Entoando o grito de guerra do Sport e pedindo "justiça", cerca de 500 pessoas, entre familiares, amigos e integrantes da Torcida Jovem, acompanharam na tarde deste domingo (4) o sepultamento do corpo de Paulo Ricardo Gomes da Silva, 26, assassinado anteontem ao ser atingido por um vaso sanitário lançado do estádio do Arruda, no Recife.
A mãe de Paulo Ricardo, Joelma Valdevino da Silva, 44, passou mal ao menos duas vezes. Desmaiada, precisou ser carregada por parentes. Ela chorava muito.
Dezenas de integrantes da Torcida Jovem compareceram uniformizados e conduziram o cortejo pelo cemitério de Santo Amaro, no centro do Recife, com uma enorme bandeira da torcida organizada em que apareciam os "Irmãos Metralha", personagens de quadrinhos infantis.
Alguns parentes vestiam camisa com uma foto de Paulo Ricardo em que ele aparece com os braços cruzados formando um "X", símbolo da organizada. A família disse que ele não era filiado à torcida, apesar de diversas fotos no perfil dele em uma rede social o mostrarem uniformizado.
No momento do sepultamento, por volta das 14h30, várias pessoas caíram em prantos.
Uma mulher identificada por pessoas que acompanhavam a despedida como tia do rapaz também se descontrolou e gritou. "Aquele monstro está solto! Por quê? Por que aquele monstro jogou aquilo nele?", questionou a mulher.
Em um determinado momento, os amigos entoaram o "Cazá, cazá, cazá", grito de guerra do time pernambucano pelo qual Paulo Ricardo torcia. Parentes gritavam "Paulinho, Paulinho!" e "justiça, justiça!".
Após o sepultamento, um líder religioso reuniu as dezenas de representantes da Torcida Jovem para uma oração. Muitos deles vieram ao cemitério em dois ônibus fretados. Os torcedores se recusaram a dar entrevistas.
Paulo Ricardo morreu na noite de anteontem após ser atingido por um vaso sanitário atirado da arquibancada do Arruda, onde havia acabado de assistir a uma partida entre Santa Cruz e Paraná, pela série B do Campeonato Brasileiro.
Ele acompanhou o jogo, que terminou em 1 a 1, e foi atingido quando saía do estádio com os torcedores do time visitante.
Até o momento, ninguém foi preso. Na tarde de ontem, a Polícia Civil interrogou um adolescente, mas ele foi liberado no mesmo dia.
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