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 | Marco André Lima/ Tribuna
| Foto: Marco André Lima/ Tribuna
  • Vagner Mancini e Paulo Baier foram os mais assediados pela festiva torcida no Afonso Pena

Neste ano, o Atlético protagonizou a mais espetacular recuperação do Campeonato Brasileiro – do último lugar dos primeiros jogos a uma sólida entrada no G4, disputando palmo a palmo a vice-liderança. Como se não bastasse, na irrecorrível Copa do Brasil avançou destroçando adversários até a final contra o Flamengo.

O time foi pouco a pouco sendo absorvido pela crônica especializada do eixo Rio-SP (para quem o futebol do Paraná nunca passou de coadjuvante, e com razão), como a curiosidade do campeonato. Continua sendo uma curiosidade acidental vinda da Série B, mas já bastante respeitada. Ao mesmo tempo, Vagner Mancini – o homem certo no momento certo, e com o time adequado, essa difícil combinação que faz o triunfo dos treinadores – se inscreveu na lista dos técnicos brasileiros de primeira linha.

Cresceu o Atlético, da leveza surpreendente das primeiras rodadas em que tudo era lucro, para a responsabilidade pesada de se equilibrar, semana a semana, lá em cima. Em duas frentes: no Brasileirão e na Copa do Brasil. E o time sentiu, talvez mais na cabeça do que nas pernas. Quem está na frente sempre tem algo a perder – entre o pé e o chute vai um cálculo de tabelas e conveniências, a cabeça em dois ou três lugares ao mesmo tempo.

Houve um instante-chave que vou chamar de "fator Criciúma" – a ideia de que os três pontos do Botafogo valiam mais do que os três pontos do time catarinense, num campeonato em que o feijão com o arroz é só somar.

Com a equipe desfigurada em Criciúma, pouparam-se os jogadores que foram esmagados pelo Botafogo, justo quatro dias antes da primeira final contra o Flamengo, somando-se o moral baixo ao zero ponto em dois jogos. Fosse feito o contrário, teríamos três pontos a mais no Brasileirão e o time estaria psicologicamente mais forte contra o Flamengo no primeiro jogo? Não sei. É fácil fazer profecia retrospectiva. Mas o futebol é o esporte predileto da fênix, a ave que, além de renascer das cinzas, carrega muito peso e pode se transformar em pássaro de fogo. Como nos 6 a 1 contra o Náutico, que recolocou o time nos trilhos.

Por isso, não compartilho do desânimo atleticano que era visível no final do primeiro jogo, como se um empate fosse uma tragédia. Há pouco tempo o Flamengo ganhava de dois no mesmíssimo Maracanã e levou quatro do Atlético, num dos jogos inesquecíveis da nossa história. Aqui, é verdade, eles jogaram melhor – mas apenas conseguiram empatar.

Lá, será como no início: nada a perder. Basta centrar a cabeça e recuperar a garra e a leveza, que são as marcas do time. Temos uma vantagem sutil, mais importante que o empate deles: eles acham que já ganharam. Pois hoje, o país vai sentir o verdadeiro pulso deste Atlético em sua grande decisão – e, assim seja, voltaremos com a Taça.

*Cristovão Tezza é escritor, colunista da Gazeta do Povo e atleticano.

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