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Alunos da Conselheiro Zacarias e atletas da categoria de base do Coxa: educação e futebol juntos. | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Alunos da Conselheiro Zacarias e atletas da categoria de base do Coxa: educação e futebol juntos.| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Localizado a duas quadras do Estádio Couto Pereira, nada mais natural que Colégio Estadual Conselheiro Zacarias fosse um reduto coxa-branca. A ligação entre o clube e a escola, porém, vai muito além da proximidade e das paredes pintadas de verde e branco.

Dos 180 atletas das categorias de base do Coritiba, quase metade (44%) estuda na instituição, que atende aproximadamente 440 estudantes. Ao todo, são 80 candidatos a craque matriculados entre o sexto ano do Ensino Fundamental e o terceiro ano do Ensino Médio. Do elenco profissional atual, por exemplo, já passaram por lá os zagueiros Juninho e Walisson Maia, o lateral-direito Dodô e os meias Thiago Lopes, Kady e Yan Sasse.

GALERIA: Veja imagens do Colégio Estadual Conselheiro Zacarias

Com doações e melhorias bancadas pelo Conselho Deliberativo alviverde, a relação se estreitou muito a partir do ano passado. E caminha se tornar uma parceria ainda maior.

“É um projeto embrionário, mas queremos ter todos os nossos atletas no Zacarias”, conta a pedagoga Rosemara de Medeiros, funcionária do clube há oito anos, exatamente o período em que os primeiros atletas do Coxa passaram a estudar a poucos passos do Couto Pereira.

“O colégio abraçou o clube. Temos uma abertura muito grande lá. É diferente a maneira de se trabalhar porque há atletas chegando o ano inteiro e eles precisam estar inseridos na escola. E como é do lado podemos acompanhar de perto”, acrescenta Rose, tão assídua no local quantos os próprios alunos.

O vice-diretor do Zacarias, Juan Oliveira garante que o contato com o clube é mais do que bem-vindo, é necessário. A ajuda é mútua, ressalta o professor.

“Nós buscamos estreitar a parceria porque a secretaria de educação queria fechar o período noturno para reduzir custos. E se fechasse eles [Coritiba] teriam de mandar os jogadores para outras escolas também. A contrapartida é bem-vinda sempre porque temos dificuldades, a escola ficou um tempo meio abandonada”, afirma Oliveira, que também leciona português e espanhol.

As próximas benfeitorias feitas pelo Coritiba devem ser pinturas internas e externas na escola. Recentemente, o clube doou uma televisão para ser usada em sala, além de materiais esportivos, como redes para os gols, tabelas de basquete e alambrados para a quadra esportiva.

“A preocupação do clube é revelar bons talentos, só que a formação vai muito além disso. Poucos chegarão a realizar o sonho de ser jogador, então eles têm de estar preparados para a vida e essa é uma preocupação nossa”, lembra o conselheiro Jorge Durão, presidente de um grupo dentro do Conselho focado em atender as demandas das categorias de base.

Desafio a conta-gotas

Não importa a idade. A mentalidade da maioria das jovens promessas do futebol – sejam atleticanos, coxas-brancas ou paranistas – é de que eles serão grandes estrelas, famosos e com contratos polpudos. Para que estudar, então?

O desafio de mudar esse pensamento é lento, mas crucial. “É um trabalho a conta-gotas. A orientação é diária. Os meninos vislumbram um sonho, mas não são todos que conseguem”, lembra o coordenador das categorias de base do Coritiba, André Leite.

“Infelizmente é uma minoria que chega com a noção de que o estudo é importante”, conta a professora de Educação Física do Colégio Zacarias, Loara Xavier, há seis anos dá aulas para atletas das categorias de base do Coritiba.

“Muitos vêm de fora da cidade, às vezes de famílias mais humildes, então a expectativa da família toda é que eles sejam profissionais, que tenham sucesso. Por isso acabam não valorizando o estudo”, explica a professora.

A estratégia, portanto, é mostrar que o conhecimento adquirido na escola, além de ser importante para a formação pessoal, é algo que vai muito além da carreira. O lateral-direito Abner, negociado com o Real Madrid em 2014, aos 18 anos, é um exemplo de transformação nesse sentido, conta o o vice-diretor do Zacarias, Juan Oliveira.

“Falamos para os alunos que a grana não compra conhecimento. São coisas que eles precisam ter independentemente do sucesso. Se por acaso não se tornarem atletas, podem ser bem-sucedidos em outro caminho profissional. O clube têm nos ajudado bastante nessa tarefa.”

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