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A prática de adorar ídolos remonta às civilizações egípcias e gregas no ocidente, mas os orientais também cultuavam os seus deuses. Na Roma Antiga praticavam-se augúrios, com os vaticínios no monte sagrado chamado Vaticano, através das vísceras de animais e outras ciências ocultas. Quando os cristãos tiveram a sua religião reconhecida pelos césares, mantiveram a tradição e implantaram o principal templo na elevação do Vaticano, onde bem mais tarde foi edificada a atual basílica de São Pedro.

No campo esportivo a idolatria começou nos jogos gregos através da coroa de louros colocada sobre a cabeça dos campeões que se tornavam heróis, ídolos e até mesmo deuses, dependendo da importância da conquista.

Na Roma Antiga os gladiadores possuíam estatura de divindades, mas para isso travavam combates sanguinários e nem sempre a luta terminava com a morte do perdedor, pois, antes do golpe fatal, o vencedor deixava que o público e as autoridades presentes na arena julgassem o empenho demonstrado pelo gladiador derrotado. Caso considerassem que havia demonstrado garra, era poupado para futuros embates. Caso contrário, os polegares para baixo indicavam que o vencedor devia matar o outro, considerado indigno de ter a chance de participar de outras lutas.

Estes jogos de gladiadores possuíam um caráter até mesmo religioso, dividindo as emoções dos torcedores. Havia, ainda, torcidas organizadas com bandinha e tudo, para incentivar, torcer e idolatrar os preferidos que pisavam a areia para o que, hoje, surge estranho e repugnante como uma diversão verdadeiramente sanguinária. Mas esse tipo de desprezo pela vida humana explica-se, em grande parte, pela existência da escravidão e, portanto, pelo pouco valor atribuído à vida dos miseráveis escravos.

A roda gigante da humanidade girou muito para que chegássemos a outras formas de idolatria, entre as quais esta de milhares de pessoas correrem aos aeroportos e praças esportivas para celebrar a contratação ou o retorno de um ídolo. Foi assim com Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho, Luís Fabiano e outros.

O caso de Alex merece análise mais elaborada, puxando pela sociologia e pela psicologia, afinal ele não foi campeão jogando no time principal do Coritiba e tampouco deixou marcas indeléveis de atuações inesquecíveis. Foi um ótimo jogador, nada mais do que isso. Porém, como ele próprio reconheceu – demonstrando lucidez e bom senso – não entendia a razão de tamanha paixão do torcedor coxa por ele. Trata-se, a meu juízo, de uma projeção apaixonada dos fãs pela vitoriosa trajetória de Alex.

Foi a maneira encontrada pela torcida para aplacar a sua carência de ídolos e de jogadores que, efetivamente, enriqueçam o imaginário popular deste pobre futebol paranaense. A mensagem é clara: queremos craques para adorar e idolatrar.

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