A tarde do dia 28 de abril de 1940 foi duplamente especial para o "half-direito" do Coritiba, Antônio da Mota Espezim. Há exatos 70 anos, Tonico, como é conhecido, fazia a sua estreia com a camisa alviverde em um jogo histórico. Diante de uma forte equipe do Palestra Itália (atual Palmeiras), teve a honra de participar da inauguração do Estádio Municipal do Pacaembu, em São Paulo. Nas arquibancadas, entre o presidente Getúlio Vargas e o interventor do estado Adhemar Pereira de Barros, 40 mil pessoas assistiram à vitória dos paulistas por 6 a 2. Talvez nenhum deles guarde a passagem com tanta emoção.
"Ainda hoje, por coincidência, conversava com um amigo sobre isso", contou Tonico. "Não tem muita coisa que possa dizer sobre o jogo, já que não era um grande jogador. Mas me sinto orgulhoso, dou muito valor por poder lembrar de coisas assim", continuou, com voz calma de quem tem 96 anos de experiência.
Ao lado de Aryon Cornelsen, também ex-presidente coxa-branca, Tonico é o último remanescente daquela equipe. Naquela época, sair de Curitiba já era considerado um grande feito para qualquer equipe paranaense. Participar do amistoso inaugural no maior estádio brasileiro na época, então, nem se fala.
"Naquele tempo o Pacaembu era tudo", lembrou Tonico, o primeiro brasileiro vencedor do prêmio Belfort Duarte. "Chegamos cheios de admirações pelo estádio, encabulados, sem saber o que esperar, nem como desempenharíamos o nosso futebol", explicou ele, que defendeu o Coxa até 1951.
A expectativa aumentou ainda mais depois do primeiro minuto de jogo. O ponta-direita Zequinha, que havia sido emprestado pelo rival Ferroviário apenas para aquele confronto, fez o primeiro gol no novo campo. Os donos da casa, porém, não desanimaram e antes do fim do primeiro tempo viraram o placar.
Mesmo com a derrota, o fato era que aquele Coritiba havia entrado para a história. Embora não fosse o atual campeão estadual, o time foi convidado a participar do embate no Pacaembu que passou a ser chamado de Paulo Machado de Carvalho em 1961, em homenagem ao chefe da delegação brasileira na Copa de 1958.
De acordo com o Grupo Helênicos, a ligação do então presidente do clube, Antônio Couto Pereira, que abrigou as tropas de Vargas na passagem por Curitiba durante a Revolução 1930, apesar de não ter sido comprovada, é a explicação mais sensata para a inesquecível partida.
Com convite ou não, 70 anos depois, quem esteve lá decreta: "Tenho a satisfação de ter sido lembrado, me sinto honrado por ter estado lá. Não fosse isto, essa lembrança, que valeu meu dia, talvez não tivesse vindo", fechou Tonico, feliz como uma criança.
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