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O coronel Jorge Costa Filho concede entrevista sobre os incidentes de domingo. Polícia defende a extinção das torcidas organizadas | Marcelo Elias/Gazeta do Povo
O coronel Jorge Costa Filho concede entrevista sobre os incidentes de domingo. Polícia defende a extinção das torcidas organizadas| Foto: Marcelo Elias/Gazeta do Povo

A barbárie no Estádio Couto Perei­ra, no domingo, após o re­­baixa­­mento do Coritiba, pode resultar no fim das torcidas organizadas, em prol do combate à violência em dias de jogos de futebol no Paraná.

Até então, a exigência mais ri­­gorosa feita às organizadas foi a do envio da lista de seus sócios à Po­­lícia Militar, determinação criada após o Atletiba de 25 de outubro, que resultou na morte de um atleticano. Esta foi uma das poucas ações propostas nas reuniões após o clássico que saíram do papel.

"Fica uma sensação de frustração muito grande (ver novos atos de vandalismo depois do Atletiba)", lamentou o comandante do policiamento da capital, o coronel Jor­­ge Costa Filho. "É necessário ado­­tar uma segunda linha, que inclua banir as organizadas. A PM fará o que for preciso para acabar com elas, com o apoio do Ministério Pú­­blico (MP)", afirmou, após a coletiva à imprensa na manhã de ontem.

Mas o procurador-geral do Mi­­­nis­­tério Público do Estado, Olympio Sotto Maior, em outra coletiva, na tarde de ontem, não endossou a posição da PM. "Não seria o caso de acabar com as organizadas. Não são todos os torcedores envolvidos na violência", disse. Ele propôs a criação de um novo Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), comprometendo as organizadas a manterem os dados de seus sócios atualizados e disponíveis a órgãos públicos. Outro TAC, de setembro de 2008, tem cláusulas ainda não cumpridas, como a criação de juizados especiais dentro dos estádios.

O MP prometeu ainda designar quatro procuradores para acompanhar os inquéritos relacionados aos crimes cometidos no domingo e também investigar as condições de segurança do Couto Pereira que permitiram a invasão. O fechamento provisório do estádio foi sugerido, mas medidas legais podem ser tomadas caso o clube não acate a recomendação.

O fim das organizadas tem o apoio da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp). Para o se­­cretário Luiz Fer­­nando Delazari, as organizadas são responsáveis pe­­las cenas de vio­­lência no futebol. "Não adianta ficar achando culpados por um dos eventos mais graves da história do futebol paranaense. Temos de acabar com as organizadas", disse. "Não são torcedores, mas sim bandidos", concluiu.

O governador Roberto Requião também reforçou o pedido por punições. "A intenção é colocá-los na cadeia. Não são torcedores, são vândalos. Haviam se programado para cometer esta barbaridade", afirmou, durante reunião da Ope­­ração Mãos Limpas.

Ontem, o presidente da Império Alviverde, Luís Fernando Correia, o Papagaio, e o ex-diretor de bateria da torcida, Miguel Ribas, prestaram depoimentos à Polícia Civil. "Re­­latamos o que aconteceu após o jogo. Entreguei a lista de só­­cios cadastrados (cerca de 200 no­­mes) que já havia entregue à PM. Aju­­damos a identificar umas dez pessoas. A Polícia Civil vai interrogar também os representantes da torcida nos bairros", contou Papa­­gaio.

O delegado titular do Centro de Operações Policiais Especiais (Co­­pe), Miguel Stadler, afirmou que ações de tumulto no Estádio Couto Pereira vinham sendo planejadas por torcedores desde o retorno de Be­­lo Horizonte, onde o Alviverde so­­freu a goleada por 4 a 1, em 29/11.

"Se tinham essa informação, tinham por onde começar a investigar", rebateu Papagaio, que la­­menta o possível fim das organizadas. "É um ato demagógico. Cerca de 200 pessoas invadiram o campo, muito menos do que estava no estádio (32,6 mil pessoas)".

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