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Estádio dos Pássaros, em Arapongas, passa por manutenção, mas não será palco dos jogos do Campeonato Paranaense neste ano: o time local pediu um ano de licença e não sabe se volta à ativa | Ivan Amorin/Gazeta do Povo
Estádio dos Pássaros, em Arapongas, passa por manutenção, mas não será palco dos jogos do Campeonato Paranaense neste ano: o time local pediu um ano de licença e não sabe se volta à ativa| Foto: Ivan Amorin/Gazeta do Povo

Federação

Presidente da FPF diz que entidade faz o que pode pelos filiados

O presidente da Federação Paranaense de Futebol (FPF), Hélio Cury, contesta a alegada falta de apoio aos clubes do estado. De acordo com o cartola, a entidade cumpre a sua parte dentro do possível.

"Nós pagamos todas as taxas de arbitragem da primeira fase do Estadual de 2014 e faremos o mesmo este ano. Além disso, não reajustamos as taxas da entidade, como registros, alvarás, há quatro anos. Ajudamos ainda com bolas etc", diz Cury, desde 2007 no comando da FPF e que neste ano vai concorrer à reeleição.

Segundo Cury, a FPF tem condições limitadas. "Eu peguei uma federação problemática. Estou pagando 20 anos de problemas", afirma, fazendo referência ao período da gestão do ex-presidente Onaireves Moura.

O dirigente diz ainda que os clubes que encerram suas atividades, ou perdem calendário, são os sustentados por empresários. "Se não dá certo, se o empresário não vê resultado, vai embora mesmo", finaliza.

Fantasmas

Veja quais times penaram com o Estadual:Adap Galo Maringá

No fim de 2006, Adap de Campo Mourão e Galo Maringá fizeram uma fusão para seguir na ativa. A sobrevida durou até 2008, quando o novo clube anunciou a desistência da disputa de 2009.

Iraty

Fundado em 1914, o tradicional clube do interior fez péssima campanha em 2012, último colocado, com uma vitória em 22 jogos. Com o rebaixamento, desistiu do futebol profissional. Roma

Fundado em 2002, foi rebaixado para a Segundona em 2012. Disputou o Acesso em 2013 e caiu. Em 2014 uniu-se ao Cincão, de Londrina, e formou o Apucarana Sports, que disputa o Acesso.

Grêmio E. Maringá S/C Ltda

Surgiu em 1998 e disputou a elite em 2002 e 2003, quando alcançou as quartas de final. Rebaixado à Divisão de acesso em 2004, decidiu sair de cena.

União Bandeirante

Fundado em 1964, tornou-se um dos clubes mais representativos do futebol paranaense, quatro vezes vice-campeão estadual, em 69, 71, 89 e 92. Disputou a elite pela última vez em 2005 e no ano seguinte fechou.

Engenheiro Beltrão

Surgiu em 2004, alcançou a elite em 2005 e acabou rebaixado na estreia entre os grandes. Voltou em 2007, jogou 2008, 2009 e em 2010 foi degolado novamente. Encerrou as atividades acusando a FPF de perseguição.

Império do Futebol

Criação do empresário Aurélio Almeida, o clube foi fundado em 2002 e chegou à Primeira Divisão em 2005. Foi rebaixado no primeiro ano e fechou em 2006.

Real Brasil

Também cria de Aurélio Almeida, foi fundado em 2005. Conquistou o acesso à Primeira Divisão em 2007. No ano seguinte, mudou-se para Brazlândia, cidade próxima de Brasília.

Cascavel

O clube recuperou o futebol na cidade em 2001. Chegou à elite em 2007 e foi rebaixado em 2011. Em 2012 foi para Terceira Divisão e passou o ano seguinte inativo por dívidas com a FPF. Voltou em 2014 na Terceira Divisão.

Iguaçu

Surgido em 1971, fez sua última participação na elite do Estadual em 2009, quando foi rebaixado e encerrou suas atividades. Tentou retornar em 2013, mas desistiu diante das dívidas com a FPF.

Arapongas

Foi resgatado em 2007 e subiu para a Primeira Divisão em 2010. Foi 3º colocado na elite em 2012 e campeão do interior. Em 2014 brigou contra o rebaixamento e conseguiu escapar. Em novembro pediu licença de um ano.

Os clubes do interior precisam lutar para sobreviver ao Campeonato Paranaense. Nos últimos 10 anos, pelo menos 11 times com passagens pela elite perderam calendário ou morreram na principal competição de futebol do estado, que inicia em sua versão 2015 no dia 1.º de fevereiro.

A principal justificativa dos clubes é a falta de apoio – de empresários da bola, prefeituras e empresas das cidades e, ainda, da Federação Paranaense de Futebol (FPF). Sem suporte externo, Adap Galo, Iraty, Roma, Grêmio Esportivo Maringá, União Bandeirante, Engenheiro Beltrão, Império do Futebol, Real Brasil, Cascavel Clube Recreativo, Iguaçu e Arapongas se tornaram "fantasmas".

O caso mais recente é o do Arapongas. Em novembro, a representação do Norte paranaense pediu licença das atividades por um ano, alegando problemas financeiros. Diante da desistência, o Foz do Iguaçu, terceiro lugar da Divisão de Acesso em 2014, herdou a vaga na Primeira Divisão.

"Um clube que não tiver o apoio de empresários ou do poder público não consegue sobreviver. Investi mais de R$ 3 milhões no Arapongas, R$ 1 milhão só no estádio, que ficou para a cidade, e não tive retorno", reclama Adir Leme, presidente do clube.

Empresário, Leme não tem planos para o apelidado Arapongão. "Quem quiser tocar, pode pegar. Eu abro mão. Há alguns interessados, mas nada certo", diz o dirigente. Caso volte aos gramados, os nortistas teriam de disputar a Terceira Divisão do Estadual.

Azulão

Em 2012 o tradicional Iraty deu adeus ao Paranaense. Naquela temporada, o Azulão viu seu investidor, o empresário Sérgio Malucelli, assumir a gestão do Londrina. Fez péssima campanha, foi rebaixado e decidiu fechar as portas.

"Ficamos com o elenco muito enfraquecido. E o Sérgio [Malucelli] foi transparente, disse que não poderia mais investir, que o elenco era aquele. Foi uma pena", relembra Édson Paulista, ex-jogador com passagem pelo Atlético e treinador da equipe de Irati na oportunidade.

Uma das agremiações mais antigas do futebol paranaense, o Iraty completou 100 anos em 2014 somente com atividade no social – piscina, sauna e campos de futebol. "Não temos planos para voltar. O gasto é muito alto", conta Jorge Ruteski, contador e presidente do clube.

Outro clube importante que fechou as portas foi o Iguaçu, de União da Vitória. Fundada em 1971, a Pantera do Vale, como a equipe ficou conhecida, parou com o futebol em 2009, após ser rebaixada para a Segundona, atolada em dívidas com a FPF.

Nos últimos meses, uma nova diretoria assumiu e passou a negociar com a federação o pagamento dos débitos. A intenção é voltar aos campeonatos este ano – caso se concretize, seria preciso disputar a Terceira Divisão.

"Estamos tentando voltar já em 2015, começando pelos campeonatos de base. Tem muita gente trabalhando para honrar os compromissos que ficaram do clube", declara Eduardo Schappo, da nova diretoria do Iguaçu.

Enquanto ainda esteve na ativa, o Iguaçu contou com o apoio da prefeitura local. "Nós ajudamos com transporte, saúde, alimentação. Dinheiro nós não demos porque é ilegal", comenta Hussein Bakri, prefeito de União da Vitória de 2001 a 2008 e deputado estadual (PSC).

Mesmo com o empurrão do poder público, não deu certo. "Houve um desânimo generalizado que se enraizou. Faltou energia para seguir em frente. Não sei o motivo, se as dívidas, o fato é que não continuou", recorda Bakri.

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