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Atlético e Coritiba estão cada vez mais distantes | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Atlético e Coritiba estão cada vez mais distantes| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Quando Edivaldo Elias da Silva autorizar o início do Atletiba 353, Coritiba e Atlético encerrarão um jejum de 287 dias sem se enfrentar. A espera de nove meses e meio, a sétima maior da história do clássico, serviu para acentuar ainda mais o antagonismo natural entre os clubes. Ao longo de 89 anos de rivalidade, poucas vezes coxas e rubro-negros percorreram caminhos tão opostos.

O sinal mais evidente está na forma como cada rival encara a partida de hoje. Marquinhos Santos escalará o melhor Coritiba que tem à disposição, o que inclui jogadores caros como Deivid e Leandro Almeida; ídolos como Rafinha; titulares antigos como Vanderlei e Alex, este de volta ao clássico após 16 anos. Tudo de acordo com o tratamento que a diretoria alviverde decidiu dar ao Paranaense. Conquistar o tetra é um dos objetivos e vencer o rival aproxima o Coxa da meta.

Para o Atlético, a disputa local é a menos importante da temporada. Apesar do desejo dos jogadores e do pedido da comissão técnica para usar o time titular, o Furacão será representado, a exemplo das nove rodadas anteriores, pelo sub-23. Para atenuar o favoritismo do rival, o time de Arthur Bernardes terá a História a seu favor. Em 2003, na Copa Sesquicentenário, e em 2005, no Brasileiro, com times reservas, bateu o Coritiba. Uma façanha que, se repetida hoje, será acompanhada de perto por bem menos atleticanos do que poderia.

À torcida rubro-negra foi reservada 10% da carga de ingresso. A cessão de um espaço maior, para 15 mil pessoas, esbarrou na falta de entendimento entre as diretorias de Coritiba, Atlético e Paraná para a realização de todos os clássicos do Estadual no Couto. Os dois maiores rivais do futebol paranaense recorreram a notas oficiais para defender sua posição – e cutucar o outro lado. Prática recorrente desde o ano passado. De empréstimo de estádio ao financiamento da reforma da Arena para a Copa, quase tudo motivou trocas de farpas nos veículos institucionais dos clubes.

"Tudo briguinha pessoal", constata o jornalista Carneiro Neto, colunista da Gazeta do Povo e autor do livro Atletiba: Paixão das Multidões. Para Carneiro, a troca de farpas faz parte da história do clássico, embora hoje repleta de "maus modos". "O Antônio Couto Pereira [presidente coxa de 1937 a 45] e o Manoel Aranha [presidente rubro-negro de 1943 a 45] eram inimigos, se enfrentavam na Federação. Nos anos 60 era Aryon Cornelsen e Miguel Checchia [Coritiba] contra Abílio Ribeiro e Caju ou Jackson do Nascimento [Atlético], gente que vivia o clube", compara.

Distantes hoje em dia, os atuais presidentes de Coritiba e Atlético eram próximos até pouco tempo atrás. Em 2010, quando Vilson Ribeiro de Andrade era o vice alviverde e Mario Celso Petraglia era oposição no Furacão, ambos trocavam ideias sobre gestão do futebol. Não à toa, algumas práticas defendidas na Baixada foram implantadas no Alto da Glória, como encarecimento do ingresso avulso para incentivar a associação dos torcedores e distanciamento (mesmo que por um breve período) das organizadas.

Com rivalidade acirrada nos bastidores, o Atletiba receberá um amplo sistema de segurança, com 800 homens das polícias militar, civil e guarda municipal, monitoramento da internet e reforço em pontos críticos no caminho para o estádio.

"A rivalidade foi mudando com o passar do tempo. No início dos anos 70, assisti a Atletibas sentado do lado de atleticano. Se um torcedor fosse agredido por passar entre em um grupo de torcedores do outro time, isso seria visto como selvageria. Hoje, chamam de rivalidade", compara Guilherme Costa Straube, do Grupo Helênicos, dedicado à história do Coritiba. Uma rivalidade que será retomada hoje – espera-se – somente dentro de campo.

Clássico ganha jeito de ‘tudo ou nada’

André Pugliesi

O Atletiba de hoje, às 16 horas, potencializa a característica principal do clássico mais tradicional do Paraná. No Couto Pereira, pela penúltima rodada do primeiro turno do Estadual, o confronto da vez é capaz de jogar alviverdes e rubro-negros para além do céu ou do inferno da bola.

A responsabilidade maior, não há como negar, pesa sobre o Coritiba. Diante de um Atlético sub-23, e próximo do título da volta inicial do certame, os donos da casa têm, em 90 minutos, muito a ganhar – e a perder. "É um jogo perigoso. Pode ser tornar traiçoeiro para as nossas pretensões", comenta o técnico Marquinhos Santos.

Uma vitória e o Coxa caminha passo importante rumo à concretização do sonho do tetra paranaense. Também reforça o tabu de não perder para o rival em seus domínios desde janeiro de 2008.

Cenário bem diferente em caso de empate. No Alto da Glória, o impacto será de fracasso. "E uma derrota muda tudo para a próxima semana. Por isso vamos preparados para vencer, para que as reações sejam positivas na próxima semana", declara o meia coritibano Alex.

Na Baixada, uma igualdade terá sabor oposto, de vitória, considerando a inexperiência da equipe e o retrospecto ruim na competição – em nove jogos, venceu dois, empatou cinco e perdeu dois.

Se um empate servirá como alento para os comandados de Arthur Bernardes, um triunfo da piazada em pleno Couto Pereira será um feito considerável. Dará fôlego à diretoria atleticana e abrandará as cobranças da galera.

Na vitória por 3 a 1 sobre o J. Malucelli, na rodada anterior, os rubro-negros pediram pela entrada dos jogadores titulares no Paranaense. Um levantamento encomendado pela Gazeta do Povo à Paraná Pesquisas e publicado na edição de ontem comprovou o descontentamento. Dos 380 atleticanos entrevistados, 70,5% não concordam com a utilização de um time B no Estadual.

O Furacão, entretanto, não tem apenas a ganhar na tarde de hoje. Uma derrota dura para o arquirrival pode esgotar de vez a paciência da torcida e complicar o planejamento para o restante da temporada, ampliando as cobranças sobre a diretoria.

Foi em entrevista concedida em janeiro, o presidente do clube, Mario Celso Petraglia, afirmou que o Rubro-Negro não iria utilizar o elenco comandado pelo então técnico Ricardo Drubscky no certame local. Paulo Baier e companhia devem apenas treinar e jogar amistosos visando à estreia na Copa do Brasil, em 3 de abril diante do Brasil de Pelotas (RS). Pode ser tudo. Ou nada.

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