• Carregando...

O maior julgamento da história do futebol paranaense terminou em pizza. Apenas 4 dos 13 denunciados por envolvimento no mensalão do apito foram punidos pelo Tribunal de Justiça Desportiva (TJD), em uma sessão que durou mais de 17 horas, entre a tarde de segunda-feira e a madrugada de ontem.

Com base na falta de provas, metade dos auditores – o relator Eduardo Varella, José Pacheco Neto, Lourival Barão e José Roberto Hagebock – invariavelmente optava por inocentar os acusados. Os outros votantes, Adriana de França, Clóvis Augusto da Costa, Benedito Barbosa e o presidente do Tribunal, Bôrtolo Escorssim, tiveram suas conclusões derrotadas justamente na definição da sentença dos réus que tinha mais indícios contra si: Johelson Pissaia, Marcos Tadeu Mafra, Sandro da Rocha e Antônio Salazar Moreno – nestes quatro casos, o empate beneficiou os denunciados.

Por maioria, Valdir de Souza, Antônio Carvalho, Fernando Homann e Carlos Magno também foram inocentados. Os inexpressivos, ou já afastados, Gílson Pacheco, Genésio Camargo, Sílvio Gubert e José Francisco de Oliveira foram banidos do futebol.

"Estávamos em um número par. Se fossem nove auditores ficava mais fácil", lamentou Escorsim – o auditor Valério Vanhoni não compareceu alegando outros compromissos profissionais.

O cheiro do prato italiano estava no ar desde a sexta-feira. A defesa anunciava que iria desqualificar as denúncias por não haver provas concretas. O relator reconhecia que se o maior acusador, Evandro Rogério Roman, não apresentasse documentos mais fortes, a tese da procuradoria cairia por terra.

Roman nem chegou perto de ser convincente. Bem diferente do seu primeiro depoimento, agora ele caiu em contradição, admitiu que uma das acusações foi errada (contra Mafra, que não apitou Engenheiro Beltrão x Cascavel em 2004) e fez novas denúncias sem ter como confirmar – revelou uma tentativa de suborno no Paranaense 2003.

Mesmo assim, outras testemunhas relacionadas pela acusação complicaram os indiciados. Especialmente Nelson Boreico. O gerente de futebol do Prudentópolis apresentou uma agenda na qual tinha uma lista com nomes de árbitros e auxiliares que "ajudariam" o time na Série Prata 2005 – a proposta de R$ 60 mil pelo pacote classificatório teria sido feita por Johelson Pissaia. Detalhe: parte da relação foi escrita por Mafra, que reconheceu sua letra na caderneta. Entre os apitadores listados estavam Sandro da Rocha, Antônio Salazar Moreno e Carlos Jack Magno, três dos julgados pelo Tribunal.

"Eram nomes escritos pelo Mafra nos quais o Prudentópolis poderia confiar", argumentou o advogado de defesa, Domingos Moro, durante sua exposição. A tese, ao que parece, foi aceita.

Outra incoerência comentada pela vice-presidente do TJD, Adriana de França, estava centralizada na absolvição de Sandro da Rocha. O ex-dirigente do Marechal, Gílson Pacheco, que confessou ter dado propina ao juiz foi eliminado do esporte. Com o árbitro o critério foi diferente.

"Só posso divergir do voto do relator. Como um pode ser eliminado por confessar corrupção e o outro é absolvido. Só por que não confessou?", questionou ela.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]