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Gritos na subida, expressões de dor nas retas, e um esforço sobre-humano para vencer a montanha. Na prova de 15km do esqui cross country, os atletas vão desabando, um atrás do outro, após a linha de chegada. Para quem vem de um lugar sem neve e precisa pular de país em país para treinar ao longo do ano, o desafio é ainda maior. Em sua primeira participação nos Jogos de Inverno, o brasileiro Leandro Ribela, de 29 anos, terminou a disputa em 90º lugar entre 95 competidores, com o tempo de 43m36s2 - longe dos favoritos e 10 minutos atrás do vencedor, o suíço Dario Cologna, mas satisfeito com a experiência na neve canadense.

Leandro parecia bem menos cansado que os rivais na hora de cruzar a linha de chegada. Em vez de se jogar na neve, apenas respirou fundo, sorriu e olhou o relógio. O sorriso já tinha aparecido antes, durante a prova, fruto do apoio da torcida familiar à margem da pista em Whistler – a mãe e a esposa do brasileiro estão no Canadá.

"Foi duro, é uma prova de subidas e descidas muito técnicas. A neve ficou bem fofa para os últimos colocados. Segurei um pouquinho na primeira volta, mas fiquei muito cansado. Não deu para manter o ritmo a prova inteira. Para brasileiros, que não têm a neve, é difícil fazer treinamentos. Fiz o que pude na preparação física, viajei para a Europa uns quatro ou cinco meses para treinar. É a realização de um sonho", afirmou Leandro, em entrevista ao SporTV.

A medalha de ouro ficou com o suíço Dario Cologna, de 23 anos, que fechou o percurso em 33m36s3. A prata foi para o italiano Pietro Piller Cottrer, com 34m00s9, seguido pelo tcheco Lukas Bauer, que conquistou o bronze com 34m12s0.

Poucas horas antes, na prova feminina de 10km, Jaqueline Mourãoterminou em 67º lugar, com o tempo de 30m22s2, melhorando sua performance em relação aos Jogos de Turim, em 2006.

No esqui cross country, os atletas não competem diretamente entre eles, numa corrida, e sim contra o relógio. As largadas acontecem com intervalos de 30 segundos. Leandro Ribela foi o 89º a ir para a pista e, quando largou, as medalhas já estavam praticamente definidas.

Logo na primeira parcial, com 4,9km, o tempo do brasileiro já estava três segundos acima do líder. Na segunda, de 7,5km, ele tinha 21m20s0, mantendo-se na 90ª posição. A penúltima parcial, dos 12,4km, registrava o tempo de 36m21s0, tempo que já era mais alto que os dos primeiros colocados. Ele fechou o percurso em 90º lugar, com 46m33s2.

Bem antes da participação do brasileiro, os melhores atletas já tinham ido para a pista. O primeiro atleta a cravar um tempo com chance de medalha foi o francês Maurice Manificat, de 23 anos, que fez 34m27s4 após gritar desesperadamente no esforço da última subida. Enquanto Manificat recuperava o fôlego e observava os rivais que vieram em seguida, seu tempo foi descendo a ladeira dos favoritos.

O italiano Cottrer, uma espécie de "vovô" da turma, com 35 anos, assumiu a melhor colocação momentânea ao fazer 34m00s9, mas a alegria durou pouco e ele acabou ficando com a prata. Dario Cologna, 33º a largar, foi para a pista e pulverizou o tempo do italiano, com 33m36s3. Logo depois de Cologna, largou o suíço Bauer, que ficou com o bronze ao cravar 34m12s0.

Sem neve no Brasil, Leandro treina em São Paulo e São Carlos na temporada de verão, correndo, pedalando e fazendo musculação. Formado em economia, o atleta paulista tem que pegar o avião para treinar no inverno. Ele costuma apurar a forma no Chile, na Argentina, na Áustria e na Suécia.

Tricampeão brasileiro em 2007, 2008 e 2009 e segundo colocado no ranking latino-americano, Leandro fez nesta segunda-feira sua primeira participação nos Jogos Olímpicos de Inverno.

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