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Felipe Massa começa a temporada apreensivo. Um novo ano ruim pode significar sua demissão da Ferrari | Nacho Doce/Reuters
Felipe Massa começa a temporada apreensivo. Um novo ano ruim pode significar sua demissão da Ferrari| Foto: Nacho Doce/Reuters

Opinião

Em meio a campeões, um ano de fogo para Massa e Senna na F1

Rodrigo França, @RodrigoRF1

Se já era difícil apontar quem será capaz de acabar com a hegemonia de Sebastian Vettel e Red Bull, depois dos testes de pré-temporada, a missão ficou ainda mais ingrata. O alemão e a equipe austríaca seguem como favoritos, claro.

Mas será que a McLaren, que começou 2011 desacreditada e terminou o ano com seis vitórias, conseguiu diminuir a diferença para a rival? E a Ferrari? Há muito tempo, um começo de ano não parece tão sombrio para a escuderia de Maranello. A Mercedes, de Ross Brawn e Michael Schumacher, conseguirá se firmar como equipe de ponta? Respostas concretas só mesmo na Austrália, no primeiro fim de semana da disputa.

Por falar no maior campeão da F1, a temporada tem como atrativo justamente a volta de outro detentor de título: Kimi Raikkonen. Com isso, todos os vencedores do Mundial, de 2000 para cá, estarão na pista. Só esse "detalhe" já fará de 2012 um ano histórico.

A Lotus mostrou boa velocidade nos testes, mas sempre há a possibilidade de um blefe para impressionar patrocinadores. Uma coisa, no entanto, é certa: Kimi não sentiu o efeito dos anos fora da F1 e está no mesmo ritmo dos pilotos com equipamento semelhantes ao seu.

O retorno do finlandês acabou tendo impacto negativo para a torcida brasileira: Bruno Senna saiu da Lotus e foi para a Williams, onde assume o lugar de Rubens Barrichello. O veterano piloto terá de buscar outra oportunidade para completar seus desejados 20 anos de F1 – ele estreou na categoria em 1993, ano das últimas vitórias de Ayrton Senna.

Já Bruno terá, finalmente, o ano que sempre pediu: completou toda a pré-temporada e está assinado para todos os GPs em uma equipe decente (a Hispania, por onde já passou, não conta). O problema é saber quão decente será seu carro – o motor Renault pode ajudá-lo a conseguir feitos como o 7º lugar no grid do GP da Bélgica, registrado no último ano. Mas o sobrinho de Ayrton terá de mostrar que também é consistente. Tudo para impressionar a Williams e também as equipes de ponta, já que, muitas delas, poderão abrir vagas em 2013.

Um dos postos cobiçados pode ser justamente o de Felipe Massa. O ferrarista também deve encarar esse ano como uma verdadeira decisão de campeonato. Ou recupera seu espaço na equipe italiana e volta a lutar por pódios e vitórias constantemente – como foi em 2008 – ou vai precisar reinventar sua carreira na F1. E, até mesmo para isso, será necessário uma performance acima do que a demonstrada no ano passado.

Felipe Massa chega ao décimo ano dele na Fórmula 1. Após três temporadas pela Sauber e seis com a Ferrari, ele nunca esteve tão pressionado. Os objetivos do momento são apagar os maus resultados recentes e garantir um emprego na escuderia italiana para 2013. Em seu último ano de contrato, o brasileiro precisa voltar a brigar por vitórias para conseguir a renovação do vínculo com o time ferrarista.

O retrospecto recente de Massa não é favorável. Ele não sobe a um pódio desde 2010, venceu pela última vez há mais três anos, no GP do Brasil de 2008. O máximo que conseguiu no ano passado foi alcançar a quinta colocação em seis corridas.

"Foi uma das piores temporadas da minha vida. Para falar a verdade, não teve nada de bom em 2011. Tem que cancelar tudo", desabafou o piloto que ficou longe de repetir a performance que quase lhe rendeu um título mundial, em 2008.

Dentro da própria equipe estão os maiores obstáculos do brasileiro. Um deles é o desempenho duvidoso da escuderia italiana. Após uma última temporada muito ruim, o carro também não empolgou nos testes da pré-temporada, o que fez com que o próprio diretor técnico da Ferrari, Pat Fry, admitisse que um pódio no primeiro GP do ano, na Austrália, é improvável.

Outro fator a ser superado é justamente o companheiro dele, Fernando Alonso. "Felipe Massa tem ao lado na equipe um ‘monstro’ do automobilismo e isso já foi um fator limitador para a carreira de muitos outros pilotos", analisa o comentarista do canal SporTV, Lito Cavalcanti.

O paulista, de 30 anos, não tem conseguido acompanhar o ritmo do espanhol nos últimos anos. Em 2011, o bicampeão mundial somou mais do que dobro de pontos em relação a Massa. Os resultados acabaram consolidando o brasileiro como segundo piloto na Ferrari.

"O Massa vai ter de provar muita coisa esse ano. Ainda se a Ferrari tiver um carro bom, ela vai priorizar o Alonso", afirma o jornalista e escritor Lemyr Martins, autor de seis livros sobre Fórmula 1.

Por isso, não será espanto se frases como "Fernando is faster than you" (Fernado está mais rápido do que você), dita pelo rádio para o brasileiro no GP da Alemanha de 2010, voltem à tona nesse ano. Naquela corrida, Massa liderava e teve de abrir passagem ao espanhol após a ordem da equipe.

Apesar de todo o quadro de dificuldades, há quem aposte no brasileiro. "Ferrari é sempre Ferrari. O Massa ter ido mal nos últimos anos, não significa que ele vá fracassar em 2012. Ele pode surpreender", acredita o piloto paranaense Ricardo Zonta.

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Rubinho Barrichello: "Massa nunca mais foi o mesmo depois que a mola do meu carro atingiu a cabeça dele. Mas não se preocupe. Eu sei como as coisas funcionam na Ferrari e, se ele perder o emprego, garanto uma vaguinha para o meu amigo aqui na Indy"

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