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Gil Baiano: ponte com empresário Léo Rabello | Arquivo/ Gazeta do Povo
Gil Baiano: ponte com empresário Léo Rabello| Foto: Arquivo/ Gazeta do Povo

O Paraná não é o único clube brasileiro multado pelo Banco Central por causa de transferências internacionais. Segundo reportagem publicada em julho, pelo jornal Folha de S. Paulo, outras 20 equipes do país foram punidas, desde 2002, por falta de registro das operações de câmbio relativas à compra e venda de atletas no exterior. O total de punições já atingiu US$ 20 milhões. O Coritiba é um dos clubes penalizados. Em 2010, o clube recebeu multa de US$ 1,4 milhão pela negociação de um jogador com o México e outro com Portugal. O clube alegou no processo que as partes mudaram a negociação para pagamento em Real. A justificativa não foi aceita.

O período mais vitorioso da história do Paraná deixou um passivo que está atrasando a tentativa do clube de pôr suas contas em dia. O Banco Central conseguiu o bloqueio judicial de R$ 5 milhões arrecadados com o leilão da sede do Tarumã, em abril, como garantia do pagamento de uma multa referente a transferências internacionais de cinco jogadores, nos anos 1990.

Segundo o Banco Central, o Paraná não declarou adequadamente a entrada do dinheiro arrecadado com as transferências dos laterais Balu (para o Cerro Porteño, do Paraguai, em 1993), Denílson (para o Yokohama Flugels, do Japão, em 1996) e Gil Baiano (para o Sporting, de Portugal, em 1996); do meia Ricardinho (para o Bordeaux, da França, em 1997) e do atacante Claudinho (para o Cerezo Osaka, do Japão, em 1998). Por causa da suposta irregularidade, foi cobrada uma multa de R$ 8 milhões, em valores atuais, calculada com base no volume total das transações. O clube contesta a cobrança e o bloqueio de parte dos R$ 30 milhões arrecadados com o leilão.

"Há imóveis dados como garantia que já cobrem o valor da multa. Não é necessário bloquear mais essa quantia, mas o juiz ainda não entendeu dessa forma", explica a advogada que cuida do caso Mariliza Crocetti.

O Paraná tenta liberar os R$ 5 milhões com um recurso no Tribunal Regional Federal da 4.ª Região, em Porto Alegre. No Superior Tribunal de Justiça, em Brasília, o clube questiona a validade da ação, tanto por considerar que a operação foi feita corretamente quanto pela base da multa imposta pelo BC – um decreto de outubro de 1933, assinado pelo então presidente da República Getúlio Vargas, para regular as operações cambiais no país. Para as duas frentes, há possibilidades de novos recursos.

"São todas transferências do período entre 1990 e 2000 e que atingem praticamente todos os clubes brasileiros. Ainda não há nenhuma decisão final contra ou a favor. Na época os clubes julgavam que esse tipo de operação não precisava passar pelo Banco Central, era tratado diretamente pelos empresários. [A operação irregular] foi muito por desconhecimento de quem fazia a transação", explica o conselheiro e ex-vice-jurídico do Paraná, Luiz Carlos Castro.

Presidente do Paraná em 1996 e 97, época em que foram realizadas três das cinco transferências questionadas, Ernani Buchmann contesta a cobrança da multa. Segundo ele, foi seguido o procedimento legal da época, praxe nas negociações realizadas pelo Paraná.

"Seguimos todos os trâmites. O dinheiro entrou pelos meios legais, fez parte do balanço patrimonial e da declaração de imposto de renda do clube. Acontece que posteriormente o Banco Central tomou outros parâmetros, decidiu abrir procedimento administrativo. O clube o se defendeu, o Banco Central não ficou satisfeito e o levou o caso para a Justiça", explicou Buchmann. A ação movida pelo BC é de 2003.

Segundo o ex-presidente, o Paraná nem mesmo chegou a receber dinheiro vindo do exterior pela transferência de Gil Baiano ao Sporting, fechada por US$ 400 mil. "Tomamos um calote. Depois de tentarmos receber de todas as maneiras, o [empresário] Léo Rabello assumiu a dívida, nos pagou com enorme deságio e ficou com crédito junto ao Sporting. O dinheiro veio do Rio de Janeiro, não de Portugal", conta Buchmann.

Rabello é um dos maiores credores do Paraná, por causa de irregularidades na transferência de Thiago Neves para o Japão, em 2006, na gestão de José Carlos de Miranda.

Na época do leilão da sede do Tarumã, estimava-se que metade dos R$ 30 milhões arrecadados entrariam nos cofres do clube, montante usado para manter os salários em dia e para a formação do time que está no G4 da Série B. Fôlego que aumentará consideravelmente com a liberação dos R$ 5 milhões retidos por causa da pendência com o BC.

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