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O paranaense Gabriel Dias corre hoje pela equipe T-Sport Group na National Class, divisão de base da F3 inglesa | James Bearne/Divulgação
O paranaense Gabriel Dias corre hoje pela equipe T-Sport Group na National Class, divisão de base da F3 inglesa| Foto: James Bearne/Divulgação

Eau Rouge. O nome da curva do circuito de Spa-Fran­corchamps, na Bélgica, significa "Água Vermelha", por causa de um riacho que passa na região. Mas bem podia ser em referência ao sangue dos pilotos que pararam no local. No jargão da pista, diz-se que ela separa os bons pilotos dos gênios.

Ano passado, o piloto curitibano Gabriel Dias conheceu bem essa vilã: foi uma de suas vítimas. E, há pouco mais de um mês, teve a chance de dar o troco. Aos 18 anos em 2008, o piloto estreava na Fórmula Renault europeia, tinha planos de ganhar experiência para brigar pelo título este ano. A Eau Rouge lhe fez rever a rota.

"Chovia e já tinha acontecido um acidente naquele treino. Tive uma aquaplanagem, rodei no topo e bati da pior forma: de costas, a 200 km/h, contra o muro, sem barreira de pneus", lembra o piloto. O resultado: três fraturas na coluna vertebral que o deixaram seis meses de cama e com muito reflexão.

"Foi tempo demais para pensar. Não sabia se seria capaz de voltar. Faço isso (pilotar) desde os 5 anos e seria muito difícil escolher outro destino", conta Gabriel. Como outros pilotos, começou no kart – categoria na qual colecionou títulos, entre eles três finais no campeonato Mundial da categoria – e sonhava em chegar à Fórmula 1.

Sonho que o acidente tornou mais próximo. Gabriel recuperou-se, mas perdeu a pré-temporada da F-Renault deste ano. "Sem treinos, não teria chances de disputar o título. Conversando com meu pai, decidimos antecipar em um ano a ida para a Fórmula 3", explica.

Começou 2009 contratado pela T-Sport Group para correr a National Class, divisão de base da F3 inglesa, que usa os carros da categoria principal do ano passado. Mora em Oxford (Inglaterra), com outros dois pilotos, um mexicano e outro libanês. Na nova categoria, o curitibano de 19 anos briga pelo título.

É o 2.º colocado com 226 pontos (23 a menos que o líder, o britânico Daniel McKenzie). Acumula seis vitórias e 11 polepositions nas 14 etapas disputadas. Em 25 de julho, voltou a correr em Spa-Francochamps. O retorno teve sabor especial. Novamente, chovia. "Estava com pneu slick (para pista seca). Conversei com o engenheiro, que disse ‘vá com calma’. Fui o mais rápido na Eau Rouge". Também foi o vencedor da prova.

Na última etapa, em Silverstone (Inglaterra, 15 e 16 de agosto), venceu as duas provas que disputou com a volta mais rápida e duas pole positions. O desempenho rendeu-lhe o título de "piloto do fim de se­­­mana", dado pela imprensa britânica.

Animado com os bons resultados, o jovem piloto desistiu de vez das vagas em três universidades de Curitiba no curso de Enge­­nharia Civil. "Ano que vem, quero chegar entre os três primeiros da categoria principal da F3. Em 2011, estar na F2. Quero chegar o mais jovem possível na F1", diz, ao cogitar, inclusive, cortar caminho e sair da F3 direto para a principal categoria do automobilismo.

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