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Adriano com os gêmeos Luiggi (esq.) e Lucca. Até hoje o gol do título mundial pelo Inter comove o camisa 8: “Fico emocionado até hoje. Foi lindo, o mais importante da minha carreira" | Valterci Santos/Gazeta do Povo
Adriano com os gêmeos Luiggi (esq.) e Lucca. Até hoje o gol do título mundial pelo Inter comove o camisa 8: “Fico emocionado até hoje. Foi lindo, o mais importante da minha carreira"| Foto: Valterci Santos/Gazeta do Povo

Volta para casa

Paixão antiga, Atlético está nos planos de Adriano

Adriano ainda tem um objetivo para alcançar na carreira: vestir novamente a camisa do Atlético. O jogador defendeu o Rubro-Negro em três oportunidades – de 1998 a 2000; entre 2001 e 2004; e em 2006. Conquistou quatro títulos regionais, a Seletiva para a Libertadores (99) e o Brasileiro (2001).

"Dá muita saudade, queria jogar lá de novo. Quem sabe um dia", diz ele, avisando que nunca foi procurado pelo Furacão, responsável por tirá-lo do CSA, de Alagoas.

A relação de Gabiru com a antiga casa, porém, anda um tanto estremecida. O meia conta que tentou manter a forma no clube neste início de temporada, influenciado por Nem, capitão na campanha do título nacional – o zagueiro treina diariamente no CT do Caju.

"Meu empresário ligou para o pessoal, mas não deu certo", relata Adriano, rapidamente desmentido pela diretoria do Atlético. Segundo o clube, não houve contato oficial por parte do atleta. (CEV)

O gesto sai quase inconsciente. Adriano pensa por alguns segundos, abaixa a cabeça e começa a falar da vida. Da carreira especialmente. O encontro, na terça-feira passada, é para tentar entender o que aconteceu com o Gabiru. Ídolo dos atleticanos e herói do título mundial do Internacional, o jogador de 31 anos não atravessa uma fase lá muito boa. Não joga bola a sério, valendo três pontos, desde quando deixou o Goiás, em dezembro do ano passado. "Tenho de dar dois passos atrás", admite. "Preciso arrumar um clube", diz, como quem faz uma prece.

A verdade é que nem o próprio Adriano sabe o que de fato houve de errado. Tudo vinha caminhando bem. Do Atlético para o futebol francês (Olympique de Marseille), outra passagem pela Baixada, Cruzeiro, Internacional... Entre uma mudança e outra de uniforme, convocações para a seleção brasileira.

A ruptura parece ter ocorrido justamente no momento mais glorioso da trajetória de Gabiru. Voltando no tempo: 17 de dezembro de 2006, aos 31 minutos do segundo tempo. Sobe a placa no Japão. Sai Fernandão, entra Adriano. Cinco minutos depois, o armador recebe um passe primoroso de Iarley e vence o goleiro Valdés, do Barcelona. O Internacional é campeão mundial. Gabiru faz história.

"Fico emocionado até hoje. Foi lindo, o gol mais importante da minha carreira", recorda ele, que participou com destaque dos festejos do centenário colorado, no fim de semana passado – a camisa da conquista foi leiloada por R$ 45 mil, dinheiro revertido ao Instituto do Câncer Infantil do Rio Grande do Sul.

Ali, porém, o mundo do jogador virou. A euforia logo se transformou em decepção. As vaias reapareceram. O Beira-Rio assustava. "Magoado não, mas fiquei triste. Mudou o presidente (Fernando Carvalho deu lugar a Vitório Piffero) e não me quiseram mais. Sei lá. Para festa sempre me chamam, mas ninguém liga perguntando como estou", afirma. "É complicado. Por mim ficaria o resto da vida no Inter", completa, antes de emendar a frase mais usada durante a entrevista. "Só quero arrumar um time. Se Deus quiser, vou fazer outros gols importantes."

Do Internacional, Adriano passou sem brilho por Figueirense, Sport e Goiás. Em Santa Catarina ficou dois meses. Somente até pintar o convite de Geninho, com quem havia sido campeão brasileiro em 2001 pelo Atlético, para jogar no Leão pernambucano. Geninho, porém, logo saiu. E o contrato de Gabiru não resistiu a uma severa discussão com o novo treinador, Nelsinho Baptista.

"É um bom jogador, que me ajudou bastante em 2001. Não sei quais foram os motivos para ter sido meio que descartado no Inter. Lá no Sport Recife teve altos e baixos, não reeditou aquele Ga-biru que eu conheci em 2001", explica Geninho. "Torço para que ache o seu espaço novamente."

A chance surgiu no Goiás, por indicação de Vadão, outro velho conhecido dos tempos de Furacão. Outra vez o parceiro não resistiu a uma série de resultados negativos. O jogador estava órfão novamente. Para piorar, quando conseguia entrar em forma, tinha de parar por motivo de lesão.

"Ele já chegou um pouco marcado. Não conseguiu ter sequência. Acabei acertando o time com outros jogadores", afirma Hélio dos Anjos, treinador da equipe goiana. "Ele foi um atleta que não me deu qualquer tipo de problema. Só precisa de um técnico que o conheça, que aposte nele", acrescenta.

"Precisamos resgatar esse menino, porque futebol ele tem para jogar onde quiser. Com três jogos é titular de qualquer time do mundo. Torço muito por ele", declara o preparador físico Robson Gomes, também do Goiás.

A saída sem nem sequer ter deixado um gol como recordação em Goiânia incomodou Adriano. E fechou portas. O tempo passava e nada de voltar a trabalhar. Futebol para o campeão do mundo se resumia a peladas esporádicas e brincadeiras com os filhos gêmeos Luiggi e Lucca no quintal de casa. A rotina de "dono de casa" incomodava. Mais de 120 dias de angústia e depressão. Mas o telefone voltou a tocar na quarta-feira. Era o empresário informando a transferência para o Guarani, de Campinas. Enfim, Gabiru voltará a sorrir. E a jogar bola.

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