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Dunga pede respeito ao Haiti em jogo no qual tem pouco a ganhar e muito a perder. | Lucas Figueiredo/MoWA Press
Dunga pede respeito ao Haiti em jogo no qual tem pouco a ganhar e muito a perder.| Foto: Lucas Figueiredo/MoWA Press

Muita coisa mudou desde o dia 18 de agosto de 2004, quando o futebol brasileiro, como parte de uma missão humanitária num Haiti mergulhado na guerra civil e numa crise que colocava 80% da população abaixo da linha de pobreza, levou 90 minutos de alegria a um país íntimo do sofrimento. A bem da verdade, muita coisa mudou na seleção, não no país. Nesta quarta-feira, o Brasil reencontra os haitianos, às 20h30 (de Brasília), em Orlando, pela Copa América Centenário.

De acordo com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o Haiti segue como o país mais pobre das Américas. Já a situação da seleção brasileira, hoje, é muito menos cômoda do que a do grupo que chegou a Porto Príncipe com status de superastros. Então campeã do mundo, a seleção chegou ao Haiti para um amistoso idealizado pelo governo federal, que à época enviara o exército brasileiro para liderar uma missão de paz no país. No trajeto do aeroporto ao estádio, cenas comoventes de alegria, gratidão e idolatria. Como se os verdadeiros missionários fossem os jogadores brasileiros.

TABELA: Confira a classificação da Copa América

Passados 12 anos, mudam o status da seleção e as consequências do resultado. Assim como em 2004, é difícil conceber um resultado diferente da vitória do Brasil. No entanto, entra em campo uma seleção com pouco crédito, que precisa vencer e jogar bem para amansar a crise que insiste em rondá-la. O Brasil é, hoje, um time sob permanente desconfiança.

FICHA TÉCNICA: Veja a provável escalação de Brasil e Haiti

“Temos que respeitar o adversário e jogar sempre para vencer. O que vai acontecer durante a partida é uma outra coisa”, disse Dunga.

Em tese, o treinador vive um paradoxo. É bom ter, neste momento de crise de resultados em partidas oficiais, um rival com pouca qualificação, que permite vislumbrar uma vitória mais do que provável. Por outro lado, é como se a seleção entrasse em campo com muito pouco a ganhar e um mundo a perder em caso não apenas de um pouco palpável tropeço, mas de uma atuação insatisfatória.

Time

A seleção do Brasil deve entrar em campo com a mesma equipe que empatou com o Equador, por 0 a 0. O técnico Dunga havia sugerido lançar o zagueiro Miranda contra o Haiti, mas ele fez apenas exercícios leves na lateral do campo e deve ficar de fora. O treino terminou mais cedo por causa da forte chuva, mas Dunga pôde ensaiar várias jogadas de bola parada nas proximidades da área.

Encerrada a primeira rodada das eliminatórias, Dunga tem que lidar com algo além da cobrança por evolução da seleção. É levado a comentar as constantes comparações entre o desempenho do Brasil e o das principais seleções do continente. Em parte por problemas de lesão, mas em grande parte, também, por opções da comissão técnica, a seleção brasileira tenta entrosar um time que, desde a Copa do Mundo, vem passando por permanentes transformações. E busca sua identidade. É justamente o tempo de trabalho o argumento usado por Dunga.

“Muitas equipes têm um trabalho de antes da Copa do Mundo, que já dura oito ou dez anos. São seleções que têm uma estrutura, um tempo maior e jogadores experientes. Nós temos dois anos de trabalho. Era natural dar oportunidade a jogadores que estiveram no último Mundial e, também, abrir espaço para outros que estão se destacando. Até que tenhamos uma base formada”, comentou o treinador, afirmando que aposta na qualidade do jogador brasileiro para diminuir a distância em relação aos principais rivais.

Dunga convive, também, com uma dificuldade que não é só dele, mas de boa parte das equipes. A Copa América conta com enorme quantidade de jogadores em fim de temporada, já que o futebol europeu é o principal fornecedor de convocados das seleções. Assim, a carga de treinos tem que ser reduzida. “Não temos muito tempo para treinar. Tentamos treinar com qualidade”, opinou Dunga.

Um das missões desta quarta-feira, diante de um adversário teoricamente frágil, é finalizar bem mais do que no 0 a 0 com o Equador, na estreia da competição, no último sábado.

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