Ex-presidente Jacob Mehl ataca a gestão do Coritiba: “Parece o Brasil. Não sabemos quem manda”

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Presidente do Coritiba entre 1990 e 1991 e entre 1998 e 1999, João Jacob Mehl, está indignado com a diretoria e o conselho do clube. Diante disso, o ex-dirigente resolveu escrever uma carta pública para expor a sua posição e convocar coxas-brancas mais antigos a retornarem ao clube. Assinam também o documento os coxas-brancas Carlos Zanetti, Luiz Biazetto, Luiz Conceição e Jean Feder.

Na carta, o conselheiro vitalício de 72 anos afirma que o atual g5 “não tinha a menor condição de vencer e gerenciar o clube”, que na história do Coritiba esse atual Conselho Deliberativo tem “a pior composição já feita” e que tem vergonha do que assistiu no conselho no ano passado, com a crise do WhatsApp. Sobrou até para o ex-meia Alex, acusado de negar-se a ajudar a atual gestão.

“O Coritiba é o retrato do Brasil. Não sabemos quem manda, o dinheiro para a Federação ficou mal explicado, brigas internas, completa desarmonia entre diretores e funcionários, contratações absurdas, reflexo do desconhecimento e incompetência. Contratamos para cuidar do futebol pessoas de capacidade duvidosa e sem comprometimento”, diz Jacob Mehl no texto.

Questionado pela Gazeta do Povo sobre o motivo de ter se manifestado publicamente sobre o assunto, o ex-presidente, que tem 49 anos de Coritiba, disse que todos os dias é cobrado por torcedores e conselheiros para que se posicione.

“Temos que mexer com os velhos coxas-brancas. Minha preocupação é que o clube fique na mão de gente inexperiente, sem bagagem e história no clube”, afirmou. “Há um descompasso grande e isso reflete dentro de campo. Pela falta de experiência, não é a toa que caímos no primeiro ano da presidência de Giovani Gionédis, no primeiro ano de Jair Cirino e só não caímos ano passado porque o Palmeiras e o Santos utilizaram um time de segundo escalão na reta final do Brasileiro”, opina, ressaltando que a atual diretoria é bem intencionada, mas peca pela falta de bagagem,

O Deliberativo também foi muito criticado. “Eu passo vergonha lá dentro. Há pouca razão, pouco equilíbrio na composição do Conselho”, critica.

O Coritiba, através da assessoria de imprensa, afirmou que o clube não comentaria a carta porque o Conselho deveria ser o melhor local para ser discutido o assunto e não através da mídia. Questionado porque não restringiu essa discussão ao Deliberativo coxa-branca, Jacob Mehl afirmou que “a intenção é chamar justamente aqueles que não estão no conselho, que estão afastados em casa, aborrecidos, desanimados. Essas pessoas têm que voltar, o Coritiba precisa delas. Senão vai ficar assim ou pior”, avisa, citando nomes como Joel Malucelli, Jair Cirino, João Prosdócimo e Vilson Ribeiro de Andrade.

“Meu Coritiba,

Assisto com muita tristeza o desenrolar da vida política e administrativa do meu querido Coritiba. Na gestão anterior, combati pessoalmente o trabalho desenvolvido pelo Felipe Ximenes, acabei me indispondo com o presidente Wilson. Ele perdeu as eleições para o Alex, que, na primeira dificuldade da nova gestão, negou-se a ajudar. Digo que perdeu a eleição para o Alex, porque o G5 eleito não tinha a menor condição de vencer e gerenciar nosso clube. O Conselho Deliberativo é um caso à parte. Na história do Coritiba, acredito que seja a pior composição já feita. Sou o mais antigo diretor do Clube ainda vivo, posso falar, tenho vergonha do que assisti no Conselho neste ano que passou. O Coritiba é o retrato do Brasil. Não sabemos quem manda, o dinheiro para a Federação ficou mal explicado, brigas internas, completa desarmonia entre diretores e funcionários, contratações absurdas, reflexo do desconhecimento e incompetência. Contratamos para cuidar do futebol pessoas de capacidade duvidosa, e sem comprometimento.

Antigamente, quando perdíamos um jogo, tínhamos vergonha de sair à rua. Hoje, ninguém sabe quem são os responsáveis pela nossa paixão.

“Fica Abel, fora Jacob Mehl”, um dia de 1999 a torcida pediu a cabeça do Presidente na 1ª e única derrota do ano dentro do Couto Pereira. Tivemos uma derrota só em 1998, e só uma também em 1999, mas eram outros tempos, tínhamos vergonha na cara, e a torcida não tolerava perder em casa.

Clube e Conselho Deliberativo devem ser comandados por dirigentes experientes com vivencia dentro do Coritiba. Conhecer sua história, ter participado ativamente de gestões anteriores é o mínimo que pedimos, pois não podemos fazer nosso Clube cobaia de aprendizes.

Popularmente se diz: ”Que já deveria ter sentido o cheiro do ZIG”; ou “Tem que ter história para contar”.

Espero que os verdadeiros Coxas, homens de peso político e conduta ilibada, voltem a participar da vida da nossa grande paixão, ou assistiremos dias piores.”

João Jacob Mehl

Ex-presidente

De acordo: Carlos Zanetti, Luiz Biazetto, Luiz Conceição e Jean Feder