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Weggis, Suíça – A seleção brasileira perdeu o único jogador visivelmente insatisfeito com a reserva. O volante Edmílson – com ruptura no menisco lateral do joelho direito – foi cortado do grupo que vai à Copa do Mundo. Mineiro, do São Paulo, ocupará a vaga aberta ontem à tarde. A substituição mantém uma tradição de cortes na equipe às vésperas da Copa (leia texto nesta página).

No roteiro dessa despedida via boletim médico construiu-se uma série de desencontros. Após se submeter a completa bateria de exames, participar de nove treinos, além de atuar cerca de 20 minutos no amistoso de terça-feira, surgiu a informação oficial que o volante chegou machucado em Weggis. Pior: precisará de cirurgia e pelo menos três semanas de recuperação.

"O problema é o seguinte: esse tipo de lesão não aparece nos testes realizados por nós, mas sim na atividade do atleta dentro de campo", justificou o doutor José Luiz Runco, chefe do departamento médico da CBF. Assim mesmo, depois das queixas do jogador, iniciou-se tímido tratamento convencional. "À base de alongamento e antiinflamatórios", citou.

Grande ameaça à manutenção do quarteto ofensivo, o jogador do Barcelona viveu também uma despedida das mais confusas – assim como o relato clínico. Chegou a deixar às pressas o Estádio Thermoplan, onde a seleção treina, para fugir das câmeras. Porém voltou em seguida.

A história teria começado às 14 horas (9 horas no Brasil), quando Edmílson foi levado para realizar a ressonância magnética. Sem o resultado do exame em mãos, próximo às 16 horas, ele acompanhou os colegas até o treinamento. Ao ser abordado na "zona mista" – local onde os jornalistas têm acesso à equipe – deu a primeira pista do problema ao dizer que "depois falaria" (algo possível apenas com o aval da CBF em casos excepcionais).

Minutos após evitar a imprensa, acabou sendo chamado para receber a notícia do afastamento através do comunicado do técnico Parreira. "Desabou", definiu Rodrigo Paiva, assessor de imprensa da Confederação. "E não tem condições de comentar o assunto", emendou.

Perto das 20h30 (15h30 no Brasil), diante das especulações que a saída estaria ligada ao desentendimento com Adriano (vinham se digladiando nas atividades com bola), Edmílson foi então levado para falar com os jornalistas. Chorou ao lembrar do apoio da família. Também negou haver atrito com o atacante da Inter. E ainda confirmou a pré-existência da contusão.

"Senti dores depois do jogo de volta com o Milan (pelas quartas-de-final da Liga dos Campeões). Mas a coisa ficou mais forte aqui. Estava levando na raça", contou. "Estou indo embora, porém meu coração vai permanecer com o pessoal. Faz parte da vida", disse, acompanhado do coordenador Zagallo – escolhido como representante do grupo.

Questionado porque não ficar com a equipe, o cortado escancarou a frustração. "Não agüento. Não sei nem se conseguiria dormir esta noite no hotel. Se eu estou numa coisa, deve ser por inteiro. Estarei orando no Brasil."

Deixou a coletiva com um abraço carinhoso do Velho Lobo. Dirigiu-se para Zurique, onde pegou o primeiro avião para casa.

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