nos próximos dias, o desafio será o isolado Deserto do Jalapão, em Tocantins.

"Nessa edição do rali estamos mesmo preocupados. Em algumas etapas, principalmente as que passam pelo Deserto do Jalapão, há locais em que o acesso é muito complicado. Mesmo de helicóptero demoraremos cerca de duas horas para chegar até uma boa estrutura de atendimento (que estaria em Goiânia ou Brasília)", revelou o médico da competição, Cleomar Corrêa.

Os participantes dos Sertões devem chegar a essa região crítica na quinta e sexta etapas da disputa – nos dias 4 e 5 de agosto. Cravada no estado de Tocantins, a área desértica tem estrutura mínima. Será a primeira vez que a prova passará por lá.

Mas mesmo antes do desembarque no Jalapão, as adversidades das pistas assustaram os participantes do rali. Na primeira etapa, até Aruanã, no interior de Goiás, a má preservação de uma ponte causou a capotagem de dois carros. Por sorte, sem gravidade.

"Não gosto nem de pensar nestas coisas", reconheceu o experiente Ingo Hoffmann. Ele está apenas no seu terceiro ano de cross country, mas já sente as diferenças de risco para as categorias de pista, aonde está acostumado a correr.

"Se pensar com frieza, é claro que isso aqui (rali cross country) é muito mais arriscado do que as corridas de pista. Mas tudo é um verdadeiro exercício mental. Você não pode ficar imaginando essas coisas, até porque os carros são muito seguros", afirmou o Alemão.

No ano passado, o competidor Klever Kolberg, consagrado com mais de dez participações no Rally Dacar, capotou várias vezes e ficou pendurado em uma ponte durante o Sertões. Nada de mais grave ocorreu. "É uma prova da segurança dos carros. Poderia ter acontecido algo bem pior naquele dia, se não fosse a estrutura do equipamento", admitiu Kolberg.

Mesmo quem conhece a fundo os carros, como o paranaense Maurício Neves, que é dono de equipe e agora compete pelo time oficial da Mitsubishi, os riscos são reconhecidos. "Mesmo sabendo o quanto posso forçar o carro, por conhecer o equipamento, o perigo é grande e está aí para todos. Temos que ter um senso de limite para evitar problemas", afirmou.

‹ O jornalista viajou a convite da Dunas Race.

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