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Alex durante treino no CT da Graciosa: o meia alcança marca histórica após voltar para casa | Daniel Isolani/Gazeta do Povo
Alex durante treino no CT da Graciosa: o meia alcança marca histórica após voltar para casa| Foto: Daniel Isolani/Gazeta do Povo

Alex é teimoso. Do tipo ferrenho, que insiste em algo mesmo sabendo que pode estar errado. Por pura teimosia. Foi essa teimosia, porém, considerada por ele mesmo seu principal defeito, que o trouxe até este dia especial. Com a camisa do Coritiba, clube do coração, completa hoje, às 19h30, diante do J. Malucelli, seu milésimo jogo como profissional.

INFOGRÁFICO: Confira a trajetória de Alex

"Chegar a esta marca me deixa satisfeito pela sorte que eu tive em não ter lesões sérias e principalmente por causa da minha dedicação. Abdiquei de muita coisa, deixei de lado muitas outras, mas hoje vale a pena", admitiu Alex, aos 36 anos, destacando a dificuldade da vida de boleiro. Perdeu momentos preciosos com a família por causa de viagens, concentrações e treinamento. Procura sempre passar suas experiências para os garotos no Alto da Glória.

"Com certeza passa um filme na minha cabeça porque não é uma marca normal. Tem só três jogadores no futebol mundial na atualidade que estão nesta situação", lembra Alex. Apenas o meia galês Ryan Giggs (Manchester United), o goleiro Rogério Ceni (São Paulo) e o meia Zé Roberto (Grêmio) têm mais de mil jogos na carreira.

A façanha só será comemorada com a camisa coxa-branca porque o ídolo do clube rejeitou outras propostas – até melhores em termos financeiros. Precisava ser campeão pelo Coritiba. Conseguiu. Liderou a equipe tetracampeã estadual em 2013. Não deixou nem de marcar gol na decisão contra o rival Atlético. O ciclo, porém, não acabou. Exigente, Alex quer que seu clube faça jus ao apelido de Glorioso. Não está satisfeito com o papel de coadjuvante no cenário nacional. E deixa isso claro a cada entrevista.

Para si, Alex não vislumbra mais objetivos futuros. Quer o direito de se divertir com a bola no pé. Conquistar o Paranaense, de novo, e começar bem a Copa do Brasil estão na mira também. Assim, não abre mão de somar três pontos contra o J. Malucelli, independentemente da festa pelo milésimo jogo. Discurso que o técnico Dado Cavalcanti adora. "Para mim é um privilégio estar presente em um jogo como esse. Mas o importante é conseguir os três pontos. Depois do jogo, obviamente, vou parabenizá-lo pelo feito, que é enorme", disse o treinador.

Olhando mais para frente, daqui um ano, mesmo podendo morar em qualquer lugar do mundo, Alex quer ficar em Curitiba. "Eu não tenho uma situação definida. Posso estar jogando, não estar fazendo nada ou qualquer outra coisa que surgir", contou. O certo é que hoje, quando ele entrar em campo para o milésimo jogo contra o líder do campeonato, será um exemplo vivo em campo de uma teimosia que deu certo.

Se fosse narrar o filme que passa por sua cabeça nesta semana, provavelmente Alex começaria pela infância no Atuba, onde tudo o que ele queria era livrar a família do aluguel. Depois disso veio a base do Coxa, chegando a ficar oito meses sem receber no início da década de 90 e dependendo do salário da AABB (Associação Atlética Banco do Brasil), onde jogava futsal.

A história do Menino de Ouro começou mesmo em 1995, contra o Iraty, pelo Paranaense daquele ano. No final da década, colecionava títulos por outro alviverde, o Palmeiras. A ascensão teve uma brecada quando partiu para a Itália. Passou rapidamente pelo Parma, de onde saiu brigado na Justiça com o clube, que amargava uma grave crise financeira. Recrutado pelo Cruzeiro, levantou a taça do Brasileiro em 2003 e voltou a atravessar o oceano. Do ano seguinte até 2012, virou mito na Turquia, amado fervorosamente pelos torcedores do Fenerbahçe. Aí, largou tudo para retornar para o lar. Pura birra que hoje tem mais um capítulo festivo.

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