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Eles sonham em treinar jogadores com a técnica de Xavi e Messi, mas tem de se contentar com atletas que correm e usam a força como virtude. Admiram a teoria do futebol, mas, em sua maioria, é a prática adquirida nos campos que guia seus métodos. Em regra, são autodidatas, com baixa instrução acadêmica.

A Gazeta do Povo entrevistou os 12 treinadores que disputam o Campeonato Paranaense na tentativa de traçar um perfil do grupo. A maioria, oito deles, é ex-jogador de futebol. Alguns, renomados, como Darío Pereyra, Juan Ra­­món Carrasco e Marcelo Oli­­veira. Ou­­tros, completos desconhecidos, ca­­so de Fábio Giuntini, por exemplo, comandante do Roma.

Das poucas coisas em comum no campo teórico, surge a admiração pelo Barcelona, time preferido ao sentar no sofá de casa, e também o discurso da "atualização constante", porém valorizando a vivência no mundo da bola.

Dos ex-atletas, Rogério Perrô é o único que deixou os gramados, foi para faculdade e conseguiu terminar a graduação – Educação Fí­­sica. Outros até tentaram, como Alan All, do Rio Branco, mas, por várias razões, acabaram se contentando com o curso básico oferecido por sindicatos Brasil afora.

"Sem a experiência de jogador, eu diria que é muito difícil se tornar técnico hoje", afirma Perrô que, pelo pequeno quórum do grupo acadêmico na competição, parece ter razão. Da faculdade – sem jogar bola – direto para o banco de reservas da Série Ouro só vie­­ram Leandro Niehues e Richard Malka.

"Essa história de ‘só porque jo­­gou bola vai saber treinar’ não existe. Há bons técnicos que foram jo­­gadores e se prepararam como há bons técnicos que só têm formação e não jogaram", opina o co­­man­dan­te do Corinthians-PR.

Poucos foram mais além antes de iniciar a carreira, com a busca de especialização. Paulo Turra (com Felipão em Portugal) e Fábio Giuntini (na Bélgica e Holanda) fizeram intercâmbio no exterior. Richard Malka (fisiologia do esporte) e Cláudio Tencatti (pós-graduação em futebol) investiram em for­­mação. São exceções. "Eu não caí de paraquedas aqui, não", brinca Turra, o ‘professor’ do Cianorte, ti­­me revelação do campeonato.

Os quatro treinadores estão também do mesmo lado na divisão mais equilibrada da competição. No Paranaense, seis comandantes estão em começo de carreira. Além de Turra, Giuntini, Tencatti e Mal­­ka, Edson Paulista e Alan All.

Sobre o nível dos times locais, ninguém se expõe na análise. Quando falam, pedem anonimato. "O nível dos jogadores do Para­­naense é muito baixo. Você tem de tirar leite de pedra", afirma um. "O jogador brasileiro ainda tem dificuldade em entender a parte tática", dispara outro.

Um dos mais novos a ingressar do Estadual, Fábio Giuntini, tem a definição certeira para uma classe forjada na vivência: "Não existe certo ou errado no futebol. O certo é sempre quem vence".

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