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Quem gosta de Fórmula 1 provavelmente já deve ter visto a forte imagem de Nigel Mansell, em 1984, empurrando a Lotus, no GP dos Estados Unidos, em Dallas, e, exausto, perder os sentidos. O inglês liderava a prova e ficou sem combustível metros antes da bandeirada. Pois cenas como essa, a chamada pane seca, podem voltar a acontecer este ano na Fórmula 1 com a proibição do reabastecimento durante as corridas. A diferença é que, agora, não é mais permitido empurrar o carro

O alerta é de Rubens Barrichello, da Williams, o mais experiente piloto do Mundial, depois de 15 dias de ensaios da pré-temporada, encerrados no último domingo, em Barcelona. "Os testes mostraram que em alguns circuitos os pilotos não poderão exigir tudo do carro a fim de reduzir o consumo de gasolina para receber a bandeirada", afirmou.

Nos treinos de Valência, Jerez de la Frontera e agora em Barcelona, as 11 equipes que colocaram seus carros na pista realizaram o mais elementar teste prático de consumo: mantiveram seus pilotos dando voltas até acabar o combustível. O objetivo era conhecer o consumo preciso, para aquela condição, e verificar até quanta gasolina no tanque o pescador (válvula que suga o combustível) ainda mantinha o motor em funcionamento. "A coisa está tão crítica que com apenas alguns gramas de gasolina no tanque o pescador ainda funciona", explicou Rubinho.

"Em circuitos como o de Bahrein, do Canadá, Valência, Monza, Cingapura, há mesmo possibilidade de pane seca", comentou Steve Nielsen, diretor esportivo da Renault. "Hoje nossa capacidade de monitorar o carro na pista é muito maior de antes, por isso pode ser que os pilotos não fiquem sem gasolina, mas por que serão orientados pelas equipes a administrar seu ritmo".

Além do caso de Mansell, em 1984, os aficionados chegaram a se revoltar com a perda de duas vitórias certas de Ayrton Senna, em 1985, nos GPs de San Marino e da Grã-Bretanha. Sua Lotus-Renault turbo apresentou pane seca no final, quando liderava as duas provas. Na temporada anterior, a FIA proibiu o reabastecimento e limitou o volume dos tanques a 220 litros. Hoje o volume é livre, mas para os projetistas um tanque grande compromete o desempenho, por isso trabalham no limite da necessidade de consumo.

A situação se tornou ainda mais difícil para os pilotos em 1986, com a redução do volume do tanque para 195 litros. Naquele ano, Alain Prost fez muita gente se sensibilizar com o seu esforço para vencer o GP da Alemanha, em Hockenheim. Com McLaren-Porsche, o francês ficou sem gasolina a poucos metros da linha de chegada quando era líder. Prost empurrou o carro e recebeu a bandeirada em sexto.

"O piloto, agora, tem mais meios de intervir para diminuir o consumo de gasolina", disse Rubinho, que em 1994, no GP da Europa, em Donington Park, sua terceira prova na F-1, encostou a Jordan-Hart sem combustível, no final, sob chuva, perdendo o provável ótimo terceiro lugar.

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