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Origem da Vila Capanema tem ligação com o antigo perfil ferroviário da região onde se localiza, na divisa entre o Jardim Botânico e o Rebouças | Antonio More / Agência de Notícias Gazeta do Povo
Origem da Vila Capanema tem ligação com o antigo perfil ferroviário da região onde se localiza, na divisa entre o Jardim Botânico e o Rebouças| Foto: Antonio More / Agência de Notícias Gazeta do Povo

O projeto do Centro Admi­nistrativo da Prefeitura, que ocuparia o espaço hoje ocupado pela Vila Capanema, colocaria abaixo o Estádio Durival Britto e Silva e, com ele, parte da história ar­­­­qui­­tetônica e esportiva de Curitiba. A praça de esportes que recebeu duas partidas da Copa do Mundo de 1950 fez parte da vida de um dos clubes ferroviários brasileiros, que deu origem, depois de sucessivas fusões, ao atual Paraná Clube.

A proposta da prefeitura é, caso receba da União – detentora da propriedade do terreno de 55,3 mil m² da Vila Capanema – a escritura da área, é pedir que o Tricolor abra mão da briga judicial pela posse do terreno, que já dura 41 anos. As negociações entre prefeitura e União estão em estágio avançado e contam com o apoio do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo. Em troca, co­­­­mo uma espécie de indenização, o Paraná ganharia da prefeitura a construção de um novo estádio, na Vila Olímpica, no Boqueirão.

"O Durival Britto tem um valor histórico da arquitetura ferroviária. Acho uma perda bastante grande a possibilidade de ele ser derrubado. O local, como parte do bairro que foi dos ferroviários, tem toda essa representação de história da formação da cidade. Há formas de revitalizar áreas desvalorizadas das cidades sem precisar sobrepor ou derrubar", opina a coordenadora do Patrimônio Cultural do Paraná, Rosina Parchen.

No "pacote" para a criação do Centro Administrativo, a prefeitura também pretende incorporar outros 19,7 mil m² que são administrados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O superintendente da entidade, José La Pastina Filho, conta que os imóveis de madeira que estavam na região, considerados de valor cultural, foram realocados e os de alvenaria não serão derrubados.

Em relação ao estádio, ele defende que as reformas pelas quais passou já descaracterizaram a arquitetura típica da vila ferroviária, limitando o que não exigiria a manutenção da obra para a preservação histórica. "Seria interessante se um novo projeto mantivesse a porta do Durival Britto. Mas, se até o tradicional estádio de Wembley [em Londres] foi derrubado para ser inteiramente reconstruído, não há necessidade de mantê-lo", diz.

Articulador da proposta que pode transformar a Vila Capanema no Centro Administrativo de Curitiba, o secretário municipal de Governo, Ricardo Mac Donald Ghisi, afirma que o projeto tem cuidados para que a área preserve a história do local e seja uma região de convívio da população. "O prédio [de dez andares] seria todo vazado para uma praça. Estamos prevendo nessas quatro casas do Iphan um Museu do Esporte e manteríamos a testada do antigo ferroviário como lembrança", fala.

"Primeiro, tem de se resolver essa pendenga judicial, que já tem mais de 40 anos. Até lá, o Paraná não fala oficialmente. Um novo estádio está nos nossos planos a longo prazo. Vamos constituir uma comissão interna para estabelecer capacidade e localização dessa nova praça", limita-se a dizer o presidente do Tricolor, Rubens Bohlen.

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