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Delfim Peixoto seria o novo presidente da CBF em caso de renúncia de Marco Polo Del Nero. | Albari Rosa/Gazeta do Povo
Delfim Peixoto seria o novo presidente da CBF em caso de renúncia de Marco Polo Del Nero.| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Primeiro na linha de sucessão na CBF, o presidente da Federação Catarinense de Futebol, Delfim Peixoto, de 74 anos, divulgou nesta segunda (7) um documento chamado de “carta ao futebol brasileiro”.

No documento, o dirigente diz que a “sociedade e o torcedor brasileiro clamam por mudanças” e deixa claro que é favorável a criação da Liga Nacional a partir do próximo ano.

Caso substitua Marco Polo Del Nero na entidade, o dirigente afirma que os clubes das Séries A e B terão poderes para organizar as duas divisões do próximo Campeonato Brasileiro.

“A criação da liga é fundamental para a melhoria da organização do futebol nacional e será uma dos primeiros itens da minha agenda de apoio aos clubes”, afirmou o dirigente catarinense, que é opositor de Del Nero, mesmo sendo vice-presidente da CBF.

Na quinta (3), Del Nero se licenciou da presidência da CBF após ser indiciado pelo Departamento de Justiça dos EUA de integrar um esquema de recebimento de propinas no futebol. O paulista também é investigado pelo Comitê de Ética da Fifa e pode ser afastado do poder pela entidade máxima que comanda o futebol.

Para evitar que Peixoto assuma o seu cargo, Del Nero articulou nos bastidores uma nova eleição para escolher o substituto de José Maria Marin, que também era vice e perdeu o cargo após a sua prisão em maio no exterior.

O dirigente licenciado quer eleger no pleito do dia 16 o presidente da Federação Paraense de Futebol, Antonio Carlos Nunes, de 77 anos, para o lugar de Marin, que ocupava a vice-presidência para a Região Sudeste.

Pelo estatuto da CBF, o vice mais velho assume em caso de renúncia do dirigente.

Corrupção

Peixoto classifica a estratégia usada por Del Nero de “golpe” e defende que se cumpra o estatuto.

“Trabalharei usando todos os mecanismos legais disponíveis para limpar a entidade da corrupção e punir os envolvidos”, diz o dirigente.

A convocação da eleição foi feita pelo deputado federal Marcus Vicente (PP-ES), que comanda atualmente a CBF, um dia depois da de Del Nero se licenciar. Os presidentes das 27 federações e representantes dos 40 clubes que disputam as duas divisões do Brasileiro votarão no pleito.

Salário

Além de dar poder aos clubes, Peixoto pretende impor um “sistema profissional de gestão da entidade”. Ele disse que vai deixar de “ser o responsável por fixar o seu próprio salário”, conforme é o modelo em vigor.

Ao deixar o poder em 2012, Ricardo Teixeira recebia R$ 98 mil por mês. Atualmente, Del Nero recebe cerca de R$ 200 mil mensais para comandar a CBF. “O que é um absurdo em qualquer gestão profissional”, afirmou.

O catarinense afirmou também que vai convocar uma auditoria nas contas da entidade e que dará participação aos atletas. “Criarei mecanismos internos e externos de controle do fluxo do dinheiro na CBF. Acabarei com as indicações políticas para a ocupação de cargos na entidade. Um sistema profissional de gestão prevalecerá”, escreveu o dirigente, que não foi chamado por Del Nero para participar do almoço de “confraternização” organizado pela CBF na sexta (4).

Durante o almoço, a entidade publicou no site a convocação da eleição do substituto de Marin na vice-presidência. Presidente da CPI do Futebol, o senador Romário (PSB-RJ) classificou a eleição também como “golpe” e vai convocar Del Nero para depor na próxima semana em Brasília.

Confira a íntegra da carta de Delfim Peixoto

“Vivemos a maior crise institucional e de credibilidade da história da CBF, abalada por contínuos escândalos de corrupção que envolveram os últimos 3 presidentes da entidade. É lamentável e condenável que a instituição tenha sido usada para a obtenção de benefícios pessoais, em detrimento do futebol nacional. Espero que as instâncias internacionais, no caso a FIFA, e as instâncias nacionais, como o Congresso Nacional, o Ministério Público e o Poder Judiciário, atuem fortemente para punir de forma exemplar todos aqueles que usufruíram da CBF para proveito próprio.

Defendo que se cumpra o Estatuto e que não se implementem golpes, como já tentado várias vezes no passado. No presente momento está em curso mais uma imoral e ilegal operação patrocinada pelo atual presidente da CBF com o fim de eleger um novo vice-presidente para o lugar de José Maria Marin. O candidato apresentado por Marco Polo Del Nero, não coincidentemente, é mais velho do que eu, tendo 77 anos de idade. Isto se deve ao fato de que ao eleger tal pessoa este passaria a ser o primeiro vice-presidente na linha de sucessão em caso de suspensão ou afastamento do atual presidente, evitando que eu, legitimamente eleito segundo o Estatuto, assuma.

Quero afirmar de forma peremptória a todos, a fim de que não exista nenhuma dúvida, que se em algum momento eu tiver que assumir a Presidência da CBF trabalharei usando todos os mecanismos legais disponíveis para limpar a entidade da corrupção e punir os envolvidos.

A sociedade e o torcedor brasileiro clamam por mudanças, e será isto que farei.

A criação de uma liga nacional para a gestão da Série A e B do Campeonato Brasileiro é algo fundamental para a melhoria da organização do futebol nacional e será um dos primeiros itens da agenda de apoio aos clubes.

Criarei mecanismos internos e externos de controle do fluxo do dinheiro na CBF. Acabarei com as indicações políticas para a ocupação de cargos na entidade. Um sistema profissional de gestão prevalecerá. O presidente da CBF deixará de ser o responsável por fixar seu próprio salário, o que é um absurdo em qualquer gestão profissional. Um órgão profissional se encarregará disto. Devemos mudar o sistema de eleições na entidade, que bloqueia a apresentação de chapas concorrentes à administração. Convocarei uma auditoria ampla e geral sobre todos os negócios e contratos da CBF. Buscarei conhecimentos e experiências junto a entidades internacionais a fim de qualificar a gestão da CBF. Os atletas terão participação ativa na entidade.

Esta é a minha mensagem e engloba apenas alguns dos itens de meu compromisso público de mudança na CBF, sendo que inúmeros outros serão implementados.”

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