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Aélcio de Oliveira, 50 anos, guarda camisas e autógrafos de jogadores famosos que passaram pela barbearia | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
Aélcio de Oliveira, 50 anos, guarda camisas e autógrafos de jogadores famosos que passaram pela barbearia| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

Seleção

Felipão e Dunga estão no currículo de cabelereiro

O barbeiro Aélcio de Oliveira, preferido dos boleiros atleticanos, já realizou duas vezes o sonho de todo jogador de futebol.

Ele foi ‘convocado’ para ajeitar o visual dos jogadores da seleção brasileira durante as Eliminatórias de 2002 e antes da Copa do Mundo de 2010. Nessas ocasiões, ele ficou à disposição de todo o elenco.

Além dos atletas, ele cortou, inclusive, o cabelo dos comandantes da seleção. Primeiro Luiz Felipe Scolari e depois, Dunga.

"Atendi primeiro o time do Felipão e depois a equipe que se preparou em Curitiba para a Copa da África. O professor Dunga é cuidadoso com o cabelo, tem os fios grossos e gosta no estilo bem quadrado. Procurei fazer o máximo possível para ficar bem arrumadinho", conta.

Dessas duas oportunidades que teve para trabalhar com a seleção brasileira, Aélcio ganhou de presente duas relíquias que ele guarda com cuidado na coleção de camisas. "Me ofereceram R$ 2 mil na camisa pentacampeã toda autografada. Na de 2010, quiseram me pagar R$ 5 mil. Mas não vendo de jeito nenhum", garante.

Robson Cândido da Silva, zagueiro que passou pelo Atlético entre 1997 e 1998, você é procurado no Aélcio Cabeleireiros, o rei dos penteados do CT do Caju.

Foi graças ao jogador, campeão da Copa do Brasil de 1993 pelo Cruzeiro, que Aélcio de Oliveira, 50 anos, abriu as portas para se tornar o barbeiro preferido dos boleiros atleticanos. Vizinho do centro de treinamento do bairro Umbará, ele nunca parou de atender os atletas do Furacão.

"O Robson passou aqui por acaso, falou que cortava o cabelo em vários lugares e queria saber se eu trabalhava bem de verdade. Cortei o cabelo dele antes de um treino de manhã... Sei que à tarde o Paulo Miranda, o Wilson e mais uns três vieram aqui. Depois eu o encontrei e agradeci pelo desafio", conta o barbeiro, que não dispensa o chapéu e o jaleco branco.

No currículo, clientes famosos como os volantes Kléberson e Fernandinho, o meia Jadson e o atacante Dagoberto. Do elenco atual, ele atende os atacantes Marcelo e Douglas Coutinho; o meia Marcos Guilherme; e o volante Deivid. O goleiro Weverton é o mais vaidoso com seu moicano.

Todos deixam, sem falta, o autógrafo na parede do salão — ele também trata de coxas e paranistas. Já são mais de 500 assinaturas, quase todas acompanhadas por elogios, além de dezenas de camisas que recebeu de presente.

Na profissão há 30 anos, Aélcio cobra R$ 15 pelo corte. Um preço acessível para um serviço que, segundo ele, é indispensável. Ainda mais para quem está em evidência na mídia. "Um bom corte de cabelo, um acabamento bem feito, passa uma imagem boa. Uma barba bem feita te dá uma imagem legal. Se cuidar sempre ajuda, né?", discursa ele, que é autodidata na técnica de desenho no cabelo. O mais famoso é o da ‘bola’ utilizada por Alan Bahia, em 2008.

Mas o barbeiro não é apenas um mero cortador de cabelo. Os minutos no salão também funcionam como um escape da rotina do futebol. No ritual com os boleiros é proibido cornetar e falar de futebol. "O pessoal vem dar um tapinha no cabelo, mas também vem ter um diálogo, bater uma resenha, como eles dizem. Isso é uma coisa que não existe, não tem preço. O cara lembrar de você depois de cinco anos e voltar aqui...", afirma. Recentemente, o lateral Fabiano, campeão em 2001, passou lá para ajeitar o visual.

Técnicos, como Geninho e Vadão, e membros da comissão técnica, como Antônio Lopes e o médico Diego Portugal, já passaram pela cadeira do barbeiro. O massagista Bolinha é frequentador assíduo. O presidente Mario Celso Petraglia ainda não, apesar de certa vez já o ter apresentado a visitantes como ‘barbeiro oficial’ do clube.

Projeto que Aélcio gostaria de tirar do papel. "É um sonho, gostaria mesmo de ter um salão lá dentro. Se não me engano, o São Paulo já tem; o Cruzeiro, também. Time grande como o Atlético tem de pensar nisso", conta ele, que tem outros dois projetos: cortar o cabelo do argentino Lionel Messi e rever o zagueiro Robson, hoje aposentado, para finalmente ter sua assinatura na parede do salão.

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