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Marco Polo Del Nero é acusado de participar de esquema de corrupção pela Justiça dos EUA. | Sergio Moraes/Reuters
Marco Polo Del Nero é acusado de participar de esquema de corrupção pela Justiça dos EUA.| Foto: Sergio Moraes/Reuters

A Justiça dos EUA anunciou nesta quinta-feira (3) o indiciamento do presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Marco Polo Del Nero, e do ex-presidente da entidade Ricardo Teixeira como parte da investigação sobre casos de corrupção no futebol mundial. Após o indiciamento ser anunciado, Del Nero pediu licença do cargo por tempo indeterminado para se defender das acusações e apontou como seu substituto interino o vice-presidente da entidade Marcus Antônio Vicente, que é deputado federal pelo PP do Espírito Santo.

O indiciamento de 16 dirigentes da Fifa nesta quinta-feira – com a prisão em Zurique do paraguaio Juan Ángel Napout, presidente da Conmebol, e do hondurenho Alfredo Hawit, da Concacaf – inclui envolvimento em esquemas para pagar e receber mais de US$ 200 milhões (R$ 750 milhões) em propinas e subornos em contratos de competições, de acordo com documentos judiciais.

“Durante décadas, esses indiciados usaram seu poder como líderes das federações de futebol de todo o mundo para criar uma rede de corrupção e ganância que compromete a integridade do esporte”, disse o diretor do FBI James B. Comey.

Golpe

Presidente da CPI do Futebol, o senador Romário (PSB-RJ) classificou de ‘golpe’ o pedido de licença do presidente da CBF, Marco Polo Del Nero. Na noite desta quinta (3), o cartola pediu para deixar o cargo, mas não informou o período de sua ausência. O dirigente nomeou o deputado federal Marcus Vicente (PP-ES), de 61 anos, vice-presidente da Região Centro-Oeste, como seu substituto. Pelo estatuto da entidade, em caso de renúncia do presidente, o vice mais velho assumiria o cargo. O problema é que o nome da vez seria Delfim Peixoto, de 74 anos, presidente da Federação Catarinense e opositor de Del Nero. “Hoje é um grande dia para o futebol brasileiro. Apesar de estar feliz, não posso deixar de dizer que isso é mais um golpe aplicado pela CBF”, disse o senador. “O bom é que o Del Nero não volta mais ao poder. A Fifa e a Justiça dos EUA não vão deixar”, finalizou.

O documento judicial cita ainda um esquema relacionado com o pagamento e recebimento de subornos e propinas em conexão com o patrocínio da CBF por uma grande empresa norte-americana de material esportivo.

O atual presidente da CBF disse ser inocente. “Em nenhum dos procedimentos mencionados foi conferida ciência ao Presidente do conteúdo das acusações, sendo certa sua absoluta convicção da comprovação de sua inocência”, informou comunicado publicado no site da entidade.

Del Nero renunciou na semana passada à sua posição no comitê executivo da Fifa, entidade que comanda o futebol mundial. Ele foi indicado membro do comitê executivo em março de 2012, após a saída de Teixeira da presidência da CBF e do cargo na Fifa em meio a denúncias de corrupção. Teixeira comandou a CBF por 23 anos e era o presidente do comitê organizador da Copa do Mundo de 2014 quando renunciou aos cargos.

O também ex-presidente da CBF José Maria Marin, antecessor de Del Nero e sucessor de Teixeira, foi preso na Suíça em maio como parte de indiciamento anterior de autoridades norte-americanas e foi extraditado para os EUA, onde enfrenta acusações de recebimento de suborno em contratos de direitos de transmissão de torneios de futebol.

Del Nero, que assumiu a presidência da CBF em abril no lugar de Marin e cujo mandato vai até 2019, não viaja ao exterior desde o fim de maio, quando voltou da Suíça ao Brasil depois das prisões de dirigentes e executivos de marketing esportivo, entre eles Marin, por acusações de corrupção.

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Del Nero nega que tivesse conhecimento de qualquer irregularidade na CBF e alega que está se dedicando ao futebol brasileiro. O Comitê de Ética da Fifa informou também nesta quinta-feira ter iniciado procedimentos formais contra Del Nero em 23 de novembro. Ele pode ser suspenso de qualquer atividade ligada ao futebol.

Confira abaixo, a íntegra do comunicado da CBF sobre o afastamento de Del Nero:

“A Confederação Brasileira de Futebol vem a público informar, face às noticias veiculadas nesta data, que o Presidente Marco Polo Del Nero apresentou pedido de licença do cargo com a finalidade de dedicar-se à sua defesa, em vista de ter seu nome mencionado em acusações relatadas pela Justiça norte-americana e pelo Comitê de Ética da FIFA.

Em nenhum dos procedimentos relatados foi conferida ciência ao Presidente do conteúdo das acusações, sendo certa sua absoluta convicção da comprovação de sua inocência, tão logo possa exercer os consagrados e constitucionais direitos ao contraditório e à ampla defesa.

Neste período de licença, o Presidente, em cumprimento às suas atribuições estatutárias, designa, interinamente, para o exercício da Presidência da CBF o Vice-Presidente Marcus Antônio Vicente.”

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