• Carregando...
 | Reuters
| Foto: Reuters

Mercado

Brasileiros são numerosos, mas caem para o segundo escalão do futebol europeu

A quantidade impressiona – 82 jogadores –, mas a relevância dos brasileiros inscritos na fase de grupos da Liga dos Campeões será reduzida. A esquadra nacional estará concentrada em equipes periféricas. Levantamento do site Trivela aponta que apenas 32 brasileiros inscritos na competição defenderão equipes dos cinco países mais fortes da Europa (Itália, Alemanha, França, Inglaterra e Espanha) – na edição 2009/10, eram 43.

Mesmo aqueles que estão em equipes de ponta ocupam, no geral, papel de coadjuvante. Daniel Alves é peça intermediária no Barcelona. Kaká amarga a reserva no Real Madrid. Mesmo titulares, David Luiz e Ramires estão longe de serem os craques do campeão Chelsea. A exceção é Robinho, estrela de um combalido Milan.

O cenário deve mudar no mata-mata. Vendido ao Paris St.-Germain, Lucas formará a linha ofensiva do clube francês a partir de janeiro ao lado de Ibrahimovic, Pastore e Lavezzi. Leandro Damião está na mira do Manchester United. Fora o sonho contínuo de Real e Barça com Neymar. Somente quando o seu melhor jogador juntar-se à Liga dos Campeões o Brasil recuperará, no torneio, o prestígio perdido junto com a hegemonia da sua seleção.

Ao vivo

Real Madrid x Manchester City, às 15h45, na ESPN Brasil; Montpellier x Arsenal, às 15h45, na ESPN; e Paris Saint-Germain x Dínamo de Kiev, às 15h45, na ESPN HD.

No mundo real, a maior crise econômica desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Na ilha da fantasia do futebol, uma disputa cada vez mais milionária, que acaba de ganhar novos e endinheirados participantes. A Liga dos Campeões abre, hoje, a fase de grupos da sua edição 2012/13 exibindo uma Europa totalmente oposta da que estampa o noticiário econômico e político. E com a Uefa dando mais um passo para aproximar a prosperidade boleira do aperto do dia a dia.

Mais aguardado dos oito jogos previstos para hoje, todos às 15h45 (de Brasília), Real Madrid x Manchester City sintetiza essa disparidade. Ontem, na mesma Madrid em que o governo espanhol anunciava uma aceleração na venda de títulos da dívida pública – para se enquadrar no plano de ajuda do Banco Central Europeu –, a única crise que pairava sobre o vestiário merengue era entre os jogadores e o técnico José Mourinho.

"Sou amado pelas pessoas que importam mais. Minha família, em primeiro lugar, meus jogadores e minha comissão técnica. Aqui no clube, tenho boas relações com todo mundo", discursou o português, que administra um elenco avaliado em mais de meio bilhão de euros.

Do outro lado, o Manchester City planeja, enfim, dar o passo seguinte no projeto financiado pelo Abu Dhabi United Group. Após sair de uma fila local de 44 anos, os Citzens chegaram à constatação de que os € 227 milhões gastos em 2009 não foram suficientes para montar um time capaz de conquistar a Europa. "Precisamos de mais jogadores", disse, em agosto, o técnico Roberto Mancini – somente no último dia da janela de transferências o clube torrou € 32 milhões em reforços.

Também é nos petroeuros que outros dois clubes calibram sua ambição na Liga. Adquirido pelo Qatar Sports Investments, o Paris-St. Germain passou de força média na França a novo rico do continente. O investimento de € 108 milhões levou ao Parque dos Príncipes jogadores como Pastore e Lugano. Classificou-se à LC com um amargo vice-campeonato nacional. Para a atual temporada, o gasto chegou a € 128 milhões. Com Ibrahimovic, Thiago Silva, Lavezzi e (a partir de janeiro) Lucas no elenco, o clube pretende brigar pelo título continental.

No auge para o PSG, o sonho árabe acabou de forma amarga para o Málaga. O xeque catariano Abdullah Al Thani gastou, há um ano, € 58 milhões para reforçar o time e conseguir a vaga na Liga dos Campeões. A classificação veio, mas o mecenas cansou do brinquedo. Al Thani cortou investimentos, vendeu jogadores e o Málaga precisou raspar o tacho das suas categorias de base para ter o número mínimo de inscritos na fase preliminar. Eliminou o Panathinaikos, mas entra na fase de grupos como potencial saco de pancadas.

Quedas vertiginosas como a do Málaga estão no alvo do fair play financeiro, projeto que a Uefa vem implantando no futebol desde 2009, início da gestão Michel Platini. O primeiro passo foi levantar o prejuízo acumulado dos clubes: endividamento médio de 36% e débito acumulado de € 400 milhões em 2009; endividamento de 56% e acumulado de € 8,4 bilhões em 2010, em um universo de 650 clubes.

A etapa seguinte foi começar a punir os maus pagadores. Semana passada, a entidade reteve o pagamento de prêmios a 23 clubes europeus, todos em dívida com seus funcionários ou governo dos seus países. Entre os punidos, Málaga, Atlético de Madri e Sporting. Ao fim dessa temporada, a Uefa fará um novo levantamento dos que gastam mais do que arrecadam. Eles terão um ano para ajustar suas contas, sob risco de serem proibidos de disputar competições em 2014/15.

"O fair play financeiro não vai impedir os clubes de comprar jogadores. Apenas queremos que eles gastem o que seus orçamentos comportam", diz Platini, resumindo o projeto em uma simplicidade que parece não ser entendida somente pelo fantasioso mundo do futebol.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]