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Krüger, Hidalgo e Aladin: heróis de 73, torcedores hoje | Marcelo Andrade/ Gazeta do Povo
Krüger, Hidalgo e Aladin: heróis de 73, torcedores hoje| Foto: Marcelo Andrade/ Gazeta do Povo

A vontade de todos no Coritiba de conquistar o tricampeonato estadual no Atletiba não chega nem perto da obsessão de 39 anos atrás. Em 1973, depois de seis bicampeonatos, o Alviverde finalmente conseguiu o terceiro título seguido na única vez até agora, em uma sequência que chegou ao hexacampeonato. Algo inesquecível para quem estava em campo.

Convidados pela Gazeta do Povo, o ex-volante José (Capitão) Hidalgo Neto, 68; o ex-ponta-esquerda Aladim Luciano, 65; e o ex-meia-atacante Dirceu Krüger, 67, foram até o Memorial do Coxa. Entre lembranças físicas e outras das suas cabeças, o trio se empolgou ao reviver uma história inédita para os coritibanos.

"Era uma fobia [não conquistar o tri]", assume Krüger. "Quando cheguei aqui 42 anos atrás já existia esta ideia de ser tricampeão. Era uma lavagem cerebral", acrescenta Hidalgo. "Era um sonho e caiu justamente em um ano que se ganhou muita coisa. Teve também o Torneio do Povo e um giro internacional. É difícil bater uma condição dessas", completa o eterno capitão coxa-branca.

Diante desta fama de o melhor elenco já formado no Alto da Glória, Aladim, que chegou em 1973, recorda qual era um dos segredo do sucesso. "A cozinha, como se chama a defesa no futebol, era a mesma de temporadas anteriores, com Jairo, Orlando Hermes, Oberdan, Cláudio e Nilo e isso foi sucessivamente até 74. A equipe que tem um alicerce como esse daí tem tudo para ganhar", diz.

Confiantes na conquista do título hoje, os três também veem a manutenção de uma base desde 2010 no Coxa. "Isso me fez lembrar o nosso tempo. A gente despedia-se em dezembro e ninguém ia para outro time. Dia 5 de janeiro estava todo mundo junto", conta Hidalgo.

Mas, segundo os ídolos alviverdes, as semelhanças separadas por quase quatro décadas não param por aí. "A equipe era muito unida e assim as coisas funcionam. E não era só o grupo. Todos faziam parte da mesma equipe, como hoje eu vejo no Coritiba", conta Krüger, a Flecha Loira que, segundo Aladim, tinha as mesmas características do meia-atacante Rafinha.

Entre as histórias contadas pelos ex-jogadores, fica claro que essa união passava também pela tradicional "lavagem de roupa suja" após o jogo no vestiário e até no Bar do Valentim, onde o elenco se encontrava. Mas passava também pela alegria do "batuque do Nilo" nas viagens de ônibus e por chegar mais cedo no treino só para fazer uma brincadeirinha de toque de bola atrás do gol.

"Às vezes, 5h30 da manhã tinha de estar dentro de campo, com um frio desgraçado. Todo mundo vinha, até o Zé Roberto, que era a ovelha negra da equipe, já vinha direto", brinca Aladim. "Nós brigávamos no campo, tomávamos banho, íamos embora, tomávamos café, jantávamos juntos, mas era um elenco de personalidade e tinha um presidente [Evangelino Neves] que estava atento a tudo", ressalta Hidalgo.

Os três acham que, se jogassem hoje, seriam milionários. Hidalgo acredita que estaria na Espanha. Mas, segundo eles, a história marcada no Coritiba não tem preço. "O que vale para nós jogadores é a carteira de trabalho. Na carteira tem de dizer ‘campeão, campeão, campeão, campeão, campeão’. Aí os caras te respeitam. Não é porque você tem piscina, tem carro", ressalta o ex-capitão. "Eu falo com o maior orgulho: joguei 11 anos no Coritiba e estou há 46 anos clube. Isso não tem dinheiro que pague. Estamos enraizados aqui", finaliza Krüger.

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