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Seu Antenor Antunes com os inseparáveis sorvetes e o boné caído para o lado: volta à ativa após acidente que quase matou uma das lendas do futebol local | Brunno Covello / Gazeta do Povo
Seu Antenor Antunes com os inseparáveis sorvetes e o boné caído para o lado: volta à ativa após acidente que quase matou uma das lendas do futebol local| Foto: Brunno Covello / Gazeta do Povo
  • Seu Antenor Antunes: volta à ativa após acidente que quase matou uma das lendas do futebol local
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O Campeonato Paranaense deste ano marca o retorno de um dos mais famosos personagens dos estádios de Curitiba. "Coco, manga e chocolaaate... Abacaxiii, uvaaa". O bordão inconfundível do sorveteiro, enfim, volta a ecoar pelo concreto armado da Baixada, Couto Pereira e Vila Capanema.

O sumiço, repentino, durou mais de dois anos. "Sofri um acidente em uma estação tubo, em 2013, e fiquei impossibilitado de trabalhar. Mas estou recuperado e não vejo a hora de reencontrar os torcedores", prometeu Antenor Antunes, de 77 anos.

Manjado pelas torcidas de Atlético, Coritiba e Paraná, o velho sorveteiro virou atração graças ao berro, o boné para trás e a língua que salta para fora como um Gene Simmons dos picolés. Além do bigode fino e grisalho, é claro.

Por pouco, a figura inconfundível não se transformou em saudosa memória do futebol local. O tombo na saída do ônibus mandou Antenor para a UTI por duas semanas. "Ele cuspiu muito sangue. Não fosse por isso teria morrido", afirmou Maria de Souza, 67 anos, há quase 50 esposa de Antenor, com quem teve dois filhos, Lindomar e Lucinéia.

A queda provocou fraturas no crânio, perfurou um dos tímpanos e deixou sequelas que dificultam a locomoção e causam dor nas costas – por causa disso, deve passar a pilotar um carrinho de sorvetes. A marra e o bom humor, duas das principais características do ambulante, felizmente permanecem intactos.

Antenor recebeu a equipe da Gazeta do Povo em sua casa, próxima do trilho do trem, nas quebradas da Vila Oficinas. Um imóvel grande, confortável, com vários cães (um apelidado de "Alarme") e cercado por uma "mini-selva", preservada com capricho pela Dona Maria.

Não tivesse tratado do acidente, seria inimaginável pensar que Antenor passou dois anos no estaleiro. Trajando bermuda acima dos joelhos, tênis azul invocado (daqueles de corrida), não sossegou um minuto sequer, sempre disparando o slogan notável.

"Côco, manga e chocolaaate... Abacaxiii, uvaaa. Côco, manga e chocolaaate. Abacaxiii. Manga e cholaaate, uvaaa. Côco...", não cansou de repetir o sorveteiro, mineiro de Carlos Chagas, cidade distante 540 quilômetros de Belo Horizonte.

Há mais de 20 anos subindo e descendo os degraus de arquibancada, carregando o isopor nas costas e com um ramo de dinheiro nas mãos, Antenor não sabe precisar quando surgiu o grito original. "Foi naturalmente. As pessoas gostaram e ficou. E eu me divirto muito", contou.

"Esse velho é uma 'malinha'. Olha o tipo, o tênis de moleque, ninguém aguenta", brincou Renato Fernandes, vizinho. "Ele é sempre assim, brincalhão, não tem cara amarrada", completou a companheira Maria.

Os dois se conheceram na passagem de Antenor pela Bahia, nos anos 60. Já no início dos 70, ele veio para Curitiba antes, se arranjou com uma barraquinha de cachorro quente, e ela veio atrás logo em seguida. Nunca mais deixaram a cidade.

E logo que chegou já adotou um clube para torcer. Atleticanos, coxas-brancas e paranistas juram que Antenor já confessou que é adepto dos times deles. Para decepção da dupla Atletiba, o sorveteiro é tricolor.

"Eu era cobrador do Solitude quando um dia presenciei um casal discutindo no ônibus, era dia de Atlético e Colorado. Fui ver o que estava acontecendo e a moça perguntou se eu tinha um time. Disse que não, então ela falou 'a partir de agora é Colorado'", relembrou.

Quando não está vendendo sorvete – ou na função de cobrador em uma das estações tubo do bairro Capão da Imbuia –, Antenor gosta de ouvir música. De preferência, uns boleros de Nelson Gonçalves, Altemar Dutra, entre outros, que fazem trepidar as caixas de som do quartinho nos fundos.

Além de reencarnar o personagem preferido da galera que frequenta os jogos na capital, especialmente as crianças, um dos planos para 2015 é encontrar um toca-discos. "Ele não sabe mexer no aparelho de CD e está louco para achar um que toque os vinis antigos", disse Maria. Sorveteiro Antenor Antunes

"Côco, manga, chocolaaaate... Abacaxiii"

Antenor Antunes é um dos mais marcantes personagens dos estádios de Curitiba. Por anos, ele fez a alegria de todas as torcidas ao vender de forma única e divertida picolés pelas arquibancadas. Aos 77 anos, o cobrador de ônibus relembra seus bordões. Claro, com o boné virado para o lado.

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