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Ara Abrahamian acusou os árbitros de fazerem “politicagem” na luta greco-romana. | Peter Parks/ AFP
Ara Abrahamian acusou os árbitros de fazerem “politicagem” na luta greco-romana.| Foto: Peter Parks/ AFP

Pequim-2008 não se esquecerá de Ara Abrahamian. No maior acesso de fúria em um pódio olímpico, na edição mais vista dos Jogos, o lutador de origem armênia deu um duro golpe no Movimento Olímpico e na censura chinesa. Transtornado com o resultado da categoria até 84 kg da luta greco-romana, o atleta, que defende a Suécia, ignorou o cerimonial de premiação.

Logo após receber a medalha no pescoço, o lutador desceu do pódio – sem esperar que os demais pegassem a comenda –, pegou o bronze pela mão e o lançou na área de competição. Em seguida, ainda com cara amarrada, deu as costas e saiu.

Foi a forma que Abrahamian, 33 anos, encontrou para protestar contra o que chamou de "politicagem" na luta greco-romana – nos Jogos desde 1896 – e na Olimpíada, segundo informou o técnico Leo Myllari.

Ameaçado de punição pelo Comitê Olímpico Internacional, que planeja convocar audiência para que ele se explique e não descarta destituir-lhe o bronze, o lutador disparou: "Não me importo com o que vão fazer com o bronze. O que eu queria mesmo é o ouro".

Ouro que já havia buscado em Atenas-04, quando foi prata. E que nunca virá, já que, segundo ele, independentemente da decisão do COI, não pisará mais no octágono, área de competição do esporte. Disse que o duelo pelo bronze, quando bateu Melonin Noumonvi (FRA), foi seu último.

A ira de Abrahamian, que ostenta dois títulos mundiais, foi deflagrada pelo resultado da semifinal, quando perdeu por 3 a 1 para Andrea Minguzzi (ITA).

Assim que a derrota para o italiano foi revelada, Abrahamian explodiu e foi tirar satisfações com a arbitragem, formada pelo suíço Jean-Marc Petoud, pelo canadense Lee Ronald Mackay e pelo cubano Guillermo Orestes Molina. Segundo o técnico, seu pupilo crê que o resultado foi manipulado.

Abrahamian até empurrou o braço de um dos jurados, que tentou pará-lo. E só foi contido pelos colegas, enquanto a torcida vaiava a decisão da luta. Disse ainda que só foi por conta desses colegas que resolveu ir à luta pelo bronze.

Após o acesso, Abrahamian foi recriminado pelo algoz, que viu seus maiores momentos serem ofuscados pelo rival. ""Todos têm o direito de questionar a arbitragem, mas é bom mostrar espírito esportivo. Esse comportamento dele estragou (a premiação)’’, disse Minguzzi.

Agora sem destino, o bronze foi recolhido por uma chinesa da organização, mas sua imagem e a de Abrahamian em protesto ficaram para sempre, pois medalhas olímpicas são desfeitas, mas nunca antes no local em que foram conquistadas.

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