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Marquinhos Santos assumiu o Coxa após ser liberado das categorias de base da seleção | Felipe Rosa/ Gazeta do Povo
Marquinhos Santos assumiu o Coxa após ser liberado das categorias de base da seleção| Foto: Felipe Rosa/ Gazeta do Povo

Entrevista

Técnico diz que personalidade forte compensa juventude

Marquinhos Santos, técnico do Coritiba.

Robson Martins

Antes de embarcar para Goiânia, onde o Coxa enfrenta amanhã o Atlético-GO, às 20h30, o técnico Marquinhos Santos falou ontem sobre o começo de trabalho no comando do time principal do Coxa.

Como os jogadores tem assimilado estes primeiros dias seus no comando?

Eles estão assimilando muito bem, apesar do pouco tempo, apenas alguns dias. Primeiro, acho que é importante nós montarmos a estratégia e o padrão de jogo tático, o sistema que nós vamos utilizar. Independentemente da peça, eles entenderem a filosofia do jogo já é um grande ganho pelo pouco tempo de trabalho.

Qual a importância de ter o Tcheco ao seu lado neste começo de trabalho?

De suma importância. O Tcheco é um excelente profissional e vem amadurecendo agora fora das quatro linhas, o que é uma situação totalmente diferente e ele percebeu isso também. Ter a presença do [auxiliar] Édison Borges, do [preparador físico] Glydiston [Ananias] e do [preparador de goleiros] Rogério Maia também é importante. Estão aqui há muito tempo. Isso nos ajuda a encurtar o caminho para os objetivos do Coritiba.

Sendo jovem, como você espera ganhar a confiança dos jogadores?

Apesar da pouca idade que eu tenho para treinador de futebol, sou de uma personalidade forte, tenho esta maneira de trabalhar. É um passo a cada dia. Jogo após jogo eu vou conquistando a confiança não só do grupo, como da diretoria e da torcida do Coritiba.

Em quem você se espelha como treinador?

Com a globalização do futebol, nós estamos vendo treinadores jovens e estudiosos. Caso do André Vilas Boas [Tottenham], do Mourinho [Real Madri], que começou novo também. O próprio Pepe Guardiola [ex-Barcelona]. Treinadores estudiosos que procuraram espaço. É nestes profissionais que eu me espelho para que eu possa alcançar um caminho de sucesso.

Pereira foi o primeiro a se levantar no vestiário do CT da Graciosa. Diante do grupo que havia acabado de chegar de São Paulo estava Marquinhos Santos. Um dos atletas mais experientes do elenco, no clube há quatro anos, o zagueiro ressaltou a importância de todos assumirem a responsabilidade de tirar o time da beira da zona de rebaixamento e deu força ao novo treinador.

Outras lideranças também se manifestaram: Lincoln, Willian e Rafinha. Deivid, que naquela semana havia chegado do Flamengo, deu o testemunho de quem, até outro dia de fora, via o Coritiba como um elenco similar ao de Corinthians, Flamengo, Santos, entre outros. A diferença era uma questão de atitude. Mesma tecla batida por Tcheco, que em três meses passou de jogador a auxiliar, com uma escala no departamento de futebol.

A reunião no CT da Graciosa foi o ponto da virada no momento mais turbulento da temporada. O fim de uma tensão iniciada cerca de 15 horas antes, no vestiário do Canindé. O ambiente era estranho. À tristeza natural de quem acaba de tomar um 3 a 0, se misturava um certo conformismo de quem começava a se acostumar com as derrotas fora de casa. Em uma sala reservada, Vilson Ribeiro de Andrade, Felipe Ximenes e Marcelo Oliveira tinham uma breve reunião. Não chegaram a uma conclusão, que ficou para a manhã seguinte. Ideia expressa pelo presidente minutos depois, em entrevista coletiva.

Àquela altura, a diretoria já havia avaliado as opções de mercado. Caio Júnior estava descartado; o treinador saiu do Bahia para acompanhar o filho caçula em um intercâmbio nos Estados Unidos até o fim do ano. Marquinhos Santos constava do projeto alviverde para o ano que vem. Voltaria ao clube para ser auxiliar técnico permanente – talvez até mesmo de Marcelo Oliveira. Foi alçado a plano A a partir do momento em que Andrés Sanchez, diretor de seleções da CBF, abriu o caminho para a liberação imediata do treinador. Faltava demitir Marcelo.

A demissão ocorreu logo no início da manhã seguinte, antes das 7 horas. À medida em que a delegação coxa-branca descia para tomar café no Hotel Bourbon, em Atibaia, a notícia se espalhava. Não apenas dentro da concentração. Começavam a pipocar no telefone celular de alguns jogadores mensagens de atletas que passaram recentemente pelo Alto da Glória falando da demissão.

O rumor cresceu ainda mais quando o ônibus da delegação deixou o hotel sem Marcelo. Poucos metros depois, o veículo parou e Felipe Ximenes – enfatizando estar chateado com a situação – comunicou a decisão ao grupo. Logo depois, a notícia foi publicada no site do Coritiba. Mais alguns minutos e Ximenes recebeu uma ligação de Andrés oficializando a liberação de Marquinhos Santos. Aí, sim, o elenco foi avisado imediatamente da contratação do novo treinador, que estaria à espera deles no CT.

Marquinhos já estava em Curitiba para o feriado. Compensou o pouco tempo até o jogo com o Flamengo com um golpe de paixão e outro de sorte. Torcedor coxa, assistiu a todos os jogos da equipe no Brasileiro. Sabia das possibilidades que tinha em mãos. Duas semanas antes, esteve na Gávea conversando com Dorival Júnior – especificamente sobre os garotos com idade para defender a seleção sub-20. Sabia o que o esperava do outro lado. Fez os ajustes finais em um coletivo de 50 minutos, na sexta-feira, e em conversas individuais na concentração.

Menos de 70 horas depois da impactante derrota no Canindé, o Coritiba voltava a campo para enfrentar o Flamengo. Venceu por 3 a 0, reabilitou-se no Brasileiro. No vestiário, Xi­­menes fez um discurso inflamado: exaltou a entrega do elenco, dividiu os méritos entre Marcelo Oliveira e Marquinhos Santos. E lembrou: o projeto alviverde continuava firme.

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