Hamilton sobrevive ao caos e vence

• 0

Montreal – "Hoje estou em outro planeta." A frase de Lewis Hamilton para explicar como se sentia após vencer o GP do Canadá não poderia descrever com mais exatidão o que o piloto da McLaren fez em Montréal.

Melhor estreante da história da F-1, o inglês de 22 anos coroou ontem sua assombrosa trajetória com uma vitória que teve contornos épicos. Ganhou pela primeira vez na categoria, subiu no pódio pela sexta vez em seis corridas e assumiu a liderança isolada do Mundial.

Na prova mais movimentada e difícil do ano, em que só 12 carros chegaram ao fim – menor índice na temporada – e em que o safety car foi à pista cinco vezes, Hamilton pilotou como se fosse um veterano. Dentre os candidatos ao título, foi o único que não cometeu erros.

"Para falar a verdade, foi uma corrida simples, a não ser nas relargadas", disse o piloto, que vibrou e berrou como criança no cockpit de seu McLaren ao cruzar a linha de chegada.

O primeiro a errar foi Kimi Raikkonen. Saindo em quarto, perdeu duas posições logo na largada, uma delas para Felipe Massa, que pulou de quinto para quarto. Na frente, Hamilton aproveitou-se da pole e manteve a dianteira.

Aí veio o segundo a errar. O bicampeão Fernando Alonso não fez uma curva, cruzou a pista e por pouco não se chocou com o companheiro de equipe.

Hamilton, na ponta, ia aumentando cada vez mais sua folga para Nick Heidfeld. Logo depois de sua parada, veio o primeiro safety car. Alonso aproveitou para entrar nos boxes, mas, pelo regulamento deste ano, ele ainda não poderia, já que o pit estava fechado. Resultado: o espanhol foi punido com um stop and go de dez segundos, o que acabou com suas chances de ir ao pódio.

Depois, veio o erro de Massa. Após seu pit, o brasileiro deixou os boxes quando o farol estava vermelho. Levou bandeira preta e foi desclassificado.

A corrida continuou movimentada, cheia de ultrapassagens, como a de Takuma Sato sobre Raikkonen. O finlandês, que sofreu durante todo o GP, ainda duelou com Alonso pela sexta posição, mas acabou perdendo-a na saída dos boxes – Raikkonen a recuperou logo depois, em mais um dos quatro erros do espanhol, algo pouco comum em sua carreira.

Lá na frente, "em outro planeta", Hamilton manteve-se longe de confusões e levou seu carro são e salvo até a bandeirada final, seguido por Heidfeld, da BMW, e Alexander Wurz, da Williams, que acabaram com hegemonia de McLaren e Ferrari no pódio nesta temporada.

O jovem inglês só se emocionou ao falar sobre o pai, Anthony, na entrevista coletiva. "Eu dedico essa vitória a ele, sem meu pai eu não teria conseguido", falou o piloto, às lágrimas, antes de revelar seu próximo sonho. "Seis corridas, seis pódios... tenho que ser realista, esta é minha primeira temporada, sei que terei momentos difíceis, mas até agora tudo está perfeito. Quero ser campeão."