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O meio-campista Giuliano, 19 anos, disputa ainda a Bola de Ouro do Mundial | Khaled Desuki/Reuters
O meio-campista Giuliano, 19 anos, disputa ainda a Bola de Ouro do Mundial| Foto: Khaled Desuki/Reuters

País tem histórico com Gana

Não é a primeira vez que o Bra­­sil decide uma final de Mundial sub-20 contra Gana. Há 16 anos, na Austrália, o time nacional bateu a seleção africana por 2 a 1, gols da dupla de vascaínos Yan e Gian. O goleiro Dida (então no Vitória) e o meia Adriano (São Paulo) eram os outros destaques daquela equipe.

Porém, em 2007, no Canadá, Gana respondeu ao eliminar a seleção brasileira nas oitavas de final da Copa do Mundo sub-17. O goleiro reserva Renan, os meias Giuliano e Alex Teixeira e o atacante Maicon faziam parte do elenco. Caso vença hoje, o Brasil chega a cinco títulos (83/85/93 e 2003) e se aproxima da Argentina, dona de seis troféus. Já os Estrelas Negras têm dois vices-campeonatos (93 e 2001).

  • O atleticano Renan (à direita) posa para foto com o atacante Ciro

É obsessivo. Basta Giuliano deitar para sonhar com o momento de erguer a taça Fifa da Copa do Mun­­do sub-20. As imagens têm sido ainda mais recorrentes depois do desembarque no Egito, no fim do mês passado, com o restante da se­­leção brasileira da categoria, para a disputa do Mundial. "Sonho sempre, várias vezes", confirma ele, por telefone, do Cairo.

Se é premonição ou não, o curitibano criado na Vila Lindoia e nas divisões de base do Paraná não sabe dizer. Mas o sonho enche o meio-campista do Internacional de esperança para a final de hoje, às 15 horas (de Brasília), contra Gana. "Acreditamos na gente, nos nossos desejos. Que seja feita a vontade de Deus", prega o evangélico fervoroso, com casamento marcado para o fim do ano.

O discurso religioso não é à toa. O camisa 10 e capitão do time sub-20 se inspira em outro craque da 10: Kaká. Dentro e fora de campo. "É o meu exemplo. Como jogador e pela vida que leva. Nunca sai na mídia coisas ruins sobre ele. E é um cara que crê muito em Deus, assim como eu", diz.

O posicionamento agradou em cheio o técnico Rogério Lourenço. Tanto que ainda no Rio de Janeiro, durante a fase de treinamento, avisou ao grupo que entregaria a braçadeira ao paranaense. "Sou um cara muito tranquilo. Tento ajudar os outros com as minhas experiências de vida", revela o armador de 19 anos, candidato ao prêmio Bola de Ouro, dado pela Fifa ao melhor jogador do torneio.

A experiência de Giuliano diz que se o Brasil repetir hoje, contra Gana, o futebol das outras seis partidas (cinco vitórias e um empate), dificilmente deixará o Estádio In­­ternacional do Cairo sem dar a volta olímpica. "Somos muito conscientes da responsabilidade – e do privilégio – que é disputar uma fi­­nal de Copa do Mundo com a ca­­misa da seleção brasileira. Estamos confiantes", diz ele, que, mesmo a distância, procura se manter ligado ao que acontece na antiga casa. "Torço para o Paraná voltar à Pri­meira Divisão. Deixei o clube de certa forma triste por não ter conseguido classificá-lo", afirma ele, uma das poucas boas notícias na Vila Capanema em 2008 – o Tri­color usa o dinheiro da negociação com o Inter, feita de forma parcelada, para ajudar a quitar a folha sa­­larial do atual elenco.

O estado tem outro representante na decisão do Mundial sub-20. O atleticano Renan ainda não sabe se será titular. Mas já faz planos de como parar o atacante Di­­minic Adiyah, artilheiro da Copa com oito gols. "Ele é um jogador de já mostrou ser perigoso. Te­­mos de ter muita atenção", explica o lon­­drinense, que completou 20 anos há uma semana. "Temos que manter o foco. Chegamos até a fi­­nal jogando um futebol alegre, mas com responsabilidade. Aqui to­­do mundo está aparecendo sem ninguém querer aparecer", emenda o Foguinho, mostrando o caminho para que o sonho do conterrâneo – e o seu próprio – vire realidade.

Ao vivo

Brasil x Gana, às 15 horas, na RPC TV, Bandeirantes e SporTV.

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Personagem 1

Giuliano, meio-campista da seleção brasileira sub-20.

Hoje (ontem), véspera da final contra Gana, qual o sentimento do grupo?

Estamos muito conscientes, confiantes. Chegamos à decisão por méritos. O grupo é forte e sabe o que quer. Acreditamos nos nossos sonhos.

Como é o Giuliano capitão? Como lidera o elenco?

Um cara muito tranquilo. Motivo os jogadores com as minhas experiências de vida, com palavras de força.

A sua mãe, em entrevista à Gazeta do Povo, falou da felicidade de ver o filho na final de uma Copa do Mundo. Como tem mantido contato com a família?

Pela internet. Sei que os meus amigos do Lindoia estão eufóricos, felizes, torcendo muito. A família nem se fala.

O Tite, seu ex-técnico no Internacional, vivia recla­­mando da falta que você fazia ao time. Camisa 10, capitão da seleção... A fase é mesmo muito boa, não?

É. Agora é o meu melhor momento. No Paraná (em 2008), mesmo o grupo não indo tão bem, foi bom para mim. Mas 2009 tem sido marcante. Consegui me firmar no Inter, campeão sul-americano com a seleção, na final do Mundial...

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Personagem 2

Renan, volante da seleção brasileira sub-20.

Já sabe se o técnico Rogério Lourenço vai te escalar como titular?

A expectativa é muito boa, acredito que vai ser um grande espetáculo, de duas equipes que jogam um futebol alegre. Mas ainda não sei se começo a partida como titular. Devo saber logo mais (ontem), na reunião técnica.

Qual o jogo mais difícil até o momento?

Todas as partidas foram difíceis. Mas, contra a Alemanha, em que empatamos no final e viramos na prorrogação, considero a mais complicada.

O que a conquista do título significaria para a sua carreira profissional?

Um título mundial é muito importante na vida de qualquer atleta. Se vier a acontecer, acredito que haverá uma grande valorização de todos do grupo.

Que papel você espera exercer na sua volta ao Atlético?

Espero poder ajudar o Atlético. Seria hipocrisia dizer que atuaria só de uma maneira. Farei o que for preciso para que o Atlético se saia bem. No momento, porém, estou pensando apenas na final do Mundial.

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