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Felipão e jogadores agradecem o apoio da torcida mineira | Albari Rosa, enviado especial/ Gazeta do Povo
Felipão e jogadores agradecem o apoio da torcida mineira| Foto: Albari Rosa, enviado especial/ Gazeta do Povo

Em meio a protestos violentos nas ruas de Belo Horizonte, o Mineirão foi na tarde de quarta-feira (26) uma redoma de ansiedade, emoção e euforia.

A capital mineira, que carrega o rótulo de mais combativa aos gastos públicos envolvendo a Copa do Mundo de 2014, abrigou a vitória que, por toda a tensão envolvida, mais aproximou o público da equipe nacional.

Dentro do blindado estádio (protegido até pela Força Nacional), 57.482 pessoas apoiaram uma instável seleção brasileira a derrotar o organizado Uruguai por 2 a 1, com gol decisivo aos 41/2.º.

O adversário na decisão da Copa das Confederações – domingo, às 19 horas – sairá do duelo europeu entre Espanha e Itália, hoje, às 16 horas, no Castelão, em Fortaleza.

Com o suado triunfo, o Brasil segue na luta pelo terceiro título seguido do torneio teste da Fifa. De quebra, garantiu ao menos uma passagem oficial pelo Maracanã. O emblemático estádio – também no Mundial 2014 – só recebe os donos da casa em finalíssima.

A dificuldade para superar a Celeste não ganha corpo com as estatísticas. Os uruguaios fizeram 24 faltas diante de 12 dos brasileiros; foram 19 finalizações da equipe amarela diante de apenas sete dos visitantes; a posse de bola também teve o domínio nacional: 64%. Mas foi dramático.

Apenas um gol de bola parada, na cabeçada do volante Paulinho quando o cronômetro já havia passado dos 40 minutos da segunda etapa, aliviou o clima de apreensão cada vez maior.

"A importância do gol foi a classificação", resumiu o he­­rói de um dia no qual Ney­­mar não conseguiu brilhar e ser decisivo como na primeira fase. "Ficamos devendo um pouco. Tem jogos em que a gente não vai jogar tão bem, mas a entrega da equipe foi grande. O importante foi o grupo não desistir", comemorou.

"Eu acho que nos últimos dez anos, depois da Copa do Mundo [de 2002], foi o momento mais emocionante", cravou Felipão, citando a conquista do pentacampeonato mundial.

Emoções que começaram muito cedo. Desta vez do lado defendido pelo Brasil, ao contrário das três primeiras partidas, nas quais a equipe entrou massacrando.

O Uruguai se posicionou para impedir esse ímpeto ofensivo – embalado pela contagiante capela da torcida ao cantar o Hino Nacional – e teve sucesso. Conseguiu ainda mais: um pênalti bobo cometido por David Luiz sobre Lugano. Mas o goleiro Júlio César, muito elogiado pelo técnico adversário Óscar Tabárez na véspera, parou Forlán na cobrança.

Eram 14 minutos do primeiro tempo, quando também chegavam ao estádio as primeiras notícias do confronto nas ruas de Belo Horizonte.

O apoio incondicional das arquibancadas de Fortaleza e Salvador aos poucos se transformava em nervosismo e cobranças. A torcida do Atlético-MG começou a pedir por Bernard, enquanto outros grupos gritavam por Lucas. Vaias foram ensaiadas.

Foi o mineiro Fred quem tentou colocar ordem ao marcar no fim do primeiro tempo. E mandar o recado: "Aqui em casa quem manda sou eu", após mandar sua 42.ª bola para a rede em 48 jogos no estádio.

Mas mandou pouco. Até Cavani empatar no início do segundo tempo – aproveitando mais uma falha feia da defesa, desta vez do outro zagueiro, Thiago Silva. Todo o nervosismo voltava, junto com a disposição uruguaia de segurar o resultado.

A torcida foi ganha novamente na manobra de Felipão de colocar Bernard no jogo. Percebendo também a dificuldade imposta pelo adversário, os mineiros vibraram até o gol salvador. "Nós sabemos que não jogamos bem, mas os torcedores foram muito importantes na vitória, foram eles que carregaram o time. Bom saber que Belo Horizonte também está do nosso lado", reconheceu Felipão, que ainda voltou com os jogadores ao campo para agradecer.

O público saiu em festa. Mas sem saber exatamente o que encontraria pela frente enquanto helicópteros circulavam pela região, barulhos de bombas eram ouvidos e lojas e carros eram incendiados por vândalos. Até o fechamento desta edição, um saldo de 25 feridos, dois em estado grave, e 27 detidos.

Alheios e em total segurança, os jogadores brasileiros já falavam sobre a final do Maracanã. "Vamos deixar que Espanha e Itália se enfrentem. Quem passar teremos de enfrentar com a mesma postura que tivemos até agora", afirmou o capitão Thiago Silva.

A nova família Scolari conquistou os brasileiros – pelo menos dentro das arenas.

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