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É vendaval", ensina a letra do samba. Não bastasse a sabedoria popular musicada por Paulinho da Viola, o futebol brasileiro também dá exemplos cíclicos de que o maior sonho pode se transformar em pesadelo se faltarem os pés na realidade.

Adriano (ex) Imperador e Cicinho ilustram bem isso. Ambos alcançaram o sonho de todo moleque que ensaia os primeiros chutes: ganharam dinheiro, conquistaram a fama e chegaram ao auge com títulos pela seleção brasileira. Mas justamente a fortuna, essa deusa traiçoeira, lançou os dois boleiros (e tantos outros) no lado oposto do sucesso.

Adriano há tempos é dado como caso perdido, mas o próprio jogador ainda não percebeu e segue ‘causando’. Desperdiçou o investimento do Corinthians e repete o desperdício no Flamengo. Entre faltas no trabalho, baladas, tem cada vez menores chances de recuperar a forma. Se esforça em se transformar em piada nacional que em nada lembra o camisa 9 na final eletrizante de Brasil x Argentina na Copa América de 2004, com o gol decisivo nos descontos, que levou a disputa para os pênaltis e ao título brasileiro.

Ontem, divulgou que só volta a jogar em 2013, que não necessariamente vai seguir sua recuperação física na Gávea, mas quer seguir no Rubro-Negro carioca. Será que o Fla ainda vai querer?

Há os que ainda se penalizam e dizem que a culpa é do clube, não preocupado com o bem-estar do atacante e querendo apenas em capitalizar em cima do atleta. Discordo. Certamente Corinthians e Flamengo adorariam carregar o mérito de repatriar e recuperar o jogador.

O problema é que ele mesmo ainda não percebe que precisa de ajuda, seja médica ou psicológica. Prefere seguir se iludindo. E não há ninguém próximo – família, namorada, empresário – para acordá-lo para o óbvio: Adriano está jogando fora seu futuro. Cicinho tenta se recuperar de um período negro: voltou da Itália, onde amargou a reserva no Roma e uma vida de excessos – obsessão por roupas, alcoolismo, baladas infindáveis –, também resultado do deslumbramento com a fama e a carteira cheia de dinheiro. De ex-ídolo são-paulino e substituto de Cafu na seleção, está, aos 32 anos, no Sport, tendando recomeçar no clube que foge do rebaixamento.

No último domingo, encerramos a publicação da série de entrevistas intitulada Ex-boleiros, contando histórias opostas, de jogadores medianos para os quais a fortuna não foi tão benevolente e nem tão cruel. Mas, que sem terem feito barulho internacional ou ganhado milhões com o futebol, sabiam que teriam de seguir ralando. E comprovaram a realidade do futebol: o glamour, o dinheiro, os "amigos" somem assim que cessam as glórias em campo. Seguiram vidas modestas, porém potencialmente mais felizes que as sagas de Adriano e Cicinho. Escaparam do vendaval.

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