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No último dia do prazo legal, o Coritiba divulgou o balanço financeiro da temporada 2014: ano difícil para as contas do clube. | Giuliano Gomes/Tribuna
No último dia do prazo legal, o Coritiba divulgou o balanço financeiro da temporada 2014: ano difícil para as contas do clube.| Foto: Giuliano Gomes/Tribuna

Para sanar os problemas financeiros do ano passado, incluindo atraso de salários, o Coritiba antecipou cerca de R$ 36 milhões da receita prevista para receber da televisão até 2018 e o equivalente à participação na primeira fase da Copa do Brasil deste ano. Essa é uma das informações do balanço financeiro de 2014 do Coxa, divulgado nesta quinta-feira (30), último dia para que os clubes publicassem suas contas da última temporada.

Pelo balanço, o Alviverde teria tomado R$ 42 milhões em empréstimo de financeiras. Na prática, a conta é quase essa. Apenas cerca de R$ 6 milhões são realmente de empréstimo, pelo qual foi dado como garantia o imóvel situado em Campina Grande do Sul, local em que será construído o novo centro de treinamento. O restante é a antecipação da renda dos direitos de tevê e participação na Copa do Brasil.

Pelo documento, o Coxa já não teria direito a receber qualquer dinheiro da Rede Globo – emissora que transmite os jogos do Brasileiro – em 2015 por este ter sido embolsado anteriormente. Assim, na prática o clube estaria recebendo valores referentes ao período entre 2016 e 2018. Ou seja, são R$ 36 milhões a menos no orçamento de R$ 143 milhões a que o time do Alto da Glória ainda teria direito pelo contrato.

Segundo o especialista em gestão esportiva e marketing, Amir Somoggi, os resultados financeiros são desanimadores. “A receita do clube caiu de R$ 97 milhões para R$ 87 milhões e o custo com o futebol cresceu de R$ 65,4 milhões para 73,2 milhões. Ou seja, pulou de 68% da receita para 84% da receita, o que é incompatível com o máximo de 70% previsto na Medida Provisória (MP) do Futebol”, lembrou o analista.

O ex-presidente do Coxa, Vilson Ribeiro de Andrade, mandatário do clube até o fim do ano, alegou ter divergências sobre o relatório oficial divulgado pela nova gestão. “Não é verdade que a atual diretoria não tem nada a receber esse ano da televisão. Cerca de 40% foi antecipado, mas 60% ficou para esse ano”, contestou. “Além disso, há o valor pelo Premiere [pay-per-view], de cerca de R$ 4 milhões, que não é projetável como receita futura, pois é variável”, acrescentou.

O ex-dirigente explicou que deixou R$ 8 milhões para fluxo de caixa para a próxima gestão e que 50% do total dívida deve ser alongada com a MP, o que permitirá que ela seja administrável. “É importante ressaltar que no déficit maior de 2014 está incluído R$ 8 milhões, por exemplo, que não saíram do caixa do clube. É uma provisão trabalhista, uma previsão caso o clube perca ações na justiça”, afirmou, lembrando que em 2014 foi cobrada uma dívida antiga com o Banco Central de R$ 9 milhões, entre outras demandas.

Segundo Vilson, pegar receitas futuras era questão de sobrevivência para o Coritiba. “Eu entrei em 2010 com um déficit de R$ 75 milhões em caixa. Para gerir, você tem de fazer a antecipação para poder movimentar o clube”, argumentou.

A dívida do clube fechou dezembro em R$ 202 milhões. Um acréscimo de R$ 47 milhões em relação aos R$ 155 milhões do ano anterior. Desse total, a dívida a curto prazo é de R$ 106 milhões (52%), com destaque para as obrigações trabalhistas e sociais (R$ 39 milhões) e tributárias (R$ 33 milhões). A matemática de Amir Somoggi, é um pouco diferente. Para ele, a dívida total do Coritiba é ainda maior, de R$ 214 milhões, contra R$ 168 milhões de 2013. “O déficit no ano pulou de R$ 6,7 milhões para R$ 43 milhões”, complementou.

Por fim, chama a atenção a perda de R$ 4,7 milhões de receita com associados de 2013 para 2014, o que foi parcialmente recuperado com R$ 3,3 milhões a mais em patrocínio. A venda de atletas, porém, despencou: de R$ 18 milhões para cerca de R$ 8 milhões, uma redução de mais de 56%.

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