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Torcedor do Sport morreu ao ser atingido por um vaso sanitário no estádio do Arruda em jogo do Santa Cruz contra o Paraná. | Carlos Ezequiel Vannoni/Folhapress
Torcedor do Sport morreu ao ser atingido por um vaso sanitário no estádio do Arruda em jogo do Santa Cruz contra o Paraná.| Foto: Carlos Ezequiel Vannoni/Folhapress

Foi adiado para o dia 2 de setembro o julgamento dos três acusados de matar um torcedor do Sport e ferir outros três com vasos sanitários da arquibancada do estádio do Arruda, no Recife. O caso ocorreu em maio de 2014, após uma partida entre o Santa Cruz e o Paraná, pela Série B do Brasileiro.

O júri popular estava marcado para esta terça-feira (16), mas foi adiado porque o advogado Jurandir Alves, que defendia o réu Waldir Pessoa Júnior, renunciou em 5 de junho, e o prazo para constituir novo advogado ainda não terminou. O motivo da renúncia não foi informado.

O promotor Roberto Brayner disse não acreditar que a renúncia seja uma estratégia da defesa para adiar o julgamento e que isso não prejudica o andamento do processo. “Mas a gente espera que, no dia 2 de setembro, realmente ocorra [o júri]. A sociedade quer uma resposta e a gente não pode adiar o julgamento novamente”, disse Brayner.

Familiares de Paulo da Silva estavam no Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano para acompanhar o julgamento e receberam com tranquilidade o adiamento da decisão. “Seja qual for a resposta, não vai trazer o meu filho de volta, mas é mais tempo para Deus trabalhar e abrir a mente de todos que fazem parte da Justiça”, disse a mãe de Paulo, Joelma da Silva.

“Já que esperamos até hoje, a gente espera mais dois ou três meses. O que a gente espera é que eles sejam condenados. A Justiça vai ser feita”, disso o pai, José Gomes da Silva.

Antes da decisão, o reencontro de familiares e amigos de Paulo no fórum foi marcado por clima de comoção. Segundo o pai de Paulo, ele e a ex-mulher não pretendiam ir à audiência, pois achavam que não suportariam o sofrimento, mas mudaram de ideia em cima da hora.

“Eu quero estar perto para ver a condenação deles. Eles têm que pagar pelo crime que cometeram. Choro e sofro muito, esse sofrimento não vai acabar nunca, vai ficar para sempre”, disse emocionado.

O caso

Em 2 de maio de 2014, Paulo Ricardo Gomes da Silva, 26, foi atingido por um vaso sanitário quando saía do estádio do Arruda, onde assistiu à partida entre Santa Cruz e Paraná, e morreu na hora. Ele era torcedor do Sport, rival do Santa Cruz, e estava na torcida paranaense. Outros três torcedores foram atingidos por estilhaços dos vasos sobreviveram.

Os réus Luiz Cabral de Araújo Neto, 31, Waldir Pessoa Júnior, 35, e Everton Filipe Santiago Santana, 24, são acusados de homicídio doloso e três tentativas de homicídio duplamente qualificado, por motivo fútil e impossibilidade de defesa das vítimas. Eles estão presos desde maio do ano passado, à espera do julgamento. Se condenados, podem pegar até 30 anos de prisão.

Segundo a polícia, houve uma briga entre as torcidas organizadas do Santa Cruz e do Sport após o jogo, do lado de fora do estádio. Os réus teriam voltado ao estádio para procurar pedras. Como não encontraram, arrancaram com chutes as privadas do banheiro feminino e foram para a arquibancada esperar os torcedores do Sport passarem do lado de fora.

Defesa

Os acusados confessaram ter arremessado os vasos, mas a defesa afirma que tentará mudar a acusação de homicídio doloso, quando há intenção de matar, para culposo, quando o crime não é intencional.

“Foi um ato de depredação, pela revolta com o time. Houve uma manifestação descontrolada, mas não havia condições de meu cliente marcar alguém para morrer. Não havia intenção de matar”, disse o advogado Carlos Alberto Rodrigues, que defende Luiz Cabral.

Já o advogado de Everton Santana, Adelson José da Silva, afirma que seu cliente confessou participação apenas em arrancar os vasos e carregá-los, mas afirma que não os arremessou.

O réu Waldir Pessoa Júnior tem até a próxima segunda-feira (22) para constituir novo advogado.

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