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Júlio César, 36 anos, compara torneio indiano a Liga dos Campeões. | /Divulgação
Júlio César, 36 anos, compara torneio indiano a Liga dos Campeões.| Foto: /Divulgação

De passagem pela Índia, o atacante ex-Coritiba Júlio César está disputando a Superliga Indiana pelo Goa FC. Morando no hotel cinco estrelas – que pertence ao magnata dono do clube – o jogador de 36 anos, que vestiu a camisa coxa-branca em 2013 e 2014 (com apenas nove gols em 40 jogos), conta sobre o primeiro mês que está passando pelo continente asiático.

Em um país sem muita tradição no futebol, os endinheirados locais dão regalias aos boleiros.

“Vou ficar aqui só três meses, que é o tempo de duração do torneio. O hotel é do presidente do time e é onde ficam hospedados os jogadores estrangeiros. Cada um tem seu quarto e temos tudo disponível. Mas não é só mordomia. Levamos a rotina de uma equipe normal de futebol. Mas o campeonato é muito organizado, estádio com mais de 30 mil pessoas. Parece Champions League em estrutura”, conta Júlio César se referindo ao maior campeonato europeu de clubes, torneio que disputou pelo AEK, da Grécia.

Júlio César está no 12º clube de sua carreira

O FC Goa é treinado por Zico e ainda conta com outros sete brasileiros no elenco. Entre eles o zagueiro Lúcio, campeão do mundo com a seleção em 2002, o atacante Reinaldo, ex-Flamengo e Paraná, e o volante Richarlyson, ex- São Paulo. Outro nome conhecido do futebol nacional é o meia Romeo Fernandes, que passou pelo Atlético e se tornou o primeiro indiano a atuar no futebol profissional brasileiro .

Prêmio em dinheiro por ser o ‘cara do jogo’. Pela moeda indiana, uma quantia pequena, segundo o jogador. Divulgação

A Superliga Indiana é um torneio paralelo ao principal campeonato do país, feito especialmente para levar estrelas ao futebol asiático e aumentar a popularidade do esporte. “Cada jogo é uma grande festa para eles”, explica Júlio César. Na competição tiro curto jogam, por exemplo, o uruguaio Diego Forlan, o francês Malouda, o portugûes Hélder Postiga, além do ex-jogador e atualmente treinador Marco Materazzi.

“O nosso hotel é bom, mas não se compara com o dos outros clubes. Aqui não é igual Dubai que os sheiks dão presentes e carrões, mas quando eles querem trazer os ‘all-stars’, como eles chamam os jogadores mais famosos por aqui, os presidentes das equipes abrem o bolso mesmo”, explica o atacante.

Vida na Índia

“Aqui é boi e vaca para todos os lados. Teve um dia que o carro quase bateu para desviar de uma vaca. O trânsito é maluco demais, não tem lei, é uma loucura mesmo”, brinca Júlio César sobre o animal que é sagrado no país asiático . Natural de Itaguaí, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, o atacante formado na base do Fluminense também conta que se assustou com o tamanho da desigualdade na Índia.

“Em Nova Délhi [capital da Índia] é assustador, as favelas são maiores que as cariocas. E tem aquele contraste com hotéis seis estrelas. O que também assusta é o tanto de gente que tem nesse país. Para tudo tem fila. Para viajar então, pelo menos quatro horas de fila. Eles também são muito preocupados com terrorismo nos aeroportos e são exigentes na revista”, conta. A Índia é o segundo país mais populoso do mundo, com 1,31 bilhões de habitantes, quase sete vezes mais que o Brasil. “Mas o povo indiano é muito gente boa, eles estão sempre felizes”, complementa.

Fuga do rebaixamento com o Coritiba

Antes do Coxa, Júlio César fez a carreira quase inteira fora do país. Rodou por Rússia, Portugal, Grécia, Romênia e Turquia. Mas o próprio atacante admite a frustração com sua passagem pelo Alto da Glória. O jogador foi contratado no início de 2013 depois de duas temporadas de destaque pelo Figueirense, mas depois de dois anos e muitas lesões deixou o Verdão no final de 2014 com apenas nove gols em 40 jogos.

“Eu joguei em muitos clubes na minha carreira, mas pelo Coritiba criei um carinho especial, assim como no Figueirense. Se eu tivesse ficado mais um ano no Coxa, estaria morando em Curitiba hoje em dia. Foi complicada a minha passagem, eu não tinha sequência, tive problemas de lesão e sempre entrava na fogueira, sem ritmo”, revela Júlio César, que ainda mantém amizade com o ex-meia Alex, com o zagueiro Luccas Claro e com outros jogadores do atual elenco.

“Estou acompanhando o time esse ano, tenho certeza que vai escapar e com mais tranquilidade do que nos outros anos”, prevê. Nas duas temporadas de Júlio César no Coritiba, o clube viveu momentos conturbados e lutou contra o rebaixamento até o final do Brasileirão. Em 2014, o elenco chegou a entrar com uma faixa em campo em uma partida do Brasileirão protestando contra salários atrasados e as “promessas em vão” do presidente na época Vilson Ribeiro de Andrade.

Eu saí com a minha consciência limpa. Os bastidores nesses anos foi coisa de louco. Se a gente não fecha [o grupo], tínhamos caído. Os jogadores mais experientes se fecharam e não deixaram”, finaliza.

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