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Outro lado

CBF e STJD questionam ações de torcedores

Antes de ser informada da decisão judicial favorável à Portuguesa, a CBF divulgou em seu site 12 processos sobre o mesmo caso, movidos por torcedores, em que foi réu e as causas acabaram extintas.

No comunicado, a entidade questiona o argumento de que o caso fere o artigo 35 do Estatuto do Torcedor, que determina a divulgação das decisões do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) antes de entrarem em vigor. Citando ainda a Lei Pelé, a entidade não vê incompatibilidade nem hierarquia com o artigo 133 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD).

Carlos Eugênio Lopes, diretor jurídico da CBF, comentou as ações dos torcedores. "Vai complicar um pouco para o STJD, que agora terá a primeira instância com a Comissão Disciplinar, a segunda instância com o Pleno, a terceira instância com o Senise [em referência ao promotor Roberto Senise, que abriu inquérito sobre o caso em São Paulo]. Aí depois vem o Judiciário, o Superior Tribunal de Justiça, o Supremo, a Corte de Haia…", ironizou.

Por meio de nota oficial, o STJD classificou as ações dos torcedores como um "desserviço ao futebol brasileiro que pode gerar insegurança e instabilidade para a organização de competições, causando sérios prejuízos aos clubes e, sobretudo, aos milhões de torcedores, sem contar os efeitos negativos para a credibilidade do Brasil".

Agência Estado

A 42.ª Vara Cível de São Pau­­lo determinou ontem que a CBF devolva os quatro pontos retirados da Portuguesa e do Flamengo no Brasileirão de 2013, devido à escalação irregular do meia Héverton e do lateral André Santos, respectivamente. A decisão judicial modifica as sentenças do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) de dezembro passado – ainda cabe recurso, que deve ser apresentado em dez dias. Com isso, a Lusa volta à Série A e o Fluminense está rebaixado.

O Rubro-Negro carioca foi o primeiro a ser beneficiado. Na manhã de ontem, o juiz Marcello do Amaral Pe­­­­rino concedeu liminar ao advogado Luiz Paulo Pieruccetti. No início da tarde, Daniel Neves, mestre e doutor em processo civil pela USP, deu entrada com um pedido especial solicitando que o juiz do processo do clube carioca fosse o mesmo para o caso da Lusa.

"Fui despachar alegando a conexão entre as ações. O fundamento é o mesmo: o Estatuto do Torcedor. Mas é uma liminar que cabe recurso. De toda forma, a Portuguesa vai dormir na Série A", explicou Daniel Neves.

Segundo a assessoria do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), o juiz Marcello do Amaral Perino entendeu que, nos dois casos, a decisão do STJD desrespeitou o artigo 35, "caput", e parágrafo 2.º do Estatuto do Torcedor, que trata da publicidade da suspensão dos atletas. Tanto para Portuguesa quanto para o Flamengo, a publicação da suspensão dos jogadores foi feita depois dos jogos válidos pela última rodada do campeonato.

"Nós sabíamos que a Por­­tuguesa não seria prejudicada se o julgamento fosse feito de maneira técnica. Era uma questão de tempo para que o Estatuto do Torcedor fosse respeitado no nosso caso", disse Orlando Cordeiro de Barros, vice-presidente do departamento jurídico da Lusa.

O descumprimento do Es­­tatuto do Torcedor também é a base jurídica de um inquérito civil aberto pelo Ministério Público de São Paulo na quarta-feira. A Promotoria do Di­­reito do Consumidor entendeu que houve irregularidade na punição da perda de quatro pontos imposta à Portuguesa.

Agora, a CBF e o STJD têm dez dias para apresentar esclarecimentos ao promotor do caso. E representantes da Portuguesa já foram convocados para uma audiência no dia 22 de janeiro. Se os quatro pontos não forem devolvidos, o MP deve entrar com Ação Civil Pública contra a entidade e o tribunal.

Como as liminares concedidas à Portuguesa e ao Fla­­mengo permitem recurso, a batalha judicial pode criar uma situação complexa. Há, inclusive, a possibilidade de a CBF realizar o Brasileirão de 2014 com 24 clubes. No entanto, o diretor jurídico da entidade, Carlos Eugênio Lopes, descarta essa opção. "Isso não vai acontecer. De jeito nenhum."

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