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| Foto: Henry Milléo/Gazeta do Povo

Entrevista

Amanhã, Rogério Portugal Bacellar, candidato da chapa Coxa Maior à presidência do Coritiba, apresenta suas propostas para comandar o clube no triênio 2015-2017.

No comando do Coritiba há cinco anos, Vilson Ribeiro de Andrade busca a reeleição. E é justamente a experiência na gestão do Coxa a aposta do atual presidente para bater Rogério Portugal Bacellar, adversário na disputa pelo Conselho Administrativo. "Nós temos o que mostrar. E somos mais experientes, mais vividos. Compare quem fez e quem está prometendo", sentencia o cartola, da chapa Coritiba, nós construímos. A eleição ocorre no próximo sábado, das 10 às 16 horas, no Couto Pereira, e escolherá também o novo Conselho Deliberativo.

Veja a entrevista em vídeo

O dirigente conversou com a Gazeta do Povo durante uma hora, munido de pastas e documentos que não consultou. Tratou de dívidas, salários atrasados, Alex, a permanência do técnico Marquinhos Santos e revelou projetos para o novo centro de treinamento e o Couto Pereira. "O sonho que nós temos é estar entre os seis melhores do Brasil", sentenciou Andrade.

Já são cinco anos à frente do Coritiba. O que melhorou?

Temos de retroagir para 2009. Minha presença no Coritiba foi por causa da situação que ocorreu com o rebaixamento para a Segunda Divisão, com todos aqueles fatos lamentáveis que envergonharam a história do clube. Iniciamos um processo de recuperação, o Coritiba foi campeão da Segunda Divisão [2010] e ganhamos quatro títulos do Paranaense [2010 a 2014]. Quando disputamos duas finais da Copa do Brasil [2011 e 2012], fizemos uma reunião e avaliamos que nós tínhamos de crescer. Crescer para um patamar maior ou permanecer onde estávamos, com o risco de cair. Optamos pela primeira, no sentido de investir mais no futebol, ganhar força para disputar uma Libertadores. Lamentavelmente, não fomos felizes, tivemos alguns erros estratégicos.

Por que votar na chapa Coritiba, nós construímos?

Primeiro, porque nós temos o que mostrar. Segundo, nós somos mais experientes, mais vividos. Terceiro, nós temos uma equipe extremamente experiente que vai ajudar muito o Coritiba. Compare quem fez e quem está prometendo.

Quais os desafios para o futuro?

O primeiro deles é a Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte. Sou o presidente da comissão, somos oito membros, temos procurado uma nova mentalidade no futebol brasileiro, criar uma responsabilidade muito grande aos dirigentes. Nós vamos ter de trabalhar dentro do conceito de fair play que ocorre na Europa. Os orçamentos têm de ser executados. O clube não pode gastar mais do que arrecada. Vai mudar o patamar do futebol brasileiro. O Coritiba tem hoje um orçamento de R$ 90 milhões e com isso o clube terá de trabalhar.

Como estão atualmente as dívidas do Coxa?

Nós aplicamos em torno de 18% das receitas para o pagamento da dívida. Nós temos hoje 50% da dívida do Coritiba vinculada ao Refis [programa de recuperação fiscal] que nós fizemos com o Governo Federal e 50% nós estamos no processo do Proforte. Com isso o Coritiba fica com a situação da dívida praticamente resolvida.

O que fugiu do planejamento do clube neste ano que desembocou no atraso dos salários e o protesto dos jogadores com a faixa?

O Coritiba teve dois problemas, basicamente, com salários. No final de 2013, com direitos de imagem, pois os salários todos estavam em dia e nós tínhamos sete atletas com direitos de imagem atrasados. Havia uma discussão jurídica sobre a questão. Em relação à faixa, nós tivemos uma reunião com os atletas um dia antes do Atletiba [4/10, vencido por 1 a 0 pelo Coritiba] e nós tínhamos uma operação ajustada e já autorizada, somente dependendo de documentos. Houve um episódio com um clube da Série A, a dupla penhora de uma grande emissora de televisão. Por isso a rede de televisão sustou todas as operações com os clubes. Fomos ao Rio de Janeiro, fizemos uma reunião e nos disseram que o processo levaria de 15 a 20 dias. Expliquei aos atletas na sexta-feira e no sábado entraram com a faixa. Deixei por uma questão democrática.

O Alex falou que se tivesse sido cumprido 50% do que foi falado na chegada dele poderia repensar a aposentadoria. Ao que ele se referia?

Acho que uma das coisas que nós falhamos com o Alex foi não dar um time competitivo a ele. O Alex merecia se aposentar pelo menos com o Coritiba na Libertadores.

O clube tem planos para um novo estádio?

Perdemos o bonde da Copa do Mundo, essa é a pura realidade. Agora, para fazer um estádio novo, teria de investir pelo menos R$ 500 milhões. Isso dentro da conjuntura econômica e da crise que o país está vivendo, da falta de credibilidade de muitas empresas que estão envolvidas em processos. Os estádios que não têm dinheiro público estão enfrentando dificuldades. Temos de investir, dentro das possibilidades, no Couto Pereira, que é nossa casa, estádio pago, da nação coxa-branca, central, que hoje tem uma série de confortos para o torcedor.

Como estão as finanças do clube para 2015?

Teremos uma economia muito grande pela saída de jogadores que encerram o contrato. No orçamento aprovado no fim de 2013, tínhamos um déficit de R$ 27 milhões. Só nesse ano assumi mais um esqueleto que estava dentro do armário. Uma multa de uma fraude cambial de R$ 15 milhões, de gestões passadas. Aproveitei o Refis, reduzi para R$ 9 milhões e financiei em 15 anos. Evidentemente que isso vai entrar no balanço como R$ 9 milhões de déficit. Esses R$ 27 milhões citados são, na realidade, vinculados à verba de televisão, então não é dívida, pois o valor já está sendo pago. O adiantamento de televisão é uma operação avalizada pela televisão que passa por um processo bancário. Isso diminui o risco da operação bancária e o juro cai consideravelmente. Esses valores já estão vinculados a pagamentos e estão sendo realizados. É bom a gente esclarecer isso porque a oposição bate em mim por ter adiantado o dinheiro. Todo adiantamento foi aprovado em reuniões do Conselho, com participação inclusive da oposição. Nós temos, líquidos, para receber do contrato, R$ 140 milhões nos próximos quatro anos.

A promessa do novo CT sai do papel?

Quando compramos a área em Campina Grande do Sul, tínhamos um projeto bem adiantado. Acontece que, com o problema do Couto Pereira, tivemos de focar lá. Fizemos a estruturação para financiar a obra do novo CT. O CT da Graciosa hoje é uma área muito valorizada, o terreno em si vale mais de R$ 40 milhões. A ideia não é vender, e sim depois do CT novo fazer um empreendimento imobiliário para levantar muito mais do que o valor venal do terreno. Mas isso é um projeto futuro. O CT é prioridade para a gente deslocar toda nossa área de base e hospedagem para o novo CT. Dependemos de algumas aprovações dos projetos para depois iniciar a venda dos 120 lotes e com essa receita começar as obras.

Após banir a torcida organizada do Couto Pereira no final de 2009, o senhor se reaproximou da Império Alviverde. Como será a relação no futuro?

Nós rompemos com a organizada. Naquela invasão quem era o presidente era o Papagaio [Luiz Fernando Corrêa], que hoje está na oposição. Eles tinham uma sede dentro do estádio, entramos com ação na Justiça para tirá-los de lá. Com a nova diretoria, fizeram um acordo de conduta com o Coritiba, com responsabilidades e hoje a organizada mudou muito. A relação é completamente independente, eles têm sua própria estrutura. Nós hoje temos toda a organizada identificada, temos câmeras e tudo o que acontecer e a organizada for responsável haverá punição.

Quais as prioridades para contratação?

Está terminando o contrato do Rosinei, que é um jogador que a comissão técnica tem interesse. Temos o Hélder e o Joel, que é uma situação mais complicada, tem uma venda para a Alemanha [do Joel]. Conversei com o Sérgio [Malucelli, investidor do Londrina] para vermos a possibilidade de ele [Joel] continuar conosco. Mas só será discutido depois das eleições. O Vanderlei tem contrato, Norberto, Luccas Claro, Leandro, Carlinhos, o Keirrison, Robinho, etc. Nós temos uma linha já estabelecida. Mas precisamos de jogadores de velocidade, para o meio de campo. A saída do Alex vai ser muito sentida, evidentemente que com a qualidade do Alex é até uma ofensa falar, o talento dele não se acha no mercado.

Como será a relação com o Atlético?

Tende a melhorar. Eu já tive duas conversas com o Mario [Celso Petraglia]. Nós tivemos um problema muito sério, que foi um ato absurdo da Federação Paranaense de Futebol (FPF), que simplesmente tentou tomar o estádio do Coritiba para entregar para o Atlético jogar [quando o Furacão fechou a Baixada para a reforma da Copa]. E eu fui para Justiça Desportiva, ganhei no Paraná e no Rio . Ali houve um rompimento. Mas eu estava defendendo os interesses do Coritiba. O tempo passou e voltamos a conversar. Eu diria que essa relação hoje não é muito próxima, mas há um diálogo para o bem do futebol paranaense.

Qual o objetivo do Coritiba para o Paranaense em 2015?

Nós temos uma série de jogadores jovens que estão subindo. A minha visão é que ganhar sempre o Paranaense é importante para o clube. Nós somos o maior ganhador de títulos do Paranaense.

O que o senhor projeta para o Coritiba nacionalmente?

Posso prometer um time competitivo para disputar posições. Você chegando a determinadas posições, sempre tem a possibilidade de trazer um título. 2013 e 2014 nós fomos infelizes na Copa do Brasil. O sonho que nós temos é estar entre os seis melhores do Brasil. Mas, para chegar a isso, temos que planejar muito bem, principalmente nossa categoria de base.

O número de sócios do Coritiba estagnou. Como revigorar os planos?

Toda vez que nós tivemos bons resultados em campo, o número de sócios aumentou. Os planos de sócios são muito baratos. A arquibancada é no máximo R$ 65. Se dividir por três partidas dá R$ 22,7. Hoje com R$ 22 você não vai a lugar nenhum. Está dentro dos nossos planos rever alguns conceitos para melhorar. Nós precisamos.

Vilson aposta em “experiência” na busca pela reeleição

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