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A enorme legião de fãs de Michael Schumacher vive uma dolorosa síndrome de abstinência desde que ele se aposentou das pistas de Fórmula 1, em outubro. Quatro novos livros publicados desde que ele pendurou o capacete, no Brasil, tentam atenuar isso.

Embora muitos detalhes da sua carreira de 16 anos na categoria, com 91 vitórias, sete títulos mundiais e inúmeros recordes, já fossem bastante conhecidos, os livros também oferecem novas informações sobre Schumacher e sua decisão de se aposentar no auge.

"Continuei tendo de me impor testes e compromissos que eu realmente não queria mais", conta ele, com rara sinceridade, em "Michael Schumacher", de Sabine Kehm, sobre a diminuição do seu interesse pelas corridas em 2006.

Kehm foi porta-voz e confidente do piloto durante oito anos, e seu livro é disparado o melhor da safra.

Os três outros são: "Michael Schumacher - The end of an era" (Michel Schumacher - O Fim de Uma Era), de Karin Sturm; "King Schumi - His Life, His Victories, His Tears" (Rei Schumi - Sua Vida, Suas Vitórias, Suas Lágrimas), de Helmut Uhl; e "Thanks Schumi! The Michael Schumacher Story" (Obrigado, Schumi! - A história de Michael Schumacher), de Willy Knupp.

Fotos de bastidores são um elemento central dos quatro livros, mas a fascinante narrativa de Kehm faz a diferença.

"Não estou falando das corridas ou do fim de semana de trabalho nas corridas. Estou falando do resto, do trabalho cotidiano", diz Schumacher a Kehm, explicando o crescente cansaço e as origens da sua decisão de se aposentar aos 37 anos.

"Eu sempre tive que dar tudo nos testes, é a única forma de progredir. Mas ir ao limite o tempo todo começa a abalar sua força. Depois de Barein, da Malásia e da Austrália, comecei a me perguntar como consegui me segurar em todos esses anos. Sempre contei os minutos para ir para casa. Não sei se isso é normal, mas os testes o ano inteiro realmente me cansaram. Estava exausto, mais que no passado."

Ele disse ter percebido que "não tinha mais motivação" para os preparativos, e lamentava "os métodos de treinamento que te deixam entediado até a morte".

Schumacher conta que começou a se inclinar pela aposentadoria um pouco antes da primeira prova de 2006, no Barein, quando igualou o recorde de 65 pole positions de Ayrton Senna.

"Eu sempre fiquei muito emotivo quando confrontado com a história de Ayrton", contou Schumacher. "Obviamente, você não quer admitir isso, tenta esconder suas emoções para não mostrar aos outros que está vulnerável."

"Mas aconteceu, e sei que teríamos uma boa temporada, e eu tinha a sensação de que agora seria um bom momento para me aposentar. Depois disso, me parecia cada vez mais a direção certa."

Schumacher comunicou sua decisão a Jean Todt, diretor da Ferrari, logo após a prova do Barein. Todt aceitou, mas pediu que o alemão pensasse melhor. Mais tarde, conta o ex-piloto, a Ferrari lhe informou que o anúncio teria de esperar até setembro.

"Pessoalmente eu preferia ter anunciado antes, mas a Ferrari tradicionalmente faz esse tipo de coisa em Monza", afirmou. "Eu não tinha nenhum problema com isso. Pelo menos eu não teria de ficar falando coisas ridículas e fugindo de perguntas."

Schumacher se diz satisfeito por ter se aposentado enquanto fãs e jornalistas "ainda perguntam: 'Por que agora?', ao invés de 'Por que ele ainda está pilotando? Está velho e lento demais".

No final, ele ficou surpreso de ver como foi fácil dizer ao mundo que estava se aposentando.

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